A banalidade do essencial

A crise provocada pela pandemia de covid-19 criou uma moda que resulta das pressões de setores fortes da economia da capital que tiveram que fechar as portas: a definição de essencialidade mediante lei aprovada.

Primeiro vamos apresentar a definição de essencial segundo o dicionário do Google:

Adjetivo de dois gêneros

  1. que é inerente a algo ou alguém.

“a magnanimidade é sua qualidade e.”

  1. que constitui o mais básico ou o mais importante em algo; fundamental.

“as questões e. de uma situação”

Não é uma lei que define um serviço essencial para efeitos de um decreto de restrição social no contexto de uma pandemia. Em São Paulo tem lei estadual tornando igrejas atividades essenciais, mas isso não foi suficiente para o Supremo Tribunal Federal (STF) impedir que os templos religiosos abrissem, fazendo valer o decreto estadual.

A decretação por lei de que algo é essencial não tem qualquer efeito prático e serve para na prática para fazer populismo barato e iludir o lobby empresarial e religioso.

Recentemente a Assembleia Legislativa aprovou leis que tornam educação e academias de ginásticas atividades essenciais. Lógico que conhecimento e cuidar da saúde são atividades essenciais. Seria muito mais útil tomar medidas para garantir o ensino remoto para todos enquanto a normalidade não retorna.

Buscar conforto espiritual para os crédulos é importante como para os papudinhos ir ao bar tomar cerveja e jogar conversa fora colabora para a preservação da saúde mental.

Num contexto de pandemia essencial é sobreviver. Na prática é alimentação, medicamentos e informação são fundamentais nesse momento. A ida a igreja pode ser compensada pelo culto/missa na TV, as aulas presenciais podem ser substituídas pelo sistema remoto (é necessário garantir as condições para os mais pobres), a academia pode ser substituída pelo exercício em casa e tomar a gelada do fim de semana pode ser no conforto do lar.

A economia é importante, mas com gente viva.

Essencial é estar vivo, ter nossos queridos vivos e ter saúde.

Vai chegar um momento que vai ser necessária uma lei tornando essencial a preservação de vidas.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto