O pior ano do pior governo

robinson faria

O governador que um dia prometeu ser o da segurança terminou 2017 enrolado com a bandidagem desesperado por socorro de tropas federais. O governador que prometeu ser o melhor da história do Rio Grande do Norte encerrou o ano como o mais impopular de todos os tempos.

Como pode tudo dar errado quando se propunha a fazer o melhor? A resposta se explica através de um misto de ausência de nexo com a realidade, soberba e infantilidade.

O governador iniciou o ano encarando a maior crise do sistema carcerário de todos os tempos. O principal presídio do Estado, Alcaçuz, foi alvo de uma primitiva batalha com paus e pedras travada entre facções criminosas. Tudo transmitido ao vivo com a presença da Polícia Militar como mera expectadora. Até hoje não se sabe quantos corpos se perderam naquela tragédia que durou 15 dias.

O mesmo governador paciente com os bandidos foi o que mandou a mesma polícia bater nos servidores públicos que ocupavam a Secretaria Estadual de Planejamento no episódio que ficou conhecido como “Batalha da Seplan”.

Ficou a imagem de um governador que negocia com bandidos e bate em servidores que lutam por salários em dia.

Tal inversão de valores não poderia dar em outra: com 2.405 homicídios, 2017 foi o ano mais violento da história do Rio Grande do Norte. Só em Mossoró foram 249 mortes violentas.

O governador encerrou o ano tentando gambiarras contábeis para pôr a folha de pagamento em dia. Nada deu certo e ainda encarou o constrangimento de levar “carões” em decisões de magistrados. Ele encerrou o ano sem quitar as folhas de novembro, dezembro e 13º salários.

O pior: em raríssimas ocasiões sentou para conversar com as categorias em greve. Na última delas chegou a demonstrar desespero com a situação.

O ano se encerrou com o Rio Grande do Norte preenchendo requisitos para uma intervenção federal.

Robinson não conseguiu repactuar os repasses aos poderes nem aprovar as reformas pretendidas na Assembleia Legislativa e, de quebra, quando tentou usou o vice-governador Fábio Dantas (PC do B) como bucha de canhão.

O chefe do executivo parece não chefiar nada. Quem está a frente das negociações é a “chefe de fato”, a secretária CHEFE de gabinete Tatiana Mendes Cunha.

Até nisso, o governo Robinson lembra a propaganda negativa do marketing eleitoral do hoje presidiário Henrique Alves que declarava que ele (o atual governador) seria mais quatro anos de Rosalba (Ciarlini, atual prefeita de Mossoró) ou coisa pior.

O último trecho do slogan se tornou uma profecia cumprida. Com 85% de desaprovação, Robinson alcançou a marca de pior governador da história do Rio Grande do Norte.

Não é por acaso.

Eleito praticamente só, derrotando a maior aliança política da história, Robinson não soube transformar isso em uma oportunidade para libertar o Estado do modelo administrativo que se perpetua desde o ciclo biônico (1970/82) quando os governadores eram escolhidos via conchavos com os ditadores de plantão. Esse modelo ultrapassado se manteve após o regime autoritário e está esgotado. Fruto desse paradigma, Robinson não tinha know how para fazer algo diferente.

Além disso, o governador teve sua imagem de homem público manchada por escândalos. É investigado por suspeita de receber propinas da JBS. É denunciado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) graças a Operação Anteros por suspeita de desvios de recursos quando presidente da Assembleia Legislativa. Por pouco não foi afastado do cargo.

A mistura entre vida pessoal e coisa pública também abalou a gestão com a saída da primeira-dama Juliane Faria, única auxiliar que vinha dando algum resultado no governo.

Poderia ficar horas escrevendo sobre a tragédia chamada 2017 para Robinson Faria. Tem muito mais assunto, claro.

Afinal de contas foi o pior ano do pior governador.

 

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto