Dias é investigado por crime eleitoral (Foto: Reprodução/Facebook)
Ontem a Polícia Federal cumpriu mandato de busca e apreensão na Agência Base Propaganda sob ordem da juíza Fátima Maria Costa Soares de Lima da 69ª Zona Eleitoral de Natal. O alvo da investigação é o indício de crime eleitoral envolvendo a empresa que presta serviços à Secretaria Municipal de Comunicação da capital e o prefeito reeleito Álvaro Dias (PSDB).
Foram apreendidos três computadores e um HD externo.
A denúncia formulada pelo senador Jean Paul Prates (PT), segundo colocado nas eleições desse ano, aponta que a Base Propaganda foi usada na campanha de Álvaro Dias. A suspeita é que os serviços eleitorais tenha sido pagos com o dinheiro dos contratos de publicidade institucional, que totalizam R$ 2.234,603,24.
Somente o senador Jean Paul Prates se manifestou oficialmente sobre o assunto. Confira a nota:
Reunimos provas que evidenciam que a empresa Base Propaganda firmou contrato com a Prefeitura do Natal após vencer licitação e já recebeu cerca de R$ 2,2 milhões para prestação de serviços de propaganda e comunicação digital ao Município. Também juntamos evidências de que o mesmo material produzido nesse serviço foi usado na campanha eleitoral.
Isso configura crime eleitoral, a partir do uso inapropriado de recursos do próprio Município em benefício da campanha de reeleição do atual prefeito. Para nós não há dúvidas de que a empresa contratada pela prefeitura prestou serviços à campanha de Álvaro Dias.
Temos confiança na Justiça e no andamento correto do processo eleitoral. Seguimos vigilantes para garantir que essa situação seja julgada com retidão, para que os envolvidos no suposto crime sejam punidos.
Álvaro Dias (PSDB), atual prefeito de Natal (RN) e reeleito em 2020 (Imagem: Reprodução/Facebook)
Por Alan Lacerda*
A referência à calmaria no título é irônica, na medida em que denota o desinteresse do eleitorado natalense por novidades na gestão municipal. Pela segunda vez consecutiva, um prefeito é reeleito no primeiro turno sem ter realmente uma marca estruturante de gestão. Também pela segunda vez a vitória ocorre no primeiro turno, com relativa facilidade. Até os percentuais em votos válidos dos três candidatos (incluindo o titular no cargo) que obtiveram mais de 10% dos votos válidos foram parecidos com os da disputa de 2016 (ver tabela abaixo).
Não há anomalia entre o resultado eleitoral e a popularidade do ocupante do cargo. O prefeito Álvaro Dias (PSDB), o vice eleito em 2016 que assumiu o cargo em 2018, após a saída do titular para a disputa de governador, gozava de elevada taxa de aprovação (no indicador binário aprova/desaprova) do eleitorado, chegando a 66% na pesquisa Seta divulgada em 2 de novembro. O mesmo deu-se na competição de 2016 com Carlos Eduardo Alves (PDT), seu antecessor e integrante da família política Alves.
Há dois legados políticos, todavia, cujos efeitos não podem ser mensurados diretamente, que precisam ser mencionados aqui. A desastrosa gestão de Micarla de Sousa (PV), que apareceu como novidade em 2008 com uma campanha eficiente que a levou a vencer a atual governadora Fátima Bezerra (PT), então deputada federal, já no primeiro turno. No comentário político, é comum a constatação de que o eleitorado da capital potiguar tornou-se cauteloso a partir de então – o que pôde se verificar com o retorno de Carlos Eduardo à Prefeitura no pleito de 2012. Ele já havia ocupado o posto entre 2002 e 2008.
O segundo legado é o da fraqueza da oposição municipal, que não consegue estabelecer um contraponto persistente aos prefeitos na Câmara Municipal e no debate público. Os candidatos só aparecem como oposição estritamente municipal no ano da eleição, reforçando a já referida cautela do eleitor, que decide contra eles. Tais fatores são basicamente locais, não podendo ser atribuídos seja ao contexto potiguar seja ao nacional.
Candidatos a prefeitura de Natal em 2016 e 2020 Imagem: Elaboração própria
É possível detectar duas diferenças importantes entre as duas competições. Primeiro, houve maior dispersão no número de candidatos a prefeito neste ano, com o lançamento de dez aspirantes. Isso em nada dificultou, porém, a tarefa do prefeito em relação ao seu antecessor. Segundo, um candidato da direita radical atingiu o limiar de 10% dos votos, na figura de Sergio Leocadio (PSL), um delegado da Polícia Civil – ele concorreu, inclusive, pelo mesmo partido ao qual já pertenceu o presidente Jair Bolsonaro. O senador Jean-Paul Prates (PT) apenas amealhou alguns pontos a mais do que o seu correligionário, o hoje secretário estadual Fernando Mineiro (PT).
A fisionomia da campanha na capital foi marcadamente diferente dos eventos congêneres no interior. O uso de máscaras pelos políticos e por parte dos seus apoiadores parece ter sido maior em Natal, assim como foram menores o entusiasmo e as aglomerações nas ruas produzidos pela corrida eleitoral. Mesmo disputas pouco acirradas geraram maior interesse no interior potiguar.
Por fim, é bom registrar que a força ampliada do prefeito Álvaro Dias não significa necessariamente que ele está livre para a disputa de governador em 2022. Como parte do acerto entre PDT e PSDB, o ex-prefeito Carlos Alves, que cogita disputar novamente o pleito de governador, indicou como vice-prefeita Aila Cortez, pedetista e parente de sua esposa. Uma eventual saída de Dias implicaria o retorno do PDT à titularidade do cargo.
Disputa eleitoral em Mossoró segue padrão interiorano
Em contraste, a campanha na segunda maior cidade do estado, Mossoró (uma eleição ainda de maioria simples) seguiu o referido padrão interiorano, sendo bastante disputada entre a prefeita Rosalba Ciarlini (PP), uma integrante da família política Rosado, e o deputado estadual Allyson Bezerra (SD). A “Rosa”, como é conhecida no vocabulário político local, não havia perdido nenhuma eleição para a Prefeitura da cidade desde 1996, tendo apoiado candidaturas vitoriosas em 2004, 2008 e 2012. Nos demais pleitos, 1996, 2000 e 2016, ela própria logrou a vitória. Seu primeiro triunfo foi em 1988.
Em termos táticos, o objetivo central de Rosalba tinha que ser dividir o voto da oposição, em virtude do fato de sua avaliação positiva, a soma de ótimo e bom nas pesquisas, ser medíocre, variando entre 30% e 35% na maioria das sondagens. Bezerra, no entanto, tornou-se rapidamente o único candidato competitivo da oposição durante a campanha, canibalizando votos que poderiam ir para outros nomes oposicionistas.
A rigor, o pleito adquiriu uma polarização similar à observada em disputas de segundo turno, com a baixa avaliação da gestão sendo o limitador central do crescimento da prefeita. No fim, Allyson Bezerra obteve mais de 65 mil votos (47,52%), contra pouco mais de 59 mil (42,96%) da atual gestora. A derrota de Rosalba pode vir a marcar um declínio dos Rosado, que já chegaram a eleger dois governadores do estado, incluindo ela própria.
Finalmente, cumpre falar sobre eventuais efeitos da disputa sobre o âmbito estadual e a eleição de 2022. Espelhando de certa forma o resultado nacional do partido, o PT potiguar também teve desempenho insatisfatório no que toca às eleições de prefeito. A agremiação lançou candidatos em 26 dos 167 municípios do RN, tendo sido vitoriosa em apenas três cidades; um caso ainda está sub judice.
O resultado pode gerar certa perplexidade, dado o fato de que a atual governadora é uma petista. No entanto, Fátima Bezerra tem seu próprio ciclo político, que culminará com a tentativa de reeleição em 2022. Ela enfrentou queda generalizada de popularidade neste ano, em função da reforma previdenciária estadual e das medidas restritivas contra a pandemia. Fátima parece focada na área da segurança pública, com a contratação de mais de mil policiais militares, e na quitação de duas folhas salariais deixadas pelo governo anterior. É fato também que sua popularidade começa a melhorar em vários municípios. Na minha avaliação, não é possível inferir dos resultados das disputas municipais uma fraqueza eleitoral da gestora em 2022.
*É professor associado da UFRN e doutor em Ciência Política pelo (antigo) Iuperj. Texto extraído do UOL.
Esse texto foi elaborado no âmbito do projeto Observatório das Eleições de 2020, que conta com a participação de grupos de pesquisa de várias universidades brasileiras e busca contribuir com o debate público por meio de análises e divulgação de dados. Para mais informações, ver: www.observatoriodaseleicoes.com.br
Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.
Álvaro Dias venceu no primeiro turno (Foto: redes sociais/Álvaro Dias)
O prefeito reeleito de Natal Álvaro Dias (PSDB) tem lá seus méritos políticos para chegar a reeleição. Soube fazer o jogo político durante a pandemia.
Os números do Instituto Seta apresentados pelo cientista social Daniel Menezes são claros:
Antes da pandemia 43% aprovam a gestão e 37% desaprovam, outros 20% NS/NR. No final de outubro os números eram respectivamente 66.5%, 26.9% e 6.6%.
Sem histórico político em Natal a lógica previa uma eleição complicada ainda que com a máquina na mão. Álvaro se beneficiou da ausência de debates na TV e das poucas rodadas de entrevistas com os candidatos realizadas nas emissoras da capital.
Venceu de ponta a ponta sem permitir que nenhum adversário polarizasse.
Outra tática bem sucedida, que contou com o silêncio da oposição, foi a de esconder os oligarcas tão rejeitados pelo eleitorado potiguar. Todos apoiavam Álvaro, por sinal.
A oposição não explorou o assunto massivamente. O tucano agradeceu.
A pesquisa Seta/Blog do BG também avaliou os humores do natalense em relação aos governantes nas três esferas de poder.
Vamos aos números:
Álvaro Dias:
Fátima Bezerra:
Jair Bolsonaro:
A pesquisa Seta/Blog do BG foi realizada nos 29 e 30 de outubro. Foram ouvidos mil eleitores. A margem de erro de 3% para mais ou para menos tendo intervalo de confiança de 95%. A sondagem foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo RN-01448/2020.
Além de aferir as intenções de votos para prefeito de Natal, o Instituto Real Time Big Data realizou pesquisa para avaliar as gestões de Álvaro Dias (PSDB), Fátima Bezerra (PT) e Jair Bolsonaro.
Os números estão aptos a serem divulgados desde o dia 22 e só foram veiculados na TV Tropical, mas o Blog do Barreto teve acesso ao relatório e apresenta para você, leitor.
Confira os números:
A pesquisa ouviu mil eleitores natalenses nos dia 17, 18 e 19 de outubro, tem margem de erro de 3%, intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número RN-08859/2020.
Nota do Blog: o relatório disponibilizou dois índices de avaliação de governo de Álvaro Dias e somente a a respeito de Fátima Bezerra e Jair Bolsonaro.
Nota do Blog 2: a arte disponibilizada no relatório da avaliação de Fátima totaliza 111%. Certamente um erro na digitação dos números.
O que aconteceu em Natal? A disputa eleitoral na capital está morna e restrita. Um cenário esquisitíssimo e sem precedentes.
A campanha é morna porque o prefeito Álvaro Dias (PSDB), com alto índice de aprovação, lidera com folga. É restrita porque a oposição está sem meios para desconstruir o adversário.
Em Natal não existem rodadas de entrevistas com os candidatos nas emissoras de rádio e TV. Também não teremos mais debates. No único que tivemos (na Band) o prefeito não foi.
A capital do Estado, estratégica para os líderes políticos, não está sendo debatida e a oposição está limitada as bolhas das redes sociais e ao horário eleitoral no rádio e TV.
Esse cenário favorece Álvaro, um político historicamente de Caicó, sem relação com a política natalense, dono de um passado obscuro e envolvido em escândalos de corrupção.
Essa situação soa como música para os ouvidos de quem quer o passado escondido embaixo do tapete. Álvaro samba no silêncio e na batida dos números das pesquisas.
Álvaro Dias tem decreto questionado (Foto: José Aldenir/Agora Imagens)
O prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) tem até amanhã para explicar ao poder judiciário a decisão de proibir atividades de campanha como carreatas, passeatas e comícios.
Os partidos PSB, PSOL e Solidariedade moveram ação com pedido de liminar na Justiça Eleitoral. O caso está com a magistrada Hadja Rayanne que ontem estabelece o prazo que se encerra amanhã.
Só Fátima tem avaliação negativa (Fotomontagem Blog do Barreto)
Por G1RN
Pesquisa Ibope divulgada pela Inter TV Cabugi nesta terça-feira (6) mostra os percentuais de avaliação das administrações do prefeito da capital potiguar, Álvaro Dias (PSDB), da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Além da classificação em ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo dos três governantes, o levantamento questionou ainda diretamente se os entrevistados aprovavam ou não a administração de Álvaro Dias.
Álvaro Dias
Avaliação:
Ótima/boa: 42%
Regular: 42%;
Ruim/Péssima: 14%
Não sabe/não respondeu: 2%
Aprovação:
Aprova: 63%;
Desaprova: 31%;
Não sabe/não respondeu: 6%
Fátima Bezerra
Avaliação:
Ótima/Boa: 26%
Regular: 33%;
Ruim/Péssima: 40%;
Não sabem avaliar: 1%
Bolsonaro
Avaliação:
Ótima/Boa: 39%
Regular: 23%;
Ruim/Péssima: 37%;
Não sabem avaliar: 1%
Sobre a pesquisa
Margem de erro: 4 pontos percentuais para mais ou para menos
Quem foi ouvido: 602 eleitores da cidade de Natal
Quando a pesquisa foi feita: 4 a 6 de outubro
Número de identificação na Justiça Eleitoral: RN‐02583/2020
O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro