Quem é mesmo o mentiroso, governador?

Diz o dicionário que mentir “dizer, afirmar ser verdadeiro (aquilo que se sabe falso)”. Do ponto de vista filosófico o ato de mentir é um recurso para obter uma vantagem. Na política é um instrumento para obtenção de poder.

Para chamar alguém de mentiroso é preciso ter sobre a pessoa um conjunto de informações que coloque a mentira como um ato recorrente naquela personalidade.

Pois bem… o governador Robinson Faria (PSD) enviou para este humilde operário da informação do interior do Estado uma carta em que fui acusado de ser “mentiroso”. Quem me conhece e me acompanha sabe que essa palavra não existe no meu vocabulário profissional. No caso do badalado casamento da filha do governador, aquela que estava no rol de servidores da Assembleia Legislativa sob suspeitas fantasmagóricas, eu não menti. Tomei como base o que os colegas de Natal escreveram.

No artigo que escrevi (é no mínimo preciso saber diferenciar um artigo de uma matéria para questionar o profissionalismo de um jornalista) eu critiquei a ostentação do casório badalado da filha de um governador. Até entendo que o senhor é rico e tem o direito de dar um festão. O problema é que a vida pública existe renúncias e no seu caso, o povo está revoltado com a sua insensibilidade em um contexto em que milhares de pais de família não sabe se terão dinheiro para garantir um natal digno para seus filhos justamente porque o seu governo não consegue fazer o básico: pagar os servidores em dia. Foi esse o foco do texto.

Pouco importa se Paula Fernandes cantou uma, duas ou dez músicas. Ela veio. A vinda dela provocou desconfianças. Pelo seu conjunto da obra tinha que desconfiar mesmo. O bom jornalista é o que sempre desconfia dos políticos e faz perguntas que o povo gostaria de fazer. É isso que sempre fiz provocando irritação no senhor em diversas ocasiões. Talvez seja por isso que o senhor tantas vezes evitou ser entrevistado por esse humilde operário da informação do interior do Rio Grande do Norte.

Mas voltando ao foco da questão. Quem é o mentiroso mesmo, governador?

O senhor gaba-se de ter aberto mão da residência oficial. Diga-se de passagem, um gesto que eu aplaudi. O senhor diz na carta que usa seu carro particular. Então por que cargas d’água o senhor colocou no Diário Oficial do Estado uma contratação para blindar o carro oficial que usa? Ou o senhor estaria blindando seu carro particular com dinheiro público? Se for isso, não seria improbidade administrativa?

Se o senhor abre mão de privilégios por que então fica uma viatura parada 24 horas em frente ao condomínio onde fica sua casa de praia em Pirangi? Sei que o senhor tem direito a ter a proteção da Polícia Militar, mas quem abre mão de privilégios e é rico pode muito bem contratar seguranças particulares liberando os policiais para proteger o povo.

O senhor prometeu em praça pública que seria o “governador da segurança”. Até aqui a violência só aumentou na sua gestão. Sua viagem à Colômbia não passou de uma mera ação de marketing.

Natal só aparece no noticiário com notícias de bandidos incendiando ônibus. Por sinal, cinco deles foram alvos de assaltos nesse final de semana na capital, três só na Bernardo Vieira.

Aqui em Mossoró, terra que o senhor se diz grato e que há dois anos promete retribuir a votação que teve, cidade já pulverizou o recorde de homicídios. Já são mais de 210 mortes violentas fazendo da cidade uma das mais violentas do país. Até o mundo mineral sabe que isso se passa por conta da guerra do tráfico de drogas. Mas seu governo nada fez. O senhor há dois anos promete uma tal de “Ronda Cidadã” que nunca sai do papel.

O senhor prometeu ser um governador parceiro do servidor público. Mas até aqui o que tivemos foram greves e mais greves. Os salários estão atrasados e não há a menor ideia de como será pago o 13º salário. O senhor chegou ao disparate de sugerir que os sofridos barnabés contraiam empréstimos tendo o governo como avalista. O Banco do Brasil rejeitou a ideia. Por que será? Não seria uma desconfiança da capacidade de seu governo cumprir compromissos?

Governador, o senhor deu a palavra que o 13º seria pago.  Tem até o dia 20 de dezembro para cumprir. Se não cumprir, o servidor deve chamar o senhor de que mesmo?

O senhor prometeu que o Hospital da Mulher não fecharia, mas aconteceu exatamente o contrário. A desculpa da ação judicial é um mero recurso retórico que não resiste a uma conversa com um servidor do equipamento de saúde fechado. Afinal de contas, o senhor deixou aquela unidade hospitalar morrer por inanição.

O senhor prometeu ser um governador presente em Mossoró e há nove meses não cumpre uma agenda aqui por causa da sua briga com o prefeito Francisco José Junior (PSD). O senhor colocou a segunda maior cidade do Estado abaixo das questões políticas.

Passaria horas elencando suas promessas não cumpridas. Mas em respeito ao meu leitor vou parar por aqui porque espero com esse texto dar a polêmica por encerrada por ter outras notícias para dar ao meu público.

Ficou bem claro quem é o mentiroso nessa história.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto