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Jornalista é candidato a membro da AMOL

Caio é um dos candidatos a uma cadeira na AMOL (Foto: Divulgação)

O escritor, poeta e jornalista Caio César Muniz concorrerá à Cadeira nº 02 da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), que tem como patrono o também jornalista Jorge Freire de Andrade e que foi ocupada pelo seu filho Dorian Jorge Freire, maior referência do jornalismo mossoroense.

A abertura de inscrições foi anunciada na quinta-feira (28) pela Academia, numa solenidade com a presença de familiares de Dorian, que foi homenageado pelo advogado e acadêmico Paulo Afonso Linhares.

A concorrência promete ser acirrada entre os pretendentes à vaga do autor de “Os dias de domingo” e “Veredas do meu caminho”, obras que imortalizaram a maioria das crônicas de Dorian Jorge Freire em suas passagens por vários veículos de imprensa do país, mas, principalmente no jornal Tribuna do Norte, de Natal.

Caio César Muniz foi o primeiro a protocolar a sua candidatura, mas acredita-se que outros intelectuais também o farão até o dia 28 de janeiro, prazo máximo para a habilitação dos candidatos.

Os interessados em habilitar-se devem enviar ofício à Academia Mossoroense de Letras, que fica sediada na Biblioteca Pública Ney Pontes Duarte, no centro de Mossoró e apresentar um breve currículo, além de entregar uma obra de sua autoria. É preciso ainda ter residência fixa em Mossoró, que seja mossoroense nato ou  ter cidadania mossoroense outorgada pela Câmara Municipal de Mossoró.

Trinta votos estão em disputa, tendo em vista que a AMOL tem ainda pelo menos dez vagas sem ocupantes ou ainda não assumidas por novos acadêmicos. A previsão de eleições é no início de fevereiro do próximo ano.

Também está aberta a concorrência para a cadeira nº 33, antes ocupada pelo pesquisador João Bosco Queiroz Fernandes.

 Dorian Jorge Freire
Cadeira que leva nome de Dorian Jorge Freire está em disputa (Foto: autor não identificado)

SOBRE DORIAN JORGE FREIRE

Nascido em 14 de outubro de 1933, filho de Jorge Freire de Andrade e da professora Maria Dolores Couto Freire de Andrade, Dorian iniciou a sua vida no jornalismo, seguindo os passos do pai, logo aos 12 anos de idade, ocupando uma coluna no jornal O Mossoroense. Ao longo da vida, morou no Rio de Janeiro e São Paulo, onde se firmou como um jornalista combativo e de grande estilo. Entrevistou figuras importantes como Jânio Quadros, Aldous Huxley e Jean-Paul Sartre, Prêmio Nobel de Literatura. Também manteve contatos com Fidel Castro, Elizabeth II, Craveiro Lopes, Raymond Cartier e Greene. É fundador, juntamente como Alceu de Amoroso Lima e Samuel Wainer, do jornal Brasil Urgente, um dos precursores da imprensa independente do país. No Rio Grande do Norte escreveu para os jornais Tribuna do Norte, O Mossoroense e Gazeta do Oeste. Faleceu em 24 de agosto de 2005.

SOBRE CAIO CÉSAR MUNIZ

Francisco Caio César Urbano Muniz é natural de Iracema/CE, nascido aos 17 dias de novembro de 1972. É filho do agricultor Pedro Almeida Muniz Neto e da professora primária Marinete Urbano Muniz.

Escreve desde os 09 anos de idade e reside em Mossoró/RN desde 1992, onde ocupou a edição de cultura do jornal O Mossoroense e foi assistente e editor da Coleção Mossoroense.

É sócio-fundador e foi presidente por duas vezes da POEMA – Poetas e Prosadores de Mossoró, da Academia Apodiense de Letras e da Academia Iracemense de Letras e Artes (AILA), da qual é o atual presidente.

É autor dos livros “E Na Solidão Escrevi” (poesia, 1996); “Notívago” (poesia, 1998); “Sobre o Tempo e as Coisas” (poesia, 2003); “Crônicas a Temporais” (crônicas, 2015); “Batendo à Porta do Céu – a Chegada de Belchior ao Paraíso” (poesia, 2019), dentre outros trabalhos em parceria com Vingt-um (Vantan) Rosado, de quem foi editor-assistente durante seis anos.

É bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

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Artigo

A amizade de um jornalista potiguar com o recém imortal Ignácio de Loyola

Por Eliabe Alves*

Na imprensa nacional, ontem (14/3), pipocou a notícia da eleição, por unanimidade dos imortais da Academia Brasileira de Letras, do jornalista e escritor araraquarense Ignácio de Loyola Brandão, de 82 anos, vencedor dos maiores louros literários. Entre tantos, cito: prêmio da Fundação Biblioteca Nacional (2007), Prêmio Jabuti (Melhor Ficção/2008) e Prêmio Machado de Assis (Conjunto da Obra/2016).

O autor escreveu mais de 40 obras publicadas, como por exemplo: “Zero”, “Não verá país nem um”, “O menino que vendia palavras”, que comprovadamente esbanjam criatividades ficcionais e densidade estética na arte da construção de narrativas e personagens. Loyola, no cenáculo machadiano, ocupará a cadeira 11, vaga desde setembro de 2018, em razão do falecimento do sociólogo Hélio Jaguaribe, até então, ocupante da cadeira.

Profissionais de imprensa e dos meios literários sabem que Loyola possui relações com o RN muito além de confrarias e eventos da cena livresca natalense. Pelo menos, de uma de suas vindas ao RN, eu mesmo sou testemunha, que por volta de 2010, em Festival no Literário de Natal, me valeram até um livro autografado.

O recém eleito para a alta corte das letras nacional começou a se inteirar de como era a terra de Poty graças a amizade fecunda com o jornalista mossoroense Dorian Jorge Freire (1933-2005), iniciada durante a estadia do potiguar na capital paulista, na redação da Última Hora, jornal criado por Samuel Wainer (1910-1980), ande ambos trabalhavam.

Penso que lá as peripécias, pioneirismo da terra da resistência, em diálogos com este interlocutor, era amplamente difundido por Dorian. Haja vista que, foi em seu torrão natal que os escravos foram libertos por antecipação. A mulher conquistou o primeiro voto. E, sobretudo, seus conterrâneos, resistiram firmemente às investidas do Rei do Cangaço.

O jornalista norte-rio-grandense conquistou na imprensa nacional tendo fundado o Brasil Urgente, também de circulação nacional. Atuou também na editora Abril. Por aqui dirigiu as redações do Diário de Natal, da Tribuna do Norte, e exercido outras funções em O Mossoroense, periódico onde começou a carreira de sucesso e, por último, na Gazeta do Oeste. Somando-se a isso, Dorian Jorge Freire publicou ainda livros de crônicas, com destaque para a obra “Os dias de domingo”.

Diante do exposto, nesse artigo, imaginei que o noticiário de nosso estado destacaria a ligação entre os dois cronistas, algo que acabou não acontecendo.

Mas, enfim, de uma coisa tenho certeza: sempre é tempo de reverenciar a memória de Dorian. A eleição de seu amigo seria um momento oportuno para, de alguma forma, evocar sua memória de homem de letras.

Fica o alento de que a ABL recebe em seus quadros um ficcionista de raro talento literário.

Loyola, parabéns!

*É jornalista

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Reportagem

Relatório confidencial da Ditadura Militar revela espanto com postura de líderes de Mossoró e do RN

Relatório mostra quadro preocupante

Um relatório a época confidencial mostra que na reta final da Ditadura Militar os políticos de Mossoró, leia-se família Rosado, causavam incomodo pelas ações sempre em prol dos interesses pessoais.

O documento elaborado pelo Ministério do Exército data de 30 de novembro de 1983 e se refere as eleições de 1982 e todo o processo eleitoral.

O material foi levantado pelo grupo de alunos de comunicação social que sob orientação do professor Esdras Marchezan estão pesquisando sobre a vida do jornalista Dorian Jorge Freire.

Logo no início do texto há uma avaliação da política do Rio Grande do Norte como algo próximo ao fanatismo:

“A política potiguar conserva características próprias, adaptadas aos tradicionais costumes políticos da região, destacando-se as acirradas lutas partidárias com participação intensa do povo, habilmente envolvido na época das campanhas eleitorais, atingindo por vezes, os limites do desvario”.

O relatório mostra que o PDS foi alvo de cisões motivadas por posições pessoais “desligados dos interesses partidários” por parte dos líderes locais.

O quadro político do Rio Grande do Norte é classificado como preocupante e corrupto.

“De um lado, o PDS experimentou sérias dissensões internas a defecção de algumas lideranças significativas (Vice-Governador CERALDO JOSÉ DA ÇÃMARA PERREIRA_DE MELO.; família ROSADO, do Oeste potiguar; Senador JOSÉ DE SOUZA MARTINS FILHO) decorrentes da forma discriminatõria e impositiva com que foi decidida, pela família MAIA, a sucessão do Governo do Estado, privilegiando o Sr JOSÉ AGRDMIO ex-Prefeito de NATAL. Viveu o RIO GRANDE DO NORTE um clima de corrupção em que seus dirigentes empregaram todos os meios (recurso públicos, poder de intimidação, empreguismo, etc) para concretizar seu objetivo de eleger seu candidato;

De outro, as oposições, lideradas pelo PMDB, com a defecção do PT, aliaram todas as correntes ideológicas disponíveis com o apoio do clero progressista para separar a opinião pública do Governo, denunciando e criticando sua atuação no campo social e econômico. O candidato mais forte das oposições foi o Sr ALUÍZIO ALVES, político cassado •ela Revolução e homem de principios duvidosos.”

Relatório apresenta uma avaliação do Jornal O Mossoroense como sendo de oposição ao Governo do Estado e dirigido por Dorian Jorge Freire classificado como “como elemento de esquerda”.

“”O MOSSOROENSE”, é um jornal local, de pequena tiragem e pouca popularidade fora de MOSSOR6/RN”, crava o relatório.

Em outro trecho os militares lembram que o jornalista Jaime Hipólito teria escrito no extinto Diário de Mossoró um Editorial sob orientação da família Rosado contra a “revolução”.

“O jornal “Diário de Mossoró”, após a Revolução de 1964, publicou editorial contra a REVOLUÇÃO e o EXÉRCITO e o autor do editorial teria sido o Dr JAIME HIPÕLITODANTAS, por ordem do “grupo” DIX-HUIT

ROSADO, VINGT ROSADO e VINGT – UM ROSADO. Quando rompeu a Revolução, DIX-HUIT ROSADO estava na CHINA COMUNISTA”.

Na sequência o relatório ainda registra que os Rosados se ausentaram do comício realizado nas eleições de 1982 com a presença do então presidente João Figueredo.

“. Na visita política realizada pelo PRESIDENTE DA REPÚBLICA ao RIO GRANDE DO NORTE, em Out 82, VINGT ROSADO, DIX-HUIT ROSADO e CAR LOS AUGUSTO DE SOUZA ROSADO (na época Presidente da Assembléia Estadual), não se fizeram presentes a nenhum evento relativo a viagem pre sidencial, devido ao desacordo na indicação de JOSÉ AGRIPINO MAIA como candidato ao Governo do Estado.

Durante a campanha eleitoral, a família ROSADO apoiou ostensivamente a oposição, a partir da imposição da candidatura de JOSÉ AGRIPINO MAIA ao Governo estadual, em flagrante contestação política a liderança exercida pelo Sr TARCISIO MAIA e pelo PDS”.

Ao final o relatório afirma que a família Rosado coloca os interesses pessoais acima dos interesses partidários:

“A situação política de MOSSORÓ caracteriza-se pela supremacia dos interesses pessoais sobre os partidários. O Deputado Federal VINGT ROSADO atua de forma a que seu grupo seja beneficiado, mesmo que •-, a tal tenha que realizar negociações e conchavos políticos”.

A análise do documento não leva em consideração interesses da população. A prioridade são as questões do PDS, partido que substituiu a Arena como legenda da Ditadura Militar.

Nota do Blog: várias das observações do relatório constam no livro Os Rosados Divididos que retrata exatamente este período quando estava em curso o processo de racha político no principal clã político de Mossoró.