Os maus por si se destroem

O ano é 1991. Eu tinha nove anos, mas não lembro o dia nem o mês exato. Mas se eu tinha nove anos com certeza foi entre 1º de janeiro e 10 de dezembro daquele ano. Mas isso pouco importa porque o mais valioso nessa história é a lição.

Cheguei em casa revoltado. Tinha perdido uma briga na rua e estava revoltado por isso. Na hora que jurava vingança em conversa com meu irmão, minha saudosa avó Dona Darquinha entra no quarto e travamos um diálogo.

-O que foi, menino?!

– Foi uma briga, vó. Apanhei, mas vai ter troco.

-Não. Você não vai se vingar. A vingança é uma coisa que não nos faz bem. Deixe para lá que a vida se resolve. Sabe por quê?

-Não, vó.

-Porque os maus por si se destroem. Se ele for uma pessoa má a vida lhe encarrega de dar as lições e quando você ficar sabendo não fique feliz porque não podemos ficar felizes com a desgraça alheia. Tenha dó.

A briga foi por causa de uma partida de futebol, coisa de menino. O algoz de outrora depois se tornou meu amigo e como ele nunca foi má pessoa nada de ruim lhe aconteceu. Mas a lição dada pela minha saudosa avó ficou.

O rancor não nos enobrece. A vingança também. O tempo se encarrega de curar as mágoas. Foi assim que procedi com as pessoas más que tentaram de alguma forma me prejudicar. Nunca precisei “dar o troco”. A vida cuidou disso.

Os maus por si se destroem.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto