Boas ideias, péssimas ações

Vamos ser justos. O prefeito Francisco José Junior (PSD) tem boas iniciativas e tentou resolver o que antecessores se omitiram. O problema é que ele faz a coisa certa do jeito errado, assim penso.

Vejamos. Ele tentou resolver o problema do transporte. Palmas até o segundo parágrafo dessa história. Para viabilizar o transporte coletivo em Mossoró é preciso atacar os táxis lotação e abolir os mototaxis. É um vespeiro que poderia ser resolvido com muita articulação. Faltou tomar uma iniciativa de baixo para cima. Fez exatamente o inverso.

Aí veio o problema dos camelôs. O prefeito chamou para si a solução provocada via ação do Ministério Público. O prefeito primeiro tentou empurrar os trabalhadores para um prédio privado. Depois tentou várias soluções que desagradaram os camelôs. Até o reino mineral sabe que a solução é construir um novo mercado público.

Outra grande sacada do prefeito. Fazer uma licitação com a intenção de contratar uma empresa que não fosse a mesma de sempre para realizar o Mossoró Cidade Junina. Mas aí a execução foi um desastre. A gestão dele organizou um certame “nas coxas”, contratando uma empresa de pouca confiabilidade e sem experiência em grandes eventos. Deu no que deu. Foi uma vergonha atrás da outra durante o evento.

Há um verdadeiro rombo nas contas do evento e um balaio de desavenças entre a empresa e a Prefeitura de Mossoró. O assunto vai terminar nas mãos do Ministério Público. Ficou ruim para o prefeito que não conseguiu se aproveitar nem do fato de o Cidade Junina ter sido o mais tranquilo dos últimos anos. Talvez essa tenha sido a única vez que o MCJ piora a imagem de quem senta na poltrona mais confortável do Palácio da Resistência.

Mais uma vez recorro ao reino mineral que também sabia que o prefeito deveria ter realizado a licitação do MCJ 2015 com pelo menos seis meses de antecedência.

Diz o manual político, leia-se “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel que o mau deve ser feito de uma vez só. O “mau” nesse caso se chama corte de gastos. O prefeito editou um pacote de medidas no começo do ano. Cancelou todas as obras previstas para esse ano. Pelo visto a medida foi insuficiente. Resta ter que realizar novas medidas. O anúncio seria sexta que passou, mas foi adiado para depois de amanhã.

Outro erro foi cair no lugar comum de que está com a maior rejeição da história por culpa da mídia e da família Rosado. Esse discurso de vitimização não cola mais. É coisa do século passado. O povo está impaciente e cobra ações e transparência.

Se o prefeito é mal avaliado é culpa dele. Pode ter influência da conjuntura econômica, mas ele quem fez as escolhas que não deram certo. Até entendo que a crise influencia, mas há também um sério problema de gestão na era Francisco José Junior.

Do ponto de vista político ele tem um cenário favorável. É aliado do governador, da presidente, garantiu grandes votações para um deputado estadual e federal apoiados por ele na cidade no ano passado. Sem contar que é parceiro político de uma senadora com prestígio no Palácio do Planalto. Até aqui ele não conseguiu um real em Brasília. Faltam projetos? Boa pergunta.

O prefeito tem meios para sair dessa situação e terminar o mandato dele com dignidade. Ser reeleito são outros quinhentos. Mas minimizar o estrago ainda é possível embora os exemplos de Rosalba Ciarlini e Micarla de Souza mostrem que desgaste a essa altura de campeonato é difícil de reverter.

Basta mudar o foco. Chamar para perto de si a sociedade e tomar decisões ouvindo a população. É o que resta ao prefeito cuja palavra não inspira mais confiança. Até isso é um problema.

O tempo é curto, mas ainda dá tempo para fazer a coisa certa do jeito certo.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto