Mossoró para as pessoas: mobilidade para viver a cidade

 

(Foto: arquivo)

Por Isolda Dantas*

Nos últimos meses, nós do PT, Pros, PV e Avante, realizamos os seminários intitulados “Mossoró que o Povo Quer”, no intuito de levantar sugestões, ampliar o panorama sobre nuances urbanísticas da cidade e discutir problemáticas que nos afligem. Em cada um destes encontros, o objetivo também se baseava na construção de propostas de uma Mossoró para as pessoas. Sim, é necessário que a cidade acolha todos os mossoroenses, um senso de pertencimento necessário para todos nós que vivemos aqui.

Antes do distanciamento social, devido à pandemia, já levantávamos questões neste sentido, a exemplo do seminário sobre educação. E em seguida, abordamos temáticas que passavam do planejamento da gestão pública, da economia e geração de empregos, saúde, mobilidade pública, segurança, recorrendo aos instrumentos digitais que se tornaram imprescindíveis para nos aproximarmos das pessoas. Inclusive, os vídeos estão disponíveis no canal do PT Mossoró do Youtube para quem desejar assistir.

Sem a linearidade de uma ordem cronológica, porém na esteira das demandas da população que sente a necessidade de discutir os problemas de Mossoró e nos apresenta inúmeras ideias, passamos a escrever uma série de artigos que intitulamos “Mossoró para as Pessoas”. Em cada texto, vamos trazer olhares, desafios e alternativas elencadas ao longo dos debates e a partir das recomendações de especialistas e da população em geral que participaram das discussões. Portanto, te convidamos agora a pensarmos juntos em uma mobilidade para viver a cidade.

Na semana passada, relatos que nos chegaram davam conta que desde a paralisação das aulas por força da pandemia, os ônibus deixaram de circular em determinados bairros da cidade. Mas, o direito ir e vir é fundamental, concorda? Um problema como este afeta toda a população que depende do transporte coletivo e se o problema já existia nas condições que todos nós já conhecemos, imagine quando a oferta cai neste período atípico de vivemos?

Assim, pensar na mobilidade é oferecer este elemento básico no conjunto das necessidades das pessoas. Por isso, em um fluxo que garanta a qualidade de vida, a mobilidade pública é fundamental. O que seria, então, essa danada da mobilidade? Nada mais do que um conjunto de ações que permite o deslocamento das pessoas com o objetivo de desenvolver relações sociais, como visitar um parente, ou econômicas, como ir pro trabalho.

Você já deve ter ouvido falar em mobilidade urbana. É um assunto recorrente entre as gestões modernas das grandes e médias cidades. Nesta discussão, não poderíamos ficar de fora, porque temos a consciência de que afeta todos os mossoroenses. Desta forma, para começar, defendemos aqui a troca do termo “urbana” por “pública”. Não se trata de preciosismo. Isso faz uma grande diferença.

Veja só: entendemos que a zona rural também precisa ter uma boa mobilidade. Não só porque há intenso tráfego diário de trabalhadores e estudantes da zona rural para urbana e vice-versa, principalmente em uma cidade como Mossoró que é um pólo regional, universitário e que possui um extenso território rural. A nossa defesa contempla este universo importantíssimo do nosso município, na medida em que a mobilidade pública precisa ser plena, onde o campo e cidade devem estar bem integrados.

Pois bem. Para que serve uma cidade de pontes e túneis que não organizam o trânsito e nem a vida? Em uma boa conversa com Renato Boareto, coordenador do IEMA, especialista no tema de mobilidade, meio ambiente e energia, ele nos diz que é preciso tirar o foco da passagem de veículos para pensar na cidade de forma mais ampla, uma cidade para as pessoas. Quem tem o compromisso de chegar nos lugares são as pessoas, não são os veículos. Ou seja, mais do que obras de engenharia de tráfego, é preciso garantir transporte público, bom funcionamento do trânsito e o urbanismo acessível considerando as necessidades das pessoas em seu dia a dia. Coisa que não acontece na nossa Mossoró.

A cada dia nos deparamos com dados alarmantes de mortes por acidentes de trânsito, principalmente de motociclistas, a falta de um transporte público que atenda a necessidade da população. Andar a pé é um direito! Além de saudável, tem um valor simbólico relevante, pois a cidade passa a ser ocupada pelas pessoas, que começam a viver, conhecer melhor o ambiente em que vivem. Coisas simples também, como promover o uso da bicicleta. Esses dias, infelizmente, um ciclista foi atropelado e veio à óbito na BR 304. Diante disso, levantamos a reflexão: Qual área da cidade permite segurança para quem é pedestre ou ciclista? E como anda a iluminação, os calçamentos? O Plano diretor de Mossoró está para lá de defasado. A última atualização foi feita em 2016. Pior: não há um plano de mobilidade em Mossoró, muito menos com o objetivo de ser inclusiva.

De imediato, é preciso discutir maneiras de estimular empresas de ônibus para que funcionem bem. E isso passa por um pacto pela mobilidade que organize e equilibre todos os meios multimodais da cidade. E estamos dispostos e atentos a pensar uma Mossoró para as pessoas, que elas possam exercer o direito e o entusiasmo de apoderar-se da cidade.

A construção coletiva de um plano de mobilidade pode ser um processo pedagógico parte de como a cidade é vivida com as imposições e limites de mobilidade, até de como pode ser vivida de forma que o povo, sobretudo, que não possui veículos, possa escolher para onde ir, como vai ou se prefere ficar. Isto é poder viver a cidade. Para nós, uma mobilidade que permita viver a cidade é cuidar das pessoas, é fazer uma Mossoró de toda gente.

*É Deputada Estadual PT Pré-candidata a prefeita de Mossoró.

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