CAPACITISMO: Onde fica a dignidade?

Por Thiago Fernando de Queiroz*

Acaba sendo revoltante às pessoas com deficiência serem vistas como pessoas frágeis ou com incapacidade, ainda mais, serem julgadas como impossibilitadas de atuarem em sociedade de forma a ocupar espaços importantes e de desempenhar ações que causem transformações sociais. Na verdade, o que ainda é visto, é o capacitismo sendo apregoado nas ações inclusivas, os próprios propagadores da inclusão excluem a capacidade dos sujeitos que historicamente buscam espaços.

Para abordar sobre os aspectos capacitista, é importante ressaltar os argumentos do artigo científico de Queiroz e Nascimento (2018, pág. 3) onde vem dizer que:

O termo “capacitismo” advém de uma palavra onde busca-se elucidar nos aspectos de incapacidade da ´pessoa com deficiência. Lima Costa e Cabral (2018, p. 2) complementa dizendo que o “capacitismo é a crença de que pessoas com deficiência são menos capazes que pessoas sem deficiência,

No estudo do capacitismo, compreende-se que este termo está ligado ao preconceito e a discriminação que a sociedade tem a pessoa com deficiência. Porém, pode-se dividir o capacitismo em três espécies: capacitismo familiar, capacitismo social e (auto) capacitismo.

O capacitismo familiar ocorre quando os pais ao terem ciência de que suas crianças nasceram ou adquiriram alguma deficiência, superprotegem seus filhos imaginando que não poderão ser “normais”, além de se sentirem culpados da deficiência do filho, e, por isso, os prendem em suas casas para que as demais pessoas nãos as vejam, pois, em diversos casos, acabam tendo vergonha.

O capacitismo familiar propicia o capacitismo social, pois, como diz o livro “Família o Berço da Sociedade ” de Oliverio Borges de Lima Neto, todo os costumes começam no seio familiar. Se a família tem o preconceito com sua criança com deficiência, esse preconceito se repercutirá na sociedade.

Já o (auto) capacitismo advém das aspirações sociais, desta forma, para prévia explicação, resumir-se-á a uma lenda em que se diz: “Uma mentira contada várias vezes, acaba se tornando uma verdade”. Assim, de tanto a pessoa com deficiência ouvir que ela não pode algo por sua deficiência, ou, por uma conjectura de superproteção, a pessoa com deficiência acaba por interiorizar esses aspectos capacitista.

Porém, a forma encontrada para tentar amenizar, ou, até mesmo extinguir os aspectos capacitista, é necessário que dois princípios sejam ensinados a sociedade, esses princípios seriam a empatia e a alteridade. Empatia é se colocar no lugar do outro, se imaginar como sendo a outra pessoa para depois tomar certas atitudes; já, a alteridade é a compreensão que somos o que somos por causa do outro, sem as pessoas não existiríamos, não vestiríamos roupas, não teríamos energia e nada do que vermos. Portanto, sempre precisamos do próximo.

Vale ressaltar que todos nós, sendo pessoas com deficiência ou não, temos incapacidades em diversos aspectos, nem todos dominam a arte da mecânica, nem todos conhecem a arte da agricultura, nem todo tem ciência de seus direitos, para tanto, mediante a nossa incapacidade em determinada área, precisamos da ajuda do outro, e, isso não diminui o aspecto moral da pessoa, ao contrário, isso fomenta a economia.

Que possamos aprender a compreender que dependemos de todos os seres humanos, até mesmo daqueles que jamais veremos, e, que talvez através de alguma arte que domina, mudou ou transformou a história de sua vida. Nestes termos, convido a todos a tornar nossa sociedade um pouquinho melhor, pois, somos o que somos por causa do outro, por isso, juntos somos mais fortes e vamos lutar por uma sociedade mais digna!

*20É pesquisador na Área de Inclusão e Direitos das Pessoas com Deficiência.

Referências:

QUEIROZ, T. F. de, e NASCIMENTO, D. M. do. CAPACITISMO: Uma Realidade Vivenciada Pelas Pessoas com Deficiência. 2018. Disponível em: <https://www.xfiped.com.br/media/trabalhos/77._CAPACITISMO_-_UMA_REALIDADE_VIVENCIADA_PELAS_PESSOAS_COM_DEFICI%C3%8ANCIA.pdf> Acesso em: 09 de outubro de 2019.

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Canal Bruno Barreto