Fátima tem obrigação de vender otimismo

Por José de Paiva Rebouças

Não é fácil a situação fiscal do Estado, isso todo mundo sabe. A declaração da governadora eleita Fátima Bezerra (PT) ao jornal Tribuna do Norte de que a situação “é pior do que imaginava”, no entanto, não ajuda muito ao clima de desesperança e medo que instalado. A petista tem obrigação de implantar o otimismo e dar resposta ao seu povo que desde a pré-campanha vem dizendo que confia nela para esta missão.

Lula ganhou a primeira campanha neste mesmo cenário, mas algumas questões foram fundamentais para ampliar a esperança em seu entorno. Uma delas foi a publicidade: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. A palavra tem poder e é preponderante que o novo governo não se ancore nas velhas práticas, na história de que é preciso arrumar a casa, de herança maldita. Todo mundo já sabe disso, é natural que isso aconteça, mas o povo quer coragem, altruísmo, sangue no olho para solucionar o que parece sem solução.

Na mesma matéria à Tribuna, Fátima diz que todas as medidas para corrigir o desequilíbrio fiscal serão tomadas. Esperamos veementemente isso, mas não apenas isso. Membros da comissão de transição do novo governo já ventilaram que medidas duras precisam ser tomadas e queremos que sejam mesmo, mas nos lugares certos. Quem sabe enxugar as regalias do próprio governo, os duodécimos dos poderes que nadam em dinheiro e priorizar o que deve ser prioridade ao invés de tentar estabelecer um governo disso ou daquilo. Basta fazer o feijão com arroz por enquanto.

O futuro senador Jean-Paul Prates, membro da equipe de transição, é alguém em quem acreditamos como importante apoio. No governo Wilma de Faria, como secretário de Energias, colocou o Estado no mapa das energias renováveis e no topo da energia eólica. Bastante afinado – e espero que continue com muito poder de opinião, muito além das panelinhas do PT – pode atrair grandes investimentos e solidificar novos arranjos produtivos. Podemos ver o copo meio vazio ou meio cheio: o Estado não avança porque tem poucos investimentos privados ou crescerá muito exatamente porque tem muito a oferecer?

Fátima tem a Paraíba, o Piauí, a Bahia, o Ceará e o Maranhão de exemplos e parceiros. Pode ir lá buscar as pessoas para fazer isso aqui acontecer, caso sua equipe não dê conta do recado, sobretudo se tiver de enfrentar guerra de egos dentro deste partido envelhecido e meio enferrujado que é o PT potiguar. Mas, antes de tudo, Fátima precisa oferecer confiança e construir um discurso de otimismo no povo a partir da imprensa, das redes sociais, de suas visitas, mas sobremaneira – e exatamente, como ela gosta de dizer – a partir de suas decisões e discurso.

Eu sei que ela poderia responder dizendo que não vai vender falsas promessas. Entendo e não queremos isso, mas se ela não tiver condições de assegurar uma guinada e entrar para a história como o melhor governo da história do RN – a exemplo dos colegas que governam os estados citado – talvez nem devesse ter se candidatado.

*É Jornalista

 

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto