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Haddad elogia Fátima pelos IFs no RN: “Essa mulher é forte e persistente nas lutas”

A governadora Fátima Bezerra (PT) recebeu uma recepção calorosa do ministro Fernando Haddad (PT) durante reunião realizada ontem sobre o Porto-Indústria Verde.

Haddad lembrou dos tempos em que foi ministro da educação e elogiou a atuação da então deputada federal para trazer unidades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).

“Essa mulher é forte e persistente nas lutas. Quando eu era ministro da educação ela ia todo dia com o mapinha do RN na mão ‘ministro, preciso de mais um IF, só mais um aqui pra Pau dos Ferros’, e assim foram mais de 20 para o estado dela”, lembrou.

 

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Fátima discute com Haddad plano que pode garantir ao RN condições para acessar operação de crédito de R$ 1,6 bilhão

A governadora Fátima Bezerra se reuniu nesta terça-feira (16) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, em Brasília. Em pauta, o Plano de Promoção de Equilíbrio Fiscal (PEF). O governo tratou de alternativas para que o Estado possa aderir ao plano. Caso consiga adesão, o Rio Grande do Norte poderá ter acesso a aproximadamente R$ 1,6 bilhão em crédito junto às instituições financeiras.

O Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal é uma iniciativa cuja finalidade é incentivar estados e municípios a implementarem medidas de ajuste para equilibrar suas contas e retomarem os investimentos por meio de operações de crédito com garantia da União.

Atualmente, o PEF permite que estados com baixa capacidade de pagamento (classificados como C) tenham acesso a empréstimos com garantia da União, desde que façam ajustes fiscais em suas contas. Neste cenário, o Rio Grande do Norte é classificado como um estado de faixa “C”, mas que se compromete com esses ajustes fiscais.

O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, participou da reunião e explicou a importância da mudança pleiteada pela governadora. “Se a gente fizer esta adesão, se conseguirmos contratar essa operação de crédito, o Estado pode ter acesso a R$ 400 milhões ainda este ano”, disse. Segundo o secretário, esse recurso será utilizado para a manutenção da malha viária do estado.

O Ministro Fernando Haddad solicitou da equipe do Ministério da Fazenda celeridade para que o RN possa aderir ao PEF. A governadora Fátima Bezerra agradeceu o apoio e ressaltou a importância da integração que foi estabelecida entre os governos Federal e Estadual. “Não tinha a menor dúvida, pela sensibilidade do ministro, do governo federal e do presidente, que o resultado da nossa conversa seria positivo. Contamos com o irrestrito apoio do governo em todas as pautas que estamos apresentando” , ressaltou a governadora Fátima Bezerra.

Participaram também da reunião a secretária estadual de Gestão e Projetos Especiais, Virgínia Ferreira; os secretários Carlos Eduardo Xavier (Tributação), Daniel Cabral (Comunicação) e o deputado federal Fernando Mineiro.

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RN vai receber R$ 250 milhões em compensações por perdas do ICMS

O acordo de R$ 26,9 bilhões entre a União e os estados para compensar as perdas pela desoneração do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e de Comunicação (ICMS) deverá repassar ao Rio Grande do Norte cerca de R$ 250 milhões como forma de reposição pela redução da arrecadação do tributo, sobretudo, dos combustíveis. Entre agosto e dezembro do ano passado, o RN registrou uma perda de receita da ordem de R$ 440 milhões, em valores corrigidos, pelo corte na alíquota do ICMS.

O acordo foi anunciado pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, na tarde desta sexta-feira (10), mas a proposta ainda terá de ser formalizada junto à presidência e chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, que também é presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), considerou o acordo como ‘extremamente positivo’ diante de um quadro de possível desequilibro financeiro e estão bem abaixo das perdas efetivas, que afetaram os cofres do estado.

O montante representa cerca de 60% das perdas e os recursos a serem liberados deverão servir, prioritariamente, para quitar dividas que o estado contraiu com a União e as que foram adquiridas com o aval do Tesouro Nacional. Por isso, segundo o titular da SET-RN, ainda não há uma definição sobre a revogação do aumento de 18% para 20% da alíquota modal do ICMS no Rio Grande do Norte.

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Foro de Moscow 28 fev 2023 – Como segurar o preço da gasolina

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Fátima discute compensações para perdas do ICMS nos Estados

Integrante de uma comissão do Fórum Nacional de Governadores, formada por chefes de executivos de cinco estados e do Distrito Federal, a governadora Fátima Bezerra participou nesta terça-feira (14), em Brasília, de reuniões com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para tratar da adoção de medidas destinadas à recomposição fiscal dos Estados que foram prejudicados com redução que as Leis Complementares 192/2022 e 194/2022 provocaram no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transportes públicos em decisão unilateral tomada no início do segundo semestre do ano passado pelo governo do então presidente Bolsonaro.

A redução no ICMS provoca no Rio Grande do Norte perdas mensais em torno de R$ 80 milhões. No período agosto a dezembro do ano passado as perdas do RN foram de R$ 340 milhões, em valores nominais, mas a perda real gira em torno de R$ 450 milhões em valores atualizados.

Ao final da reunião, Fátima Bezerra disse que “se faz necessário que possamos resolver a situação que os estados vivem hoje com a perda de receitas que foi brutal com a decisão do governo anterior. Precisamos de medidas que possam mitigar os impactos que os estados vêm tendo”.

Fátima ressaltou que os governadores mantêm o diálogo com todos os poderes: “O ministro da Fazenda Fernando Haddad avançou com a proposta, tratamos com o poder Judiciário e agora a participação fundamental do Legislativo – Senado e Câmara dos Deputados. Este entendimento com todas as partes federativas é imprescindível para que possamos avançar e os estados possam ter a recomposição das suas receitas possivelmente ainda neste primeiro semestre.”

O governador do Piauí, Rafael Fonteles, disse que o acordo deve ser “firme, seguro e permanente para não gerar surpresas aos estados, como aconteceu ano passado. Precisamos da harmonização federativa envolvendo todos os poderes e entes da federação, inclusive os municípios, que também são afetados porque têm cota parte do ICMS”, declarou.

Segundo Rafael Fonteles, o estudo do Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal) aponta perdas de R$ 45 bilhões. “Há divergências com o cálculo feito pelo Tesouro Nacional, mas vamos dialogar muito com o Governo Federal para chegar a termo que todos concordem, União e governadores, e seja avalizado pelos demais poderes”, pontuou.

O primeiro encontro presencial do Fórum de Governadores em 2023 ocorreu no dia 27 de janeiro, quando também foram discutidas alterações nas regras que definem a situação fiscal e a capacidade de tomar empréstimos.

Além de Fátima e Fonteles, participaram das reuniões com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão; os governadores do Amazonas, Wilson Lima e de Goiás, Ronaldo Caiado; e o vice-governador do Tocantins, Laurez Moreira.

Acompanharam a Governadora a Controladora Geral do Estado, Luciana Daltro; o assessor de Comunicação, Daniel Cabral e a representante do RN em Brasília, Danúbia Régia.

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CARF: Por que só os grandes se incomodam com o voto de qualidade?

Por Dão Real Pereira dos Santos*

O ministro da Economia, Fernando Haddad, disse recentemente em uma coletiva de imprensa que “é uma vergonha o que está acontecendo no CARF”. E ele tem toda a razão. Primeiro, vamos esclarecer o que é o CARF. É o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conhecido também como Conselho de Contribuintes.

O CARF é um tribunal administrativo que julga, em segunda e terceira instâncias, as autuações fiscais, ou seja, os autos de infração lavrados pelos Auditores-Fiscais da Receita Federal para cobrar tributos que deixaram de ser pagos. A peculiaridade é que a metade dos julgadores desse conselho é indicada pelas confederações empresariais e a outra metade são servidores públicos.

Até 2020, quando um desses julgamentos terminasse empatado, o presidente da turma tinha a prerrogativa do voto de qualidade para resolver a questão, decidindo a favor ou contra o autuado.

Com a Lei 13.988, o governo Bolsonaro acabou com o voto de qualidade e os empates passaram a ser decididos sempre em favor do contribuinte autuado. A MP 1.160/2023, publicada em 12 de janeiro, anula aquele dispositivo e faz voltar o sistema que existia antes.

Também é importante esclarecer que os processos julgados no CARF são fruto de um procedimento inicial de seleção que apontou indícios de infrações, seguido por uma auditoria fiscal concluída com a lavratura de autos de infração para cobrança de tributos devidos, cuja impugnação passou pelo julgamento de primeira instância, dentro da Receita Federal, e a autuação foi confirmada.

Depois de todo este trâmite com várias etapas, se o autuado não se conformar com o resultado, pode recorrer, e, só a partir daí, é que o processo passa a ser analisado pelo CARF.

Portanto, os processos que estão no CARF não surgem de uma mera discussão entre o Fisco e o contribuinte sobre dever ou não pagar um tributo, mas sim de um processo administrativo longo e complexo que demonstrou e confirmou que houve, de fato, falta de pagamento de algum tributo devido.

Modelo não existe em lugar nenhum do mundo

A existência de um tribunal paritário para julgar esses débitos já é uma excrescência. Esse modelo não existe em lugar nenhum do mundo. Afinal, trata-se de revisão administrativa de um ato praticado pela administração!

Ainda que a composição paritária pudesse ser justificada por questões de participação social, por que somente as confederações empresariais podem indicar os conselheiros? Por que os consumidores, os destinatários das políticas públicas, os trabalhadores, as universidades, e outras organizações da sociedade não têm assento neste conselho, supostamente paritário?

Outra jabuticaba brasileira é a existência de três instâncias administrativas. Na maioria dos países a revisão administrativa se dá em apenas uma instância!

Neste nosso modelo de contencioso, o voto de qualidade é um voto de equilíbrio, que dá à decisão paritária um caráter de revisão administrativa, apesar da presença dos representantes dos empresários no conselho. Se o voto de qualidade for a favor da Fazenda Pública, o autuado ainda poderá recorrer ao Poder Judiciário. Já as decisões contrárias à Fazenda são sempre definitivas.

O fim do voto de qualidade, portanto, desequilibra completamente o sistema. Melhor seria que o empate fosse resolvido em favor do Estado, pois, diferente deste, o autuado sempre poderá contar com a via judicial para defender seu interesse.

Sem o voto de qualidade, as segunda e terceira instâncias se transformam em revisão empresarial da autuação, pois basta o empate para tornar definitiva a decisão contra a Fazenda Pública.

O fim do voto de qualidade representou, portanto, a captura definitiva do contencioso pelas grandes corporações empresariais. Mas não são todas as empresas nem a maioria dos contribuintes que foram beneficiados com a medida: somente as grandes e mais poderosas.

Como afirma o ministro, “estamos falando de 20 ou 30 empresas que estão se beneficiando do empate para o contribuinte”.

A grande boiada do governo Bolsonaro é o fim do voto de qualidade

Obviamente que a perda do voto de qualidade só afeta os julgamentos de poucos processos que costumam terminar empatados, mas são os que representam os maiores valores em discussão. São autuações na casa dos bilhões de Reais, que decorrem, predominantemente, de planejamentos tributários abusivos realizados com grande sofisticação, que são contestados pela fiscalização tributária, quando percebidos como decorrentes de condutas ilícitas.

Em recente artigo dos pesquisadores Ricardo Fagundes e Wilson Muller ficou evidenciada a dimensão do problema. Os autores estimam que, do estoque atual de R$ 1,2 trilhão, que há no contencioso da União, mais de R$ 880 bilhões poderão ser cancelados, caso a MP 1.160/2023 não seja convertida em Lei.

Analisando os julgamentos ocorridos em 2018 e 2019, anteriores à perda do voto de qualidade, e os julgamentos ocorridos em 2022, já sem este instituto, os autores constataram que, em 2018, 21% do valor total julgado foram decididos em favor dos autuados, em 2019, foram 34%. Já em 2022, os autuados foram vitoriosos em 78% do valor total julgado.

Muitas destas vitórias decorreram de reversões de posicionamentos já pacificados, alguns até mesmo pelo Poder Judiciário. Fagundes e Muller são assertivos ao declarar que o fim do voto de qualidade representa a grande boiada do governo Bolsonaro.

IJF propõe o fim do modelo paritário para o julgamento das dívidas tributárias

O Instituto Justiça Fiscal (IJF) produziu um estudo sobre o Contencioso Fiscal no qual propõe o fim deste modelo paritário para o julgamento das dívidas tributárias. Resumidamente, a proposta é de garantir a revisão administrativa das autuações fiscais em duas instâncias, ambas dentro da própria administração tributária, alinhando o contencioso fiscal brasileiro às boas práticas internacionais.

A MP 1.160/2023 apontou, ainda que parcialmente, que ao ampliar o valor de alçada para recurso ao CARF de 60 para 1.000 salários-mínimos. Ou seja, mais de 70% dos processos passarão a ser julgados em duas instâncias dentro da RFB. Pela proposta defendida pelo IJF, todos os processos deveriam estar submetidos a esta mesma modalidade de julgamento, já que o autuado sempre poderá recorrer ao Poder Judiciário em caso de decisão que lhe seja desfavorável.

Reação das grandes corporações empresariais é reveladora

A reação das grandes corporações empresariais, de alguns advogados tributaristas e da própria OAB contra a volta do voto de qualidade parece exagerada e até incompreensível, pois a MP 1.160/2023 apenas faz retornar à situação que existia há quase 50 anos, até abril de 2020. Ou seja, ela não inova, exceto em relação ao limite de alçada para recorrer ao CARF.

No entanto, essa reação, aparentemente desmedida, é reveladora. De fato, a perda do voto de qualidade significou o sequestro completo do sistema, que já era favorável aos autuados, mas que se transformou num verdadeiro salvo conduto para os setores mais ricos, que passaram a poder planejar e decidir quanto e o que irão pagar de tributos.

O empate favorável é mais do que uma garantia de sucesso nos julgamentos dos litígios, mas também a tranquilidade de não serem mais importunados pelo Fisco, pois não é razoável que a fiscalização continue contestando planejamentos que o próprio CARF passa a referendar. Não se trata, portanto, apenas de uma alteração no controle dos créditos tributários lançados, trata-se de excluir da ação fiscal do Estado os setores mais ricos do empresariado nacional e estrangeiro.

A MP 1.160/2023 não é pouca coisa: ela representa a recuperação do controle do Estado sobre a gestão da política tributária e a garantia de tratamento isonômico na aplicação da legislação tributária a todos os contribuintes, independente do porte ou da sofisticação das suas estruturas de planejamento tributário. Resumidamente, a aprovação da MP 1.160/2023 é um passo importantíssimo e absolutamente necessário para que possamos avançar na construção de um sistema tributário que seja realmente justo.

*É presidente do Instituto Justiça Fiscal e coordenador da campanha Tributar os Super-Ricos.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o bruno.269@gmail.com.

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Foro de Moscow

Foro de Moscow 25 nov 2022 – Haddad será o ministro da Fazenda?

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Análise

Nada mais que uma cortesia

Fátima recebeu um gesto de cortesia da parte de Haddad (Foto: Web/autor não identificado)

Ganhou manchetes e mais manchetes a declaração de Fernando Haddad à Jovem Pan Natal de que a governadora Fátima Bezerra poderia ser um nome para a chapa presidencial.

Haddad fez apenas um gesto de cortesia. Estava falando a uma emissora da capital do Estado governado pelo seu partido.

Cortesia parecida com um desferida por Eunício Oliveira em entrevista à 93 FM em 2004 quando disse que Sandra Rosado seria um bom nome para ocupar um ministério no governo Lula. Estava na cidade de Sandra e na emissora dela numa época em que ambos eram do MDB quando este ainda tinha “P” de partido.

Sandra nunca foi ministra. Fátima nunca será candidata numa chapa presidencial.

Fátima disputará a reeleição em 2022 e o candidato do PT será Haddad se Lula se mantiver inelegível. Se não for um deles, será alguém que está na frente de Fátima na fila.

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Pisa

Por Fernando Haddad

O Brasil foi dos países que mais evoluíram no Pisa entre 2000 e 2009. Se tivéssemos mantido o ritmo de melhoria nos nove anos seguintes, teríamos sido, em 2018, o país líder em qualidade da educação básica na América Latina, ladeado pelo Chile. Em 2030, ficaríamos próximos da OCDE, cuja média, por sinal, caiu no período 2000-2018.

O biênio 2000-2001 marca o nosso fundo do poço em termos de qualidade educacional, tanto nas avaliações internacionais quanto nas nacionais. Avaliar qualidade da educação por meio de testes padronizados é um procedimento discutível, mas nas condições em que se encontravam as escolas brasileiras, tão distanciadas do compromisso com a aprendizagem, não havia alternativa senão adotá-los.

No governo Lula, aumentamos em 2% do PIB o investimento público em educação básica (para 5%), mantendo no mesmo patamar de 1% o investimento em educação superior. Pela primeira vez na nossa história, o Brasil investia em educação pública a média da OCDE como proporção do PIB.

Países no topo do Pisa na categoria leitura

Por meio do Fundeb e do FNDE, canalizamos os recursos adicionais para os dez estados mais pobres da federação, nas regiões Norte e Nordeste. Com a criação do Ideb, passamos a monitorar escola por escola, rede por rede.

Os resultados foram extraordinários no ensino fundamental 1 e bastante razoáveis no ensino fundamental 2. O ensino médio (foco do Pisa), contudo, não reagiu, a não ser naqueles estados apoiados pela União.

Os dados são eloquentes. Pelo Ideb do ensino médio estadual, Pernambuco (4,0) superou São Paulo (3,8), alcançado pelo Ceará (3,8), que superou Minas Gerais (3,6), Rio Grande do Sul (3,4) e Rio de Janeiro (3,3), alcançado pelo Piauí (3,3). Os estados do Nordeste estão demonstrando uma capacidade de gestão muito superior aos do Sul-Sudeste, com exceções.

O MEC deixou de divulgar os resultados do Pisa por estado, mas não creio que os resultados seriam diferentes. Tudo leva a crer que a estagnação da média brasileira tenha a ver com a evolução da qualidade do ensino médio público das regiões mais ricas do país.

Evidências sugerem que há uma correlação entre investimento e qualidade, mas até certo ponto. A partir de determinado patamar (US$ 8.000/aluno por ano), outros fatores passam a ser mais relevantes. Basta notar o sofrível desempenho da elite brasileira no Pisa.

O apoio técnico federal à gestão das escolas e redes públicas estagnadas deveria estar no alto das preocupações do MEC.

São considerações de quem, da creche a pós-graduação, apresentou resultados quantitativos e qualitativos para alguém que deveria deixar de lado o histrionismo e se pôr a trabalhar.

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Geringonça

Por Fernando Haddad

O governo parece uma geringonça. O termo soa impróprio à luz da experiência exitosa do governo português de centro-esquerda que adotou orgulhosamente o apelido sugerido pela direita em tom pejorativo.

Mas, se ele sugere uma engrenagem frágil, montada com o parafuso de uma máquina e a porca de outra, não temos melhor termo para nos referir ao governo Bolsonaro.

Nossa geringonça tem três componentes: autoritarismo, fundamentalismo e neoliberalismo. Ainda que um ministro possa tentar conciliar as três agendas em uma, existe uma certa divisão de trabalho na Esplanada.

Cerimônia de 200 dias de governo Bolsonaro

Moro e os generais respondem pelo autoritarismo. Trabalham para intimidar os Poderes da República, aparelhar os órgãos de fiscalização, ameaçar a imprensa, armar a população, sobretudo milicianos, etc.

O grupo não tem apreço pela democracia. Informado da intenção de Eduardo Bolsonaro de reeditar o AI-5, o general Heleno limitou-se a dizer que tinha dúvidas sobre como operacionalizar a ideia.

As pastas da Educação, do Meio Ambiente, dos Direitos Humanos e das Relações Exteriores formam o núcleo fundamentalista. Ciência, cultura, formação de crianças e jovens e multilateralismo são seus alvos prediletos. As armas adotadas são as clássicas: censura, subfinanciamento e subfilosofia.

Na briga com o PSL, Bolsonaro cogitou migrar para o partido de Edir Macedo, o bilionário que controla a Record, a Igreja Universal e o Republicanos (ex-PRB). A Justiça deixou prescrever processo contra Edir Macedo, pronto para julgamento, por lavagem de dinheiro e associação criminosa, o que desimpedia o movimento. Mas a impossibilidade de Bolsonaro levar consigo o dinheiro do milionário fundo partidário inviabilizou a operação.

O núcleo neoliberal é liderado por Guedes. A política econômica se apoia em algumas premissas: corte de direitos sociais, precarização do trabalho, privatização, liberalização unilateral do comércio etc.

Deve entregar crescimento econômico medíocre e mais desigualdade social. Quando isso acontecer os governistas certamente responsabilizarão o “ritmo” das reformas, limitado pela democracia (como sugeriu Carlos Bolsonaro), e os neoliberais democratas vão colocar a culpa do insucesso na agenda obscurantista.

Se, do ponto de vista civilizatório, estamos no pior dos mundos, cabe perguntar se politicamente a situação é sustentável.

O governo, por instinto, talvez pretenda contar com o apoio das minorias apaixonadas por cada uma dessas três agendas. Isso poderia garantir sustentação para concluir o mandato e a presença em eventual segundo turno. Aí, bastaria acionar a quarta engrenagem da geringonça brasileira: a máquina de fake news.