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A falsa simetria que tenta igualar o autoritário e quem combate o autoritarismo

A polarização na política existe desde que a própria política existe. Sempre existiram e vão existir lados antagônicos e disputas de poder nos bastidores.

Na Roma Antiga Júlio César rivalizou com Pompeu. Eles resolveram as diferenças no campo de batalha. No final da Idade Média com o poder absoluto dos reis se consolidando as polarizações se davam entre países como França e Inglaterra que guerrearam por 116 anos, além claro, das disputas menores no seio da nobreza.

Com a democratização se formaram partidos políticos. Nos EUA a polarização entre Democratas e Republicanos é centenária. No Reino Unido conservadores e trabalhistas travam disputas que durante o século XIX eram entre conservadores e liberais.

No Brasil pós-ditadura militar a polarização estabelecida sempre foi entre o PT e um oponente da direita. Primeiro foi com Fernando Collor, depois por 20 anos com o PSDB até que em 2018 Jair Bolsonaro absorveu o eleitorado tucano e passou a rivalizar com o petismo.

Se na polarização PT x PSDB valores civilizatórios como racismo, direitos dos LGBTs e das mulheres não entravam em questão com o bolsonarismo ocupando o espaço do tucanato se deu margem para o debate civilização x barbárie tendo em vista os absurdos que o presidente profere diariamente diante de câmeras de TV e redes sociais.

Na mídia em busca de uma suposta imparcialidade se ajuda a legitimar o bolsonarismo traçando um falso paralelo entre um campo autoritário e outro, ainda que com todos os questionamentos válidos, democrático.

Não se pode comparar figuras que pregam a extinção de quem pensa diferente com as que denunciam isso. É um paralelismo que serve para legitimar quem prega a barbárie política.

Além de raso soa como falta de coragem em assumir posições. A disputa política tem que ser no campo das ideias e não eliminação do outro como nos tempos da Roma Antiga. Não se pode tolerar a intolerância em nome de uma ideia que visa se blindar de críticas vindas de reacionários.

Não há equivalência entre quem denuncia o autoritarismo e quem é autoritário.