O Brasil das mil potencialidades

Por Elviro Rebouças*

Quando descobriu o Brasil, em 22 de abril de 1500, a frota de Pedro Álvares Cabral tinha a bordo um escritor, Pero Vaz de Caminha, que após à primeira missa, celebrada em 01 de maio daquele ano, escreveu a Dom Manuel I, o Venturoso, Rei de Portugal a primeira carta em nosso território, na qual dizia “A terra descoberta é boa, e em se plantando, tudo dá”. Assertivo, ele tinha razão, o País descoberto há 520 anos tem, com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão, o quinto maior do mundo, possui as potencialidades esperadas, principalmente no Setor Primário que corresponde ao campo das atividades econômicas referente à produção de matérias-primas, que também são chamadas de “produtos primários” por serem, em geral, recursos cultivados ou extraídos da natureza e que, posteriormente, são consumidos ou transformados em mercadorias. As atividades pertencentes ao Setor Primário são a agricultura, a pecuária e o extrativismo vegetal, animal e mineral.

Com um Produto Interno Bruto de R$. 7,4 trilhões em 2019, dados do IBGE, o nosso País, apesar da incúria e falta do espírito público dos que nos governam e nos representam nos últimos anos, exceções são feitas, pulsa com fortaleza no contexto das nações mundiais. Apesar dos impactos decorrentes da tragédia de Brumadinho (MG) ocorrida em 25 de janeiro de 2019, o faturamento do setor de mineração no Brasil cresceu 39,2% no ano passado. O salto foi de R$ 110,2 bilhões em 2018 para R$ 153,4 bilhões. Os dados constam em balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). A produção de minério de ferro nossa em 2019 somou 341,97 milhões de toneladas, com reservas encrustadas em nosso território estimadas em 29 bilhões de toneladas, estamos em segundo lugar, só superados pela China. O café, uma especiaria toda nossa, que somos o maior produtor do planeta, em 2019, temos dados da OIC e EMBRAPA, atingimos 63,70 bilhões de sacas de 60 kilos, representando 36,02% de toda geração mundial que foi de 176,8 bilhões. O nosso rebanho bovino deve atingir, em 2020, segundo previsões do USDA, 244,14 milhões de cabeças, o que representa uma expectativa de crescimento acumulado de 11,4% frente a 2015 (213,03 milhões de animais), só superados pela Índia.

O volume da produção de grãos no País este ano está estimado em 260,9 milhões de toneladas, 3,7% ou 8,8 milhões de toneladas superior ao colhido em 2018/19. Algodão: as condições climáticas, exceto em áreas pontuais, vêm favorecendo o desenvolvimento da cultura, que, aliadas ao ganho de área, resulta numa produção de 2,98 milhões de toneladas de pluma, 3,6% superior à safra passada. Arroz: com a colheita próxima da finalização, a produção está estimada em 11,9 milhões de toneladas, 4,2% superior ao volume produzido na safra passada. Dessas, 11 milhões de toneladas em áreas de cultivo irrigado e 0,9 milhão de toneladas em áreas de plantio de sequeiro. Com relação ao feijão, no prato do brasileiro a cada dia, os maiores produtores mundiais, em ordem, são Myanmar, Índia, Brasil, que em 2019 tivemos 3,022 milhões de toneladas.

Segundo o Usda, o Brasil passa a ser o maior produtor de soja do mundo, com 33% de toda produção mundial, logo em seguida vêm os Estados Unidos com 32,85% e, posteriormente, a Argentina com 15,80%. Juntos, estes três países são responsáveis por 81,65% da produção mundial. A produção de soja em grão do Brasil em 2019 foi estimada em 135 milhões de toneladas no ano comercial 2019/2020, ante 116 milhões no ano anterior. As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A produção brasileira de milho deverá totalizar 102,96 milhões de toneladas, em 2020, o que representa um aumento de 4,8% em relação à safra passada. Com relação ao galináceo somos o terceiro maior produtor mundial, com 14,50 milhões de toneladas, em 2019, só perdemos para os EUA, e quase empatados com a China, totalizando 1,8 bilhão de cabeças. A produção de ovos de galinha foi de 3,93 bilhões de dúzias em 2019, representando aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. A série anual do IBGE mostra que houve crescimento ininterrupto dessa atividade, um recorde da série histórica, iniciada em 1987. Dentro do agronegócio, uma área na qual o Brasil se destaca é a produção de frutas, chamada de fruticultura. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o país é o terceiro maior produtor de frutas mundialmente – a China é a maior produtora, enquanto o segundo lugar é ocupado pela Índia. A produção brasileira de petróleo e gás natural em 2019 foi de 3,559 milhões de barris equivalentes por dia, totalizando 1,299 bilhão de barris de óleo equivalente, com aumento de 8,1% em relação a 2018, informação oficial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para condimentar o gostinho de tão vasta constelação de riquezas, Caminha já preconizava isto àquela época, precisamos dizer que o nosso (pobre) Rio Grande do Norte produz, anualmente, cerca de 6,5 milhões de toneladas de sal marinho, da melhor qualidade, com preço aviltado pelo excesso da oferta, uma atividade que, praticada comprovadamente há mais 150 anos, sofre cruentas dificuldades de continuidade. Riquezas temos, necessitamos da união de Governos e Povo para, como em 1970, cantarmos novamente “Prá frente Brasil”.

*É economista e empresário.

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