Rosalba Ciarlini: política analógica na era da política digital

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Por João Bosco Souto Araújo
“Multum valet communio sanguinis. – Tem muita força o parentesco” Cícero
A nomeação da parentela – Sr. Lairinho, e das Sras. Lorena Ciarlini e Anne Katherine esposa do deputado Beto Rosado – confirma o apotegma de Cícero, mas S.Exa. Sra. Rosalba Ciarlini parece não estar antenada o zeitgeist -Espírito de determinada época; tudo aquilo que caracteriza um período específico – qual seja a sociedade clama por uma gestão pública meritocrática – gestão digital – a prefeita nos proporciona uma gestão caracterizada pelo nepotismo – gestão analógica.
“O nepotismo, embora não inventado por ele, vinculou-se, com o acento no escândalo , ao papa Alexandre VI(1431-1501), que nomeou toda a família com inúmeros e gordos cargos, só sujeitos ao seu arbítrio, ao seu dispor[…] Mas não ficou nessa prática comum e modesta. Nos negócios religiosos foi mais longe. Cuidou de perpetuar a família no trono da igreja. Ungiu o seu filho putativo César Bórgia … com um arcebispado, aos 16 anos, concedendo ainda o chapéu cardinalício ao seu sobrinho Giovanni. O nepotismo, como afronta e humilhação aos não-sobrinhos, começou aí: não o fato, mas a repercussão do fato. Os parentes do papa não estavam condenados a roer o osso da miséria ou a obscuridade do anonimato.”Raymundo Faoro, em “Variações sobreo nepotismo”, Carta Capital 14/02/2001.
Infere-se pelo artigo de Faoro que o nepotismo não é uma pratica nova, mas diante de tantos casos de nomeação de pessoas sem capacidade administrativa, do descalabro e desperdício de recursos do erário a sociedade repudia pratica tão nefasta à administração pública que acarreta danos ao cidadão que merece receber um serviço público de qualidade.
Em suas administrações S.Exa. sempre encontra espaço para a parentela, mas Faoro no artigo sobredito nos trás um exemplo edificante de como deve ser relação entre quem ocupa um cargo e seus familiares, ei-lo: “Quando João XXIII (1881-1963) subiu ao trono, esclareceu aos jornalistas que o assediavam para saber o que esperavam seus irmãos, lavradores na pobre Sotto el Monte, que seu grande título era serem irmãos do papa.”
Seria exigir muito que a prefeita – analógica – tivesse uma conduta – digital – semelhante a do Papa? Não caros leitores, mas para isso se faz necessário que a parcela da sociedade que não comunga esse tipo de gestão – baseada no filhotismo, primismo, genrismo – manifeste-se. Alguns fâmulo – criados; servidores – de S.Exa. podem aludir ao curriculum da parentela para justificar a nomeação dos mesmos. Mossoró é um centro universitário com diversos mestres e doutores e a prefeita não encontrou nenhum disposto a auxiliá-la?
A indicação do ex-vereador Lairinho faz parte de um acerto político – segundo os dois grupos político o tal acerto é “pelo bem de Mossoró?” – com o grupo político de sua genitora. Já a nomeação para área social da Sra. Lorena Ciarlini, segundo a crônica política local, visa catapultá-la para uma vaga em 2018 à assembleia legislativa onde o grupo da prefeita não tem nenhum representante.
Populista, adepta do nepotismo, do compadrio, do favorecimento seria esperar muito que S.Exa formasse uma equipe técnica à altura dos desafios que Mossoró enfrenta. Se sempre agiu assim e obteve êxito nas eleições que disputou, por que a Sra. Rosalba Ciairlini iria mudar? Maquiavel registrou em O Príncipe: “Não pode se desviar daquilo a que a natureza o inclina, seja ainda porque, tendo alguém prosperado seguindo sempre por um caminho, não se consegue persuadi-lo de abandoná-lo.”

João Bosco Souto Araújo é Representante de Vendas

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto