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Beto abre divergência com Rosalba e descarta apoiar Fátima

O deputado federal Beto Rosado (PP) anunciou por meio da Assessoria de Comunicação que não vai seguir a ex-governadora e tia Rosalba Ciarlini (PP) no apoio a governadora Fátima Bezerra (PT).

Beto está alinhado ao bolsonarismo embora se recuse a dar suporte a candidatura de Fábio Dantas (SD), que na semana passada recebeu apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O deputado, que é presidente do PP no Rio Grande do Norte, diz respeitar a decisão de Rosalba, mas ressaltou que durante a convenção já havia comunicado aos filiados do partido que eles poderiam escolher seus nomes para o governo.

O PP está oficialmente coligado com o Solidariedade de Fábio Dantas e do prefeito Allyson Bezerra (SD), um adversário do rosalbismo.

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Ezequiel cumpre agenda com aliados de Fátima

Apesar de indicar cargos no Governo do Rio Grande do Norte e por isso ser oficialmente governista, o presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) ainda não decidiu se fica ao lado de Fátima Bezerra (PT) nas eleições deste ano.

Ontem ele participou da abertura da 10ª Caprifeira de Coronel Ezequiel, na região do Trairi. Foi recebido pelo prefeito Cláudio Marques, o “Boba” (MDB), e caminhou ao lado de aliados da petista como o deputado estadual Hermano Morais (PV) e o deputado federal Walter Alves (MDB), confirmado como vice na chapa governista.

Em março Ezequiel e Walter chegaram a assinar uma nota conjunta em que afirmavam que estariam juntos nas eleições de 2 de outubro. Com o emedebista acertado com Fátima resta Ezequiel se decidir.

Uma coisa é certa: os dois não estarão juntos na eleição para o Senado. Walter vai apoiar o primo Carlos Eduardo Alves (PDT). Ezequiel pode até ficar com Fátima, mas não abrirá mão de apoiar o ex-ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL).

O evento

A 10ª Caprifeira de Coronel Ezequiel tem a participação de 600 animais, entre ovinos e caprinos e conta com o apoio do presidente da Assembleia Legislativa.

“Nosso mandato faz questão de ser parceiro da gestão do prefeito Boba. O empenho que sempre ele fez nos últimos anos, de realizar uma grande exposição e Feira de Produtos da Agricultura Familiar e economia solidária, artesanato e comidas típicas valorizando a produção local dos que fazem o suado cultivo do chão. Coronel Ezequiel tem cultura, incrementa a economia com empregos e movimenta a renda”, afirmou Ezequiel Ferreira.

O evento faz parte do Circuito Estadual de Exposições Agropecuárias realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN (Sape/RN), cujo titular é Guilherme Saldanha, apadrinhado do presidente da Assembleia.

O evento vai até domingo com a expectativa dos organizadores de cerca de 30 expositores e 5 mil pessoas nos três dias de evento.

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Allyson e Fábio Faria em clima de aproximação política

O prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (SD) tem tudo para ter uma aproximação política com o ministro das comunicações Fábio Faria.

Na pior das hipóteses a relação dele com Fábio é bem melhor do que com a do outro ministro potiguar, no caso Rogério Marinho, do desenvolvimento regional.

Nada em política é por acaso, repito.

Quando Rogério visita Mossoró, Allyson faz cobranças públicas sobre envio de recursos. Com Fábio não.

Nada em política é por acaso, repito de novo.

Fábio veio ontem e Allyson foi recebê-lo no Aeroporto Dix-sept Rosado. Rogério não tem esse prestígio com o prefeito.

Fábio e Rogério disputam a condição de candidato ao Senado no mesmo campo político, o bolsonarismo.

Ao chegar a Mossoró ontem, segundo relato do jornalista Saulo Vale, Fábio chamou Allyson para uma conversa reservada.

Ao tomar posse como prefeito foi o ministro das comunicações que abriu as portas de Brasília para Allyson.

Nada em política é por acaso, aviso novamente.

O vice de Allyson, Fernandinho, é do PSD onde Fábio está de saída, mas o pai dele, Robinson Faria vai ficar e ser candidato a deputado federal caso recupere a elegibilidade.

Robinson, por sinal, foi um entusiasta da candidatura de Allyson em 2020.

Nada em política é por acaso. Allyson se relaciona bem com Fábio. Uma aproximação política é natural nestas circunstâncias.

Na disputa com Rogério, Fábio tem pequena vantagem eleitoral e uma desvantagem enorme em termos de apoio político.

Seria alentador ter o apoio do prefeito de Mossoró.

Nada em política é por acaso.

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Sandrismo insiste em indicar vice

Sandra busca espaço para Larissa na chapa majoritária (Foto: arquivo)

Em 2016 quando tinha mais força política o grupo da vereadora Sandra Rosado (PSDB) quis indicar a ex-deputada estadual Larissa Rosado (PSDB) como vice na chapa encabeçada por Rosalba Ciarlini (PP).

Contentou-se com a articulação que garantiu o retorno de Larissa à Assembleia Legislativa. O rosalbismo preferiu um nome nulo na chapa.

Agora sem a perspectiva de retomar o mandato de Larissa, novamente derrotada em 2018, Sandra faz de tudo para por a filha como companheira de chapa de Rosalba.

O líder do rosalbismo Carlos Augusto Rosado tem outros planos. O nome preferido é o do empresário Jorge do Rosário (PL) ou alguém da cozinha do grupo.

Sandra tem tentando pegar carona na força política do presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) para ver se coisa anda. O que se sabe é que o líder tucano gostaria mesmo era de ver o partido dele tendo uma candidatura própria em Mossoró, mas o sandrismo não tem forças para encara esse desafio.

Até aqui tudo na mesma.

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Líderes do Solidariedade negam aliança com bolsonarismo

Nem foi dito que tinha aliança fechada entre o Solidariedade e os bolsonaristas que ficaram no PSL em Mossoró, mas tanto o ex-vereador Soldado Jadson quanto o deputado estadual Allyson Bezerra, respectivamente vice-presidente e presidente do partido em Mossoró optaram por negar que tenha aliança fechada com o partido comandado nacionalmente por Luciano Bivar.

Em nota publicada nas redes sociais Jadson disse que não existe aliança fechada. “Reafirmamos, que até agora não temos nenhum fechamento de nomes e partidos e que não estamos sujeitos a nenhuma interferência externa ou impositiva do comando estadual do Solidariedade. Toda e qualquer decisão relativa às eleições deste ano será do Diretório Municipal, de modo soberano”, esclareceu.

O deputado em conversa com o jornalista Magnos Alves no Portal do Oeste disse que aliança fechada entre Solidariedade e PSL não se estende a Mossoró. “Continuamos discutindo com os partidos que estávamos para formar a chapa”, declarou.

Saiba mais em:

Solidariedade está “afinando os bigodes” com o bolsonarismo em Natal e Mossoró

Diretório estadual do PSL tem novo presidente

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Reportagem

Pelo menos quatro vereadores governistas não seguem apoio a Larissa

A deputada estadual Larissa Rosado (PSDB) ainda não conseguiu receber a bancada governista na Câmara Municipal completa no acordo com a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) que levou sua mãe, vereadora Sandra Rosado (PSDB), a desistir de ser candidata a deputado federal.

Há muitas resistências entre os governistas que desejam ter uma conversa com a deputada antes de firmar parceria. Nos bastidores o assunto é interpretado como uma tentativa de “se valorizar”.

Mas pelo menos quatro vereadores da base de Rosalba não fecham com Larissa.

Confira a situação de cada um:

  • Izabel Montenegro (MDB): já foi parceira política de Larissa no passado, mas hoje está convertida em desafeto de Sandra Rosado. O deputado estadual dela é Hermano Morais (MDB);
  • Ricardo de Dodoca (PROS): sempre foi um nome distante do sandrismo e hoje é alinhado a Izabel Montenegro. Está aberto para conversas, mas caminha para fechar com Hermano Morais;
  • Aline Couto (PHS): no passado foi apoiadora entusiasmada de Larissa e Sandra. Mas deve fechar com George Soares (PR);
  • Flávio Tácito (PPL): é candidato a deputado estadual. Vota nele mesmo, obviamente.

Ainda tem o caso do vereador Manoel Bezerra (PRTB) que nunca teve qualquer relação com o sandrismo e é pressionado para declarar apoio a Larissa Rosado. Bezerra chegou a declarar voto em Jorge do Rosário (PR) para deputado estadual (ainda voltaremos ao tema).

Devem seguir com Larissa os vereadores Alex Moacir (MDB), Francisco Carlos (PP), Didi de Arnor (PRB), Toni Cabelos (PSD), Emílio Ferreira (PSD), Maria das Malhas (PSD), Zé Peixeiro e, logicamente, Sandra Rosado.

Nem todos estão garantidos. Será preciso muita conversa para que essa parte da bancada venha para Larissa.

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A diferença de eficiência de Robinson na política e na gestão

Robinson conquistou o cobiçado apoio do PSDB
Robinson conquistou o cobiçado apoio do PSDB

A má administração de Robinson Faria (PSD) se materializa nos 75% de desaprovação apontada nas pesquisas. É um dado que mostra o tamanho da inviabilidade eleitoral do chefe do executivo estadual.

Não é para menos. A violência descontrolada, problemas na saúde e salários atrasados são as marcas da gestão do governador.

Só Robinson Faria e seus amigos acreditam que ele faz uma boa gestão.

Mas a caneta sem tinta para solucionar os problemas do Rio Grande do Norte não é a mesma para o político Robinson Faria. Na política ele é outro homem e estar no governo ajuda demais nisso.

Robinson poderia hoje ser um governador afastado. Sem dificuldades barrou o pedido que poderia lhe tirar das eleições deste ano. Deu um baile na Assembleia Legislativa.

A pré-campanha de Robinson tem sido muito melhor que a de seus adversários. Ele tem passado como um trator por cima de todos.

O PSDB era o partido mais disputado. Fechou com Robinson. Carlos Eduardo Alves (PDT) unifica as lideranças evangélicas em torno dele? Robinson desarticula o acordo e fecha com o deputado estadual Albert Dickson (PROS),

O gabinete do governador também se transformou num centro de peregrinação de prefeitos do interior. O trabalho é intenso para encurtar as distâncias entre ele e o eleitorado.

O governador ainda trabalha pesado para ter o apoio do PR de João Maia e do PP da prefeita Rosalba Ciarlini. O primeiro tem grandes chances de chegar ao esquema governista. A segunda tem a palavra dada ao ex-prefeito de Natal, mas tudo pode mudar nos próximos dias em virtude da necessidade de garantir a reeleição do sobrinho Beto Rosado.

O governador vai tendo as principais conquistas políticas neste período e chega as convenções numa situação bem menos ruim do que a sua antecessora, Rosalba Ciarlini, outra campeã de impopularidade, há quatro anos.

Já pensou se a caneta eficiente na política fosse a mesma na gestão?

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Fátima Bezerra se consolida na liderança em pesquisa Seta, mas indica estagnação nas intenções de voto

Fátima admite candidatura ao Governo (Foto: Tribuna do Norte)
Fátima vai ter que superar estagnação das intenções de voto

A pesquisa Seta divulgada ontem pelo Jornal Agora RN tem um dado que passou despercebido: Fátima Bezerra (PT) não cresceu no comparativo com a última sondagem do Instituto Seta divulgada em março. Está estagnada nos 29,3%.

Os principais adversários Carlos Eduardo Alves (PDT) e Robinson Faria (PSD) cresceram. Se a eleição fosse hoje conforme o Instituto Seta teríamos segundo turno por pequena margem de votos representados em 0,9%. A soma de todos os adversários dá 30,2% contra de 29,2% Fátima Bezerra. Se levarmos em consideração que Kelps Lima (SD) e Eliezer Girão (PSL) não são candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte a soma de todos os adversários da petista cai para 25,9%, o que daria a ela a vitória no primeiro turno levando em consideração que os votos nulos e brancos não são válidos.

Em 20 de março, em outro cenário, a soma de todos os candidatos, incluindo os que na época não tinham desistido, era de 24.05% contra 29,56% da senadora. Os crescimentos de Robinson e Carlos Eduardo diminuíram a possibilidade de segundo turno em 2018 conforme o instituto. Ainda não é possível afirmar que existe uma tendência de crescimento dos dois porque é necessária uma nova pesquisa repetindo o avanço.

Esses números indicam, em um primeiro momento, que Fátima está estabilizada na liderança, mas ao mesmo tempo não consegue crescer nas intenções de voto. São dois meses na casa dos 29% enquanto os dois principais adversários cresceram de forma tímida. Digamos que a petista esteja “estagnada na liderança” até segunda ordem.

O desafio para provocar um segundo turno será conquistar os 31,3% de eleitores que dizem não votar em nenhum dos candidatos e convencer os 9,2% de indecisos. Se eles anularem o voto Fátima pode até vencer no primeiro turno.

A formação das alianças será fundamental, principalmente nas cidades menores onde os líderes políticos locais exercem mais influência sobre o eleitorado.

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Estupidez da militância petista pode esvaziar palanque de Fátima

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Fátima e Rafael Motta discutem aliança. Militância atrapalha

O debate militante não pode invadir a política. Não se trata aqui de defesa de alianças espúrias e contraditórias, mas da necessidade de flexibilizar o discurso para vencer pleitos. Isolada, a esquerda não ganha uma eleição majoritária no Rio Grande do Norte.

Engana-se quem acha que Fátima Bezerra (PT) se tornou senadora sozinha. O apoio de Robinson Faria (PSD) foi fundamental para ela trucidar Wilma de Faria nas urnas. O mesmo vale no sentido inverso: o governador teve apoio importante da esquerda para se eleger. Um ajudou o outro.

Fátima Bezerra lidera todas as pesquisas para o Governo, mas nem de longe é uma favorita com folga. A dianteira precisará da atração de apoiadores para se consolidar. Sábado no aniversário da petista, o deputado federal Rafael Motta (PSB) foi um dos convidados. Terminou vaiado e deixando o recinto mais cedo sendo xingado de golpista.

Além da deselegância de tratar mal um convidado, a militância petista fechou uma porta para o entendimento político e escancarou outra para o ressentimento. Fosse uma reação dessas contra um José Agripino ou Rogério Marinho seria compreensível, mas Motta é uma figura moderada que se converteu em crítico do Governo Temer, inclusive perdendo cargos na administração federal.

O próprio Lula já avisou que perdoa alguns golpistas por entender que não se faz política para vencer sem alianças. Pragmatismo não é tudo, mas ponderar é fundamental.

O PSB tem um bom tempo de TV e agrega para as disputas proporcionais sendo capaz até mesmo de resolver o impasse com o PHS nessa seara.

A militância petista está mais preocupada em não parecer incoerente nos debates com os “coxinhas” no Facebook do que vencer as eleições. Enquanto isso, em nível nacional a legenda vai se entendendo com Renan Calheiros e cia.

Esse não é único caso da estupidez militante invadindo a política e atrapalhando o PT no Rio Grande do Norte.

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Entrevista

“Nós vamos enfrentar este desafio com humildade”, diz Fátima ao admitir candidatura ao governo

Fátima admite candidatura ao Governo (Foto: Tribuna do Norte)
Fátima admite candidatura ao Governo (Foto: Tribuna do Norte)

Dando sequência à série de entrevistas com os pré-candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte hoje trazemos uma conversa com a senadora Fátima Bezerra (PT). Líder nas pesquisas ela pela primeira vez admite de forma clara que aceita a candidatura. Não era para menos: ela foi lançada pelo ex-presidente Lula, seu líder político. Fátima também responde aos questionamentos a respeito das acusações de que ela deixa o Estado em segundo plano se preocupando mais com temas nacionais.

Blog do Barreto: O ex-presidente Lula lançou seu nome para o Governo do Estado. A senhora vai mesmo colocar o nome na disputa?

Fátima Bezerra: O PT decidiu que terá candidatura própria e me convoca para esta luta. Nós vamos enfrentar este desafio com humildade, gratos e motivados pela confiança do povo do Rio Grande do Norte, mas também com muita responsabilidade. O Brasil e o nosso estado atravessam momentos difíceis e é preciso muito espírito público e seriedade neste processo porque vamos lidar com a vida das pessoas, com as angústias, a esperança de que as coisas melhorem. Num momento de descrença com a política é motivador receber o carinho das pessoas, as palavras de incentivo, a preferência dos potiguares em cada pesquisa divulgada. Recebemos tudo isso acima de tudo com os pés no chão. Sabemos do tamanho do desafio que temos pela frente. As palavras do presidente Lula endereçadas a nós, naquele momento de uma injustiça profunda, nos incentiva ainda mais e nos encoraja a defender o legado que ele plantou: de justiça social, de um país mais igual, para todos e para todas.

Blog do Barreto: Como a senhora analisa tudo isso que vem acontecendo com o ex-presidente?

Fátima Bezerra: Um absurdo. Uma injustiça sem tamanho, sem precedentes. Como é que se prende um ex-presidente, o melhor da história do país, sem provas, puramente por convicção? Não se trata aqui de defender por defender ou de achar que o presidente Lula está acima da lei. É exatamente o contrário: a lei deve ser igual para todos. A Justiça, tão criticada pela morosidade, resolveu ser célere para condenar, prender – sem considerar a presunção de inocência até o trânsito em julgado em última instância, conforme prevê a Constituição – após negar vários recursos da defesa. A campanha de solidariedade ao presidente Lula se intensifica tanto pelo Brasil como pelo mundo afora e esperamos que essa mobilização social crescente chegue ao STF e que essa injustiça seja reparada. Lula é um preso político. 33 anos após o fim da ditadura vivemos esta triste realidade. Lula está preso porque os que golpearam de morte nossa democracia querem impedi-lo de disputar e vencer as eleições. Não podemos aceitar esse absurdo. Nossa luta não cessará enquanto a Justiça não for feita e ele libertado.

Fátima Bezerra e Lula

Blog do Barreto: Alguns analistas políticos entendem que a senhora tem uma candidatura ao Governo muito dependente de uma “dobradinha” com o ex-presidente Lula, mas ele hoje está preso e praticamente fora da disputa presidencial. Como a senhora atuaria numa campanha sem Lula?

Fátima Bezerra: Primeiro que Lula é o nosso candidato e, segundo, que em qualquer circunstância nós teremos candidatura própria ao Governo do Estado do RN. Depois, como eu já mencionei, este homem tão admirado pelo que fez ao Brasil, é vítima de uma espécie de impeachment preventivo. O grande acordo nacional não está simplesmente encarcerando Lula, mas está indo de encontro à vontade popular. Essa é a razão central de tudo isso. Em contrapartida, o sentimento de indignação da maioria do povo brasileiro contra essa arbitrariedade tem sido muito forte e isso vai refletir nas urnas, em solidariedade e em apoio eleitoral aos candidatos do PT e dos aliados que defendem o imenso legado dos governos do presidente Lula. Em qualquer cenário, o presidente Lula estará no centro do processo eleitoral deste ano, na medida em que é impossível a construção de uma alternativa à crise brasileira sem ter o seu legado como referência.

Blog do Barreto: A senhora tem sido criticada por se preocupar demais com temas nacionais e esquecer as questões locais. Como a senhora avalia esse tipo de opinião?

Fátima Bezerra: Outro dia um grupo de jovens me parou em um evento e alguns deles me falaram: “senadora, a senhora nos representa porque a senhora é por nós”. Eu poderia responder sua pergunta com essa frase cheia de ternura daqueles meninos e meninas. Mas é evidente que, como sempre, continuo minha luta incansável em defesa da educação, de uma saúde de qualidade, de uma segurança pública eficiente, de água para nossa população que sofre com a seca, de tantas e tantas outras causas. A Comissão de Desenvolvimento Regional, que presido, tem sido palco de iniciativas fundamentais e de impacto para o meu estado. Dou aqui como exemplo a crise hídrica. Fizemos a caravana das águas, audiências públicas, por três vezes recebemos o ministro da Integração, a quem cobramos a retomada e celeridade da conclusão das obras da Transposição do Rio São Francisco. Continuamos vigilantes. Mas acrescentaria aqui também a agenda municipalista na defesa da implementação do auxílio financeiro aos municípios; a agenda da educação, com destaque para o Fundeb e a cobrança de recursos destinados aos institutos e universidades federais; a manutenção dos bancos postais; a luta em defesa da Chesf, contra a privatização da Eletrobrás; a defesa dos investimentos da Petrobras e a Refinaria Clara Camarão no RN; a cobrança de investimento e conclusão de obras na infraestrutura rodoviária, como a conclusão do viaduto Maria Lacerda, Reta Tabajara, entre outros. Nós também estivemos na linha de frente contra a política regressiva e cruel de Michel Temer, sempre coerente com a minha trajetória em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro. Estranho seria se eu fosse conivente com o pacote de maldades do governo ilegítimo, que penaliza o trabalhador com uma Reforma Trabalhista perversa, que tenta impor uma Reforma da Previdência excludente que pune a população, de uma PEC que congelou por 20 anos os investimentos em políticas públicas e sucateia o país. Esses temas nacionais não dizem respeito ao nosso RN? Neste aspecto, quem tem que se explicar ao povo do RN é quem tem respaldado essa agenda brutal de retirada de direitos.

Blog do Barreto: Uma das críticas ao seu nome é que seu desempenho parlamentar caiu no Senado em comparação aos tempos como deputada. A senhora concorda?

Fátima Bezerra: Quem acompanha com seriedade o meu mandato sabe que isso não é verdade. Eu discuto, critico o descaso do governo ilegítimo com o RN, defendo o meu estado com todo o meu empenho, com o mesmo vigor. A grande diferença deste mandato para os anteriores é que o governo de Michel Temer não é republicano, discrimina o Nordeste e não atende as reivindicações de sua própria base de apoio, avalie de quem é oposição. Nós vínhamos de governos republicanos que visavam a melhoria da população, mas agora a realidade é outra. Quem mudou não fui eu, o que está acontecendo é resquício do golpe, que infelizmente ainda segue seu curso. O povo não é mais prioridade. Nosso mandato tem recebido o reconhecimento pelo papel que desempenha no parlamento: pela terceira vez consecutiva aparecemos entre os mais influentes do Congresso nos levantamentos anuais realizados pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Ano passado, aparecemos entre os 10 melhores senadores em votação realizada pelo site Congresso em Foco. No mais, cumpro minha obrigação e continuo fazendo política de cabeça erguida, com honradez, seriedade e espírito público.

Blog do Barreto: Qual o principal problema do Rio Grande do Norte na sua opinião?

Fátima Bezerra: Para além da recessão econômica que trouxe impactos para estados e municípios, como queda de receita e corte de investimentos, cabe aqui uma pergunta: o que levou o RN a ter um destino tão diferente de estados de porte semelhante, como a Paraíba, e de outros estados como o Maranhão, a Bahia, o Piauí e o Ceará, onde não há atraso no pagamento dos servidores e se consegue investir? O que levou o nosso estado a essa situação de caos? O PT está debruçado junto a técnicos e especialistas de diversas áreas que realizam um levantamento minucioso da situação do Estado. Precisamos saber, por exemplo, os gargalos da arrecadação, o diagnóstico da folha de pessoal, capacidade de investimento, políticas públicas em andamento, em especial nas áreas de Segurança, Saúde, Educação, etc.

De posse dessas informações, vamos dialogar com os nossos aliados e os diversos segmentos da sociedade e, aí sim, formataremos uma proposta de Governo ao povo do Rio Grande do Norte.

Blog do Barreto: O antipetismo já esteve mais em voga, mas ainda faz muito barulho nas redes sociais. Como a senhora vai lidar com a rejeição dessas pessoas?

Fátima Bezerra: A narrativa de que foi golpe o que fizeram com Dilma se sobrepôs desde que as máscaras dos personagens centrais daquele lamentável momento para o país começaram a cair uma a uma. Os dois chefões do golpe não nos deixam mentir: Eduardo Cunha, que dispensa comentários, e o presidente ilegítimo, que hoje vive mergulhado em acusações seríssimas de corrupção, agarrado a um mandato para desespero da grande maioria do povo brasileiro. Aliás, Temer e seus amigos, com direito a apreensão de dinheiro em mala, milhões escondidos em um apartamento na Bahia, entre tantas outras coisas. O que estava realmente acontecendo no Brasil foi ficando cada dia mais claro para as pessoas. E naturalmente vimos crescer a descrença das pessoas pela política. Graças a Deus, por onde passo, tenho recebido o carinho e o incentivo das pessoas do meu estado. Uma relação de respeito e isso é muito gratificante, ainda mais nos tempos em que estamos vivendo. As manifestações de intolerância nós vamos tratar como sempre fizemos: com esclarecimento e debate político.

Blog do Barreto: Como a senhora analisa os constantes ataques a UERN?

Um grande equívoco, um desserviço à sociedade e ao estado. A Uern cumpre um papel importante e estratégico do ponto de vista econômico e social. É como eu sempre falo: A educação deve ser tratada como investimento e não como gasto.