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O exagero na dose do veneno da “terra arrasada” pode ter efeito bumerangue

Allyson tem denunciado desmandos da antecessora (Foto: Redes Sociais)

O novo prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (SD) iniciou a gestão em ritmo alucinante de denúncias em relação aos desmandos da antecessora Rosalba Ciarlini (PP).

Natural que seja assim quando a oposição vence e assume as rédeas do poder. É obrigação do gestor que assume tomar providências neste sentido realizando auditorias, exonerando comissionados e revisando contratos.

Mas esse discurso tem prazo de validade e a história recente do Rio Grande do Norte mostra isso.

Quando se tornou prefeita de Natal em 2009, Micarla de Sousa exagerou na satanização ao antecessor Carlos Eduardo Alves. Soou como uma vingança após ser menosprezada quando vice dele.

Micarla deixou o cargo com a fama de pior prefeita da história de Natal.

Em 2011, Rosalba não entendeu o recado dos nataleses em relação a Micarla e exagerou na dose e saiu como a pior governadora que o Rio Grande do Norte já teve. Ao retornar a Prefeitura de Mossoró repetiu a dose cavalar de satanização da gestão anterior e saiu derrotada ao tentar a reeleição. Ela se intoxicou duas vezes com o próprio veneno.

Não existe fórmula pronta no quesito discurso da “terra arrasada”. Já deu certo em outros casos como no de Wilma de Faria que ao assumir o Governo em 2003 não poupou os antecessores Garibaldi Alves Filho/Fernando Freire, mas ela soube usar bem a dose e foi reeleita. Há o caso de Carlos Eduardo Alves que usou Micarla de Sousa como trunfo por um bom tempo. Ele soube ser hábil na narrativa pedindo 200 dias em vez dos tradicionais 100 para arrumar a casa. Nos dois casos foram bem sucedidos.

O prefeito Allyson começou afoito, e não poderia ser diferente pelo seu perfil jovem, mas precisa ter pertinência nos apontamentos para não se intoxicar com o veneno que está inoculando em Rosalba.

A ex-prefeita é craque na arte de se vitimizar e o eleitor mossoroense está vacinado contra o melodrama administrativo tanto que perdeu a paciência com o trunfo de acusar Francisco José Junior de ser o causador de todos os males da humanidade.

Já diziam os mais velhos: tudo de mais é veneno. O discurso da terra arrasada é bom exemplo disso.

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Detonar Francisco José Junior blindará Rosalba na próxima gestão?

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Certamente você nunca ouviu falar da Operação Rutter realizada no dia 19 de agosto de 1942. Com certeza ouviu falar no Dia D realizada em 6 de junho de 1944 que deu um passo decisivo para que os aliados derrotassem a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Foi com as lições aprendidas na derrotada Operação Rutter que os aliados corrigiram os erros e foram bem-sucedidos em um novo ataque anfíbio dois anos depois.

Como os aliados, Rosalba Ciarlini (PP), prefeita eleita de Mossoró, terá dois anos depois uma nova chance. Sempre que assumiu os cargos ela usou como tática a atacar os antecessores, se fosse um adversário ela pegaria ainda mais pesado.

A tática deu tão certo em 1997 que ela não só passou ilesa nas medidas impopulares que precisou tomar como também deixou estigmatizada a sua principal adversária na época, a hoje aliada Sandra Rosado (PSB), vereadora.

O discurso de Rosalba foi tão bem encaixado que até hoje há quem acredite que Sandra atrasou seis meses de salários dos servidores municipais. Um feito impossível de acontecer pelo simples fato de a futura vereadora ter governado a cidade por apenas 70 dias.

Mas Rosalba já vivenciou o outro lado. O discurso da terra arrasada na época em que foi governadora não deu liga. Acabou colaborando e muito para que ela se desgastasse ainda mais. Afinal de contas, o eleitor médio entendia que ela foi eleita para resolver os problemas do Estado e não para ficar choramingando em programas de rádio e TV.

Os gestos recentes mostram que ficar satanizando o ainda prefeito Francisco José Junior pode ser um tiro no pé para Rosalba. Afinal de contas, a cidade inteira sabe que ela vai encontrar uma Prefeitura quebrada. Não será necessário ficar repetindo isso. Os mossoroenses já sabem. Não que ela não possa mostrar os erros do antecessor. Pode e deve, mas será necessário acertar a dosimetria desse discurso.

Em Natal, Micarla de Sousa assumiu o comando da capital detonando o antecessor Carlos Eduardo Alves. A sede de vingança resultou no maior desgaste político já visto no Rio Grande do Norte. Carlos, quatro anos depois, teve a oportunidade de dar o troco. Mas não precisava. O desgaste de Micarla falava por si só como o de Francisco José Junior.

O hoje prefeito reeleito no primeiro turno (com uma facilidade nunca vista na capital potiguar) pediu 200 dias para colocar a cidade nos eixos e cumpriu a palavra. Não fez uma gestão brilhante, mas fazendo o básico e sem ficar dizendo o óbvio sobre a antecessora conseguiu os resultados esperados e agora é cotadíssimo para ser eleito governador em 2018.

É no exemplo de Carlos Eduardo que Rosalba deve se mirar aprendendo com os próprios erros mesmo que não admita publicamente.

Mas se o que explico não é suficiente. Conclamo o caso de Robinson Faria (PSD), atual governador do Rio Grande do Norte. Ele faz uma gestão pior que a de Rosalba sem ter o mesmo desgaste dela. Como conseguiu isso? A resposta daria um segundo artigo. Mas para ficar nesse tema garanto que não ter satanizado a antecessora colaborou para isso.

Se Rosalba não ajustar o discurso será um sinal claro que ela estará subestimando a inteligência dos mossoroenses e não terá entendido que os tempos mudaram.

Cabe a ela decidir se vai corrigir esse rumo ou seguir na surrada fórmula do discurso da terra arrasada. A política como na guerra, aprender lições é fundamental.

Para conhecer a Operação Rutter clique AQUI

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