O exemplo de Fátima que serve para Isolda

Isolda tem um exemplo em Fátima a seguir (Foto: Redes Sociais/Isolda Dantas)

O ano é 2004. Pela terceira vez Fátima Bezerra (PT) é derrotada tentando chegar a Prefeitura de Natal. Foi a mais acachapante derrota em suas quatro tentativas de sentar na cadeira mais confortável do Palácio Felipe Camarão.

Ela ficou em quarto lugar com 27.331 (7,41%) votos.

O golpe foi duro, mas o contexto daquela eleição é plenamente compreensível. Ela não conseguiu romper a polarização entre o então prefeito Carlos Eduardo Alves (PSB) e o deputado estadual Luiz Almir (PSDB), que vivia o auge de sua carreira política.

Ainda, para piorar, teve o fator Miguel Mossoró (PTC) que bagunçou o coreto prometendo fazer uma ponte ligando Natal a Fernando de Noronha, fato que fez dele um meme antes dos memes e rendeu muitos “votos de protesto”.

Dois anos depois, ela se reelegeu deputada federal sem maiores dificuldades com 116.243 (07,16%) votos sendo a segunda mais votada em Natal com 44.757 (12,21%) votos. Ela ficou atrás de Rogério Marinho (PSDB), mais votado na capital naquele ano, por 971 votos. Ainda assim dois anos depois ela tirou mais votos como deputada do que como candidata a prefeita.

Depois disso, Fátima ainda sofreu nova derrota para a Prefeitura de Natal em 2008, mas em 2010 obteve a maior votação para deputado federal já registrada no Rio Grande do Norte (220.355 – 13,33%- votos) sendo a mais votada em Natal com 85.558 (23,33%) votos, foi eleita senadora e é a única governadora do Estado a receber mais de um milhão de votos.

A título de curiosidade: Luiz Almir, que polarizou com Carlos Eduardo há 16 anos, não conseguiu se reeleger vereador em Natal.

Esses números de Fátima podem servir de motivação para a deputada estadual Isolda Dantas (PT) que viveu nas eleições deste ano algo bem parecido com a Fátima de 2004. Ela iniciou a campanha com alta rejeição, prejudicada pela má avaliação da governadora em Mossoró e precisando enfrentar o desafio de superar os estereótipos que o conservadorismo insiste em impor as feministas.

Para piorar, parte considerável do eleitorado progressista, que cresceu em Mossoró, abraçou o voto útil em Allyson Bezerra (SD) com o objetivo principal de tirar Rosalba Ciarlini (PP) do poder.

Resultado: ela recebeu 8.051 (5,86%) votos, menos que os 11.031 votos recebidos em Mossoró quando se elegeu deputada estadual há dois anos.

O recorde de votos de candidatos de esquerda permanece com Gutemberg Dias (PC do B) que recebeu 11.152 (8,45%) sufrágios em 2016. Curiosamente, ele, que saiu fortalecido por esta votação, terminou tendo um mau desempenho ao se candidatar de última hora a deputado estadual em 2018 ficando 2.205 (1,87%) votos.

Os números das eleições de 2020 são duros com Isolda, mas ela reduziu sua rejeição em 50% se comparando as primeiras com as últimas pesquisas, fruto de um conhecimento melhor de sua postura política, principalmente nos debates. Se não serviu para conquistar mais votos ao menos uma semente positiva está plantada para um possível crescimento eleitoral mais para a frente.

Agora é entender o que houve este ano, separar cada aspecto da eleição e tocar para frente.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto