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Prof. Ivo Ribeiro Bezerra

Por Auris Martins de Oliveira*
Início dos anos noventa na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Chegávamos para assistir mais uma aula de Ciências Contábeis. Desta vez sobre correção monetária de balanço. Sempre exigente mas sem ser ríspido, o professor Ivo Ribeiro iniciou sua aula 19 horas e terminou 22 horas. Nesse dia não teve intervalo para que assunto fosse dado de forma adequada. É este Ivo que será eternizado nas mentes de gerações e gerações de jovens que hoje são profissionais da contabilidade.
O seu legado para a sociedade é eterno, imensurável. O saber que o professor Ivo Ribeiro transmitiu durante sua carreira como professor universitário não morre, seu exemplo é eterno. O saber transmitido vive e reproduz frutos para a sociedade, para quem o possui. Ficam seus ensinamentos, de profissional impecável. Para quem teve o privilégio de ser mais próximo, modelo de amigo verdadeiro, companheiro fiel, e coerente com suas posições.
O que lamentamos é que não vamos nos acostumar nunca com a despedida, sobretudo a despedida para outro plano. Acreditamos que seu caminho a seguir será muito parecido com o que conhecemos, um caminho de luz que servirá para iluminar e dar norte a muitos. Nós, seres humanos, infelizmente não compreendemos porque as coisas são como são. Alguns de nós choram, outros pranteiam, e outros ficam reflexivos. Mas, ninguém aceita a despedida.
Mas, todo mundo tem que ir um dia. Chegado o dia de cumprimento da nossa missão, todos vamos partir. A contabilidade não está de luto. Não, não estamos de luto. Estamos tristes é bem verdade. Mas, de pé aplaudindo o homem honrado e grande ser humano que você é, eternizado nos nossos corações, nas mentes de amigos, alunos, colegas de profissão, e familiares. Você é digno de nosso respeito profundo, em função de suas muitas virtudes.
Siga em paz meu amigo!
*É professor do curso de ciências contábeis da UERN.
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Crônica

Aquela mão estendida se fechou

João Carlos Brito deixa uma lacuna que não será fechada (Foto: autor não identificado)

Convivi com João Carlos Brito na redação da TCM Telecom por quatro anos. Há quem diga que a principal característica de sua personalidade era a sinceridade. O que sempre me chamou a atenção era a generosidade.

Faltou um cinegrafista? João Carlos estava lá para resolver. Não vou poder apresentar o jornal hoje? João Carlos apresenta. Adoeci, e agora? João Carlos estava lá de prontidão para atender.

Ele amava o que fazia.

Mas não era só como colega de trabalho que sua mão estava sempre estendida. Ele era ótimo ouvinte. Sabia ouvir os colegas e dar conselhos. Sempre estava disponível para uma boa prosa. Sempre tinha algo engraçado no celular para mostrar a alguém.

Seu sorriso era tão inconfundível quanto o vozeirão.

Era um dos jornalistas mais completos que conheci. Atuava como maestria como repórter, comentarista e apresentador. Transitava por todas as editorias sem dificuldades ou reclamações.

Dava conta do recado, botava jornal na rua como a gente falava nos tempos do impresso.

Certa vez quando disse a ele que o considerava um dos jornalistas mais completos que conheci ele deu um sorriso envergonhado e disparou: “Tu acha?”.

Ele era assim. Sincero sem ser arrogante. Prestativo de coração, daqueles que se coloca disponível sem reclamar do colega pelas costas.

Suas mãos também se estendiam para tocar ukulele, violão ou gaita nas sextas-feiras no “Redasom” para animar a galera. Suma musicalidade animava a todos que iam aos shows da banda Oitavo Andar.

João era bom cozinheiro. Vez por outra reunia a turma da redação para fazer pizza na casa de sua mãe, a querida Elza. Ou fazer um churrasco na sua casa.

No esporte, era goleiro dos bons. Fechava o gol nos campeonatos da imprensa. Em abril, creio que tenha sido a última vez que ele jogou bola. Convidei-o para o “racha” do condomínio onde moro e ele, um santista que dizia ter deixado de gostar de futebol, topou ir. Eu, com minha pança de cervejeiro, suportei apenas alguns minutos. Ele, em forma, jogou e teve excelente desempenho. No dia seguinte foi aquela resenha de nós rindo de nós mesmos.

Iniciar o dia de trabalho hoje não foi fácil. Tem passado um filme na cabeça desde que soube dessa tragédia. Não quero nem imaginar como está o clima na redação da TCM nesta segunda-feira cinzenta no céu de Mossoró.

A lacuna deixada por João não será fechada. Ele era único. Aquela mão estendida se fechou.

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Deputados constituintes são homenageados

Constituintes de 1989 são homenageados (Foto: João Gilberto)

Os 27 deputados constituintes, entre eles quatro parlamentares com mandato na atual legislatura, foram homenageados com a comenda Arnóbio Abreu nesta quarta-feira (9), em sessão solene na Assembleia Legislativa, dentro das comemorações alusivas aos 30 anos da Constituição do Rio Grande do Norte, que lotou o plenário e galerias da Casa. Além deles, o governador à época, Geraldo Melo, também foi homenageado. Durante a solenidade, transmitida em libras pela TV Assembleia e site do Legislativo, ainda foi feita a entrega da premiação aos três estudantes finalistas do concurso da redação “30 anos da constituição”, alusivo às comemorações.

“Não há avanço sem história. Não há experiência sem memória. Os 30 anos da Constituição Potiguar, hoje comemorados, refletem, além de nossa própria história, um progressivo avanço no amadurecimento político, da sociedade e do sistema democrático”, afirmou o presidente da Assembleia, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB). O parlamentar destacou que para a elaboração da carta magna do Estado, artigo a artigo foi discutido, examinado, emendado, aperfeiçoado e novos acréscimos feitos para atender ao interesse público.

O presidente da Casa afirmou que a constituinte de 1989 se reveste de um dos momentos mais importantes da história política do Estado. “O intenso debate em Plenário, em torno de todos os artigos da Constituição Estadual, se configurou como um dos maiores exercícios democráticos de consequências ainda hoje sentidas em solo potiguar”, afirmou Ezequiel, lembrando ainda que o Estado foi o primeiro a promulgar a Constituição Estadual, em 1989.

Representando os homenageados, o deputado constituinte Getúlio Rêgo (DEM), que está no décimo mandato parlamentar, afirmou que o Rio Grande do Norte avançou e ainda precisa de mudanças decisivas a se concretizar nesta e nas outras legislaturas. “Realizar a constituição é tarefa bem plantada, cumpri-la é tarefa das outras gerações. A constituição cumpriu o seu papel e ao povo pertence a não a governo, partidos ou vontades transitórias”, frisou Getúlio, que agradeceu o empenho dos servidores à época, que se desdobraram em suas funções sem o auxílio do aparato tecnológico disponível hoje.

Getúlio Rêgo enalteceu o trabalho de colegas com amplo conhecimento jurídico, como José Dias (PSDB) e Paulo de Tarso Fernandes e afirmou: “A constituinte de 1989, a elaboração da nossa Carta reuniu esforço, espírito público, vigor e coragem, sem que fosse retirada a essência, mantivemos o pensamento acima das questões partidárias e pessoais”, disse o decano da Casa.

A governadora Fátima Bezerra também discursou e afirmou que a Carta expressa a cidadania e dignidade para o povo potiguar. “A sociedade estava sedenta de novos e velhos direitos e desejosa de renovação política. A Constituição Estadual foi um ponto de chegada de muitas lutas, como a luta pela liberdade dos sindicatos, movimento estudantil, Diretas já, entre outras”. A governadora afirmou que era uma época de muita efervescência política, mobilização, gestos sociais e coletivos, além de muita beleza e grandeza.

Antes da solenidade, o presidente Ezequiel Ferreira passou em revista as tropas, acompanhado de parlamentares da atual e de outras legislaturas. Durante a solenidade, foi exibido um documentário especialmente produzido pela TV Assembleia, que preparou também uma série especial do programa “Conversa no Memorial”, dedicada a contar a história da Constituinte Estadual através de entrevistas com personagens que contribuíram para a elaboração do texto constitucional. A série vai ao ar ao longo do mês. Além dele, a TV veicula 30 edições da produção “Minuto da Constituição”, com a exibição de vídeos destacando curiosidades sobre o momento.

HOMENAGEADOS:

Constituintes com mandato atual: José Dias (PSDB), Vivaldo Costa (PSD), Getúlio Rêgo (DEM) e Raimundo Fernandes (PSDB). Além destes, atuaram durante a Constituinte de 89 os deputados Amaro Marinho; Ana Maria Cavalcanti; Arnóbio Abreu; Carlos Augusto Rosado; Carlos Eduardo Alves; Cipriano Correia; Francisco Miranda; Gastão Mariz; Irami Araújo; José Adécio; Kleber Bezerra; Laíre Rosado; Leônidas Ferreira; Manoel do Carmo; Nelson Freire; Nelson Queiroz; Patrício Junior; Paulo de Tarso Fernandes; Paulo Montenegro; Ricardo Motta; Robinson Faria; Rui Barbosa; e Valério Mesquita e o ex-governador Geraldo Melo.

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Homenagem: Mossoró perde George Wagner, uma voz que marcou época

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Acordo e olho o celular para ver as novidades e me deparo com a informação do jornalista Carlos Santos de que George Wagner se foi.

A semana não poderia começar mais triste.

Conheci George em 2003, logo quando me mudei para Mossoró. Era uma figura carismática e humilde no meio de tantas estrelas no rádio local.

Logo nos aproximamos e sempre subia para o estúdio da 93 FM entre uma e outra matéria de O Mossoroense. A resenha era sempre sobre nosso sofrido Vasco da Gama.

Algum tempo depois, o primeiro locutor do Forrozão de Mossoró, programa tradicional da 93, acabou se aposentando por causa de problemas renais.

Ele preferia fazer o tratamento de hemodiálise em Natal. Ainda nos tempos da faculdade peguei caronas com ele para ir a Natal rever amigos e parentes.

Com o advento do Whatsapp, George voltou a mexer com comunicação. Passava o dia compartilhando notícias e debatendo nos grupos sobre a política nacional.

Estava desalentado com a política e demonstrava sua indignação com os últimos acontecimentos.

Sempre torci para que um dia George voltasse ao rádio com o seu vozeirão, infelizmente não deu.

Do amigo vou guardar o exemplo de humildade e profissionalismo.

Valeu, Gegê!

 

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Deputados se posicionam contra homenagem a jovem torturado e morto pela ditadura militar

 

Deputados votam contra homenagem (Montagem: Blog do Barreto)

Durante a discussão do projeto de lei que dá o nome de Emmanuel Bezerra dos Santos para a Casa do Estudante de Natal, os deputados estaduais Allyson Bezerra (SD) e Coronel Azevedo (PSL) se posicionaram contra a homenagem.

A discussão foi na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa.

Coronel Azevedo classificou a homenagem como uma humilhação para a Polícia Militar. “Isso é uma humilhação para a Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Ali, em 1935 era o quartel da PM. Emmanuel não era mais estudante e um militante do grupo que queria transformar o país numa ditadura. Vivia na clandestinidade e morreu enfrentando a Polícia”, justificou.

Já Allyson Bezerra negou influência ideológica no voto. “O deputado (Coronel Aezevedo) tem uma posição ideológica e por isso votou contra a admissibilidade.  O meu não é por esse motivo. Deixei claro no voto. Mas sim para evitar que amanhã a casa aprove o nome de quem assassinou esse aluno como o nome de outro prédio público. O que irá ocorrer seguindo a linha da admissibilidade para tudo. Infelizmente está sendo associado ao inverso que defendo”, explicou.

Durante a discussão, a deputada Isolda Dantas reagiu: “Não se pode desqualificar. Se havia perseguição era porque o que havia no país era uma ditadura. Não vamos desconstruir os outros heróis. Homenageiem os seus heróis e respeitem os dos outros. Na democracia há o direito de se homenagear todos os heróis”.

Como o voto dela e dos deputados Kleber Rodrigues (Avante) e Hermano Morais (MDB) a proposta terminou sendo aprovada e será votada em plenário.

Quem foi

Emmanuel Bezerra dos Santos é natural de São Bento do Norte onde nasceu em 1947. Ele morou na Casa do Estudante, cursou o atual ensino médio no Atheneu e foi aluno do curso de pedagogia na UFRN onde se tornou liderança estudantil sendo presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

O estudante integrou o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista Revolucionário (PCR).

Ele foi preso em Recife em 1973 sendo em seguida encaminhado ao DOI-CODI onde passou pelas mãos do delegado Sérgio Fleury. Emmanuel não resistiu as sessões de tortura. Aversão passada pelo regime era de que ele tinha morrido numa troca de tiros com a polícia na cidade de São Paulo.

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MAURÍLIO PINTO, XERIFE AGORA ESTRELA

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Por Rubens Lemos Filho

Na primeira pauta, o impacto: Aquilo poderia ser uma caixa de assistência social, um confessionário, menos o gabinete do homem mais poderoso da polícia do Rio Grande do Norte. Contei, por baixo, umas 40
pessoas para se aconselhar, dedurar vizinhos, homens que produziam filho e sumiam deixando a barriga da mãe e a despesa para a família.

Uma bagunça. Todos falando alto e ao mesmo tempo. Galinhas cacarejavam. Galos de campina em gaiolas, numa tristeza infinita. Todos para entrega ao delegado Maurílio Pinto de Medeiros, chefe da Polícia Civil, Polinter e, de verdade, o Secretário de Segurança Pública de sempre.

Todos os mimos eram recusados. Um gordo, o homem, de palavras medidas e visão periférica na miudeza dos olhos. De conjunto bege
inconfundível. Calça e camisa de tecido. Uma mesa larga, juiz de paz que acalmava os valentões domésticos.

Foram meus primeiros dias de contato com Maurílio Pinto de Medeiros. Colega de turma do meu pai no velho Atheneu. Maurílio Pinto formado em jornalismo ainda na  Faculdade Eloy de Souza, Fundação José Augusto,  ali, nas alamedas que ainda existiam no Tirol aprazível.

Fonte, boa fonte, me disse Rubão. Que tinha todos os motivos para odiar policiais. Mas não se deixava contaminar pelo fel dos rancores. Sofrera na carne a barbárie da repressão. Com Maurílio Pinto, amizade e irmandade. “Não vá imaginando que terá privilégios por ser meu filho. Maurílio é pago para desconfiar. Mas é honesto. Se há um atestado que posso dar é o de lisura e Maurílio é um liso, vive de salário,” recitava outro campeoníssimo em falta de convivência com dinheiro.

Boa fonte, bons tempos. Jornal impresso trazia nas manchetes o berro da notícia em sangue quente. Pura, sem exclamação, mas com narrativa e densidade. Crimes poucos, mas bárbaros.

O assassinato de um médico e uma enfermeira, que namoravam, foram
seviciados e queimados onde hoje erguem-se fábricas no bairro de Neópolis, sinalizava: Natal deixava de ser uma província.

E o homem gordo e silencioso rastreando pistas, desvendando assassinatos, conhecendo criminosos pelos métodos, pelo instinto,
talento e herança do pai, Coronel Bento, o Caçador de Bandidos na era passada dos pistoleiros de cangaço.

Maurílio Pinto virou lenda. Menino danado em rua parava ao grito da mãe impotente: “Se aquieta Tonzinho, que eu vou chamar Dr. Maurílio para lhe ajeitar”. Da ameaça, o resultado vinha na transição  ao comportamento angelical.

Assalto a banco. Avenida Rio Branco. Bandidos cariocas levam odinheiro do caixa e fogem de ônibus. Comemoram tomando banho de piscina num hotel da Ladeira do Sol. O recepcionista desconfiou. No automático, ligou para Dr. Maurílio. Que prendeu todo mundo com um revólver 38 na mão, cena posta na capa dos matutinos da época.

Maurílio Pinto, se tinha competência e tino, pecava por falta de vaidade. Foi maltratado, congelado numa delegacia sem função prática e incomodava. Maurílio, polícia por vocação, não por pretensão de estabilidade.

Homenageado na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal anos atrás , acolhido pelo companheirismo de Dona Clarissa, o terror de criminosos aparentava o sofrimento das sequelas de uma trombose.

Maurílio Pinto fazia o mal tremer nas bases. Nunca prendeu franciscano nem pai de família inocente.

Se fosse o que dizem seus inimigos, teria se dado bem na política. Candidato a deputado estadual, ficou entre os 20 suplentes. Arruinado e sem apoio dos companheiros de ideologia e dos que lhe sepultariam
depois, o meu pai foi seu assessor de imprensa na campanha eleitoral. Maurílio não esquecera dele.

Natal, sem alvissareiros, poetas em cada esquina, cada vez mais impessoal, é coberta do luto indefeso, seu rosto autêntico chorando
Maurílio Pinto de Medeiros, seu símbolo protetor morto impiedosamente pela diabetes neste fim de sábado(19/5).

Ausência certamente celebrada como em banquete podre e silêncio covarde pelos abutres dos valores invertidos.

Paz nas estrelas, Xerife.

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O descanso do decano do jornalismo mossoroense

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Há quase 15 anos quando pus os pés pela primeira vez numa redação de jornal e um dos primeiros alertas foi o de que jornalista não se aposenta. Mas Emery Costa insiste que pode se aposentar sim após 55 anos comunicando e fazendo história na mídia local.

Tive a honra de trabalhar com Emery por 12 anos em jornal, rádio e TV. Eram aulas diárias de humildade e companheirismo. Ele é uma figura ímpar nesses dois aspectos.

Na coluna diária em O Mossoroense, os leitores se deleitavam com sua escrita leve. No rádio e TV a notícia objetiva era sua prioridade.

Seu trabalho alcançou tanta relevância que chegou a ser candidato a vice-prefeito de Mossoró em 1972 compondo com Lauro da Escóssia Filho em um embate eleitoral vencido por Dix-huit Rosado.

Emery encerrou as atividades na Rádio Rural no último dia 28 de fevereiro falando que ia se aposentar. Lembre-se, jornalista não se aposenta.

Logo veremos ele postando alguma amenidade ou nota fúnebre no Facebook.

Vida longa ao mestre Emery.

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Um maluco beleza do bem se foi

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A última conversa que tive com Cabi da Costa de Lima foi no lançamento do livro “Os Rosados Divididos”. Ele reclamava de muitas dores do que suspeitava ser um problema na vesícula. “Só vim porque era o primeiro, viu?”, avisou o Camaradinha.

Infelizmente o quadro era mais grave do que se imaginava e ele acabou não resistindo para tristeza de todo o Rio Grande do Norte que aprendeu a admirar esse maluco beleza do rádio.

Generoso, em um de nossas últimas conversas ele foi me procurar na Reitoria da UERN para pedir ajuda para um amigo em comum. Assim era Caby, um cidadão capaz de dar tudo o que tinha para ajudar alguém.

Guardo na lembrança cada conversa, conselho e sugestões que o amigo Caby me deu.

Caby com seus tamancos fez história no rádio mossoroense com a ousadia dos diferenciados. Chegou a levar uma equipe esportiva do interior do Rio Grande do Norte para transmitir o mítico Fla x Flu do gol de barriga de Renato Gaúcho, no histórico show de Romário nas eliminatória da copa de 1994 ele estava lá cotando a história.

Foi o presidente que montou um dos melhores times da história do Potiguar, em 1997.

Era respeitado e admirado no meio radiofônico sempre tratado como “camaradinha” seu bordão marcante.

Ele deixou um relevante legado de livros de coletâneas fotográficas de personalidades locais que só será compreendido no futuro.

As manhãs de domingo não serão mais as mesmas sem o som do Caby.

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A inteligência na simplicidade de Milton Marques

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Passei a conhecer Milton Marques de Medeiros mais de perto em 2011 quando fui nomeado por ele jornalista da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) após ser aprovado em segundo lugar em um concurso público.

Ficava impressionado como aquele pequeno grande homem era objeto de tanta admiração e ao mesmo tempo tão simples. Tive poucos e bons contatos com ele nesse período. Lembro de um em especial: fiz uma matéria, não lembro bem o assunto, mas o gesto não tinha como esquecer, um e-mail parabenizando o texto. “Ora! O reitor se preocupar em fazer isso?”, me perguntava.

Mas Milton Marques era assim. Fazia questão de incentivar e apoiar os que se encontravam em sua volta. Após deixar a Reitoria em 2013 com a sensação de dever cumprido por ter pacificado tanto a UERN, a ponto de quase ser candidato único na reeleição em 2009, só voltei a ter contato com ele em 2015 quando ele confiou a mim a missão de por em prática um antigo projeto dele: um programa político no concorrido horário do meio-dia. A carta branca foi total acompanhada de uma única recomendação: fazer jornalismo com “J” maiúsculo.

Foi nesse período que conheci melhor Milton Marques. Conversar com ele era uma aula de como ser inteligente e ao mesmo tempo simples convertendo a postura em sabedoria.

Tão sábio que mesmo cortejado por todos os segmentos políticos do Estado nunca quis entrar para a sujeira da política. Perdeu Mossoró? Não diria isso. Ganhou a cidade porque na sua sabedoria, Milton tinha ciência de que não precisava ter um mandato de prefeito ou deputado para contribuir com a cidade que ele tanto amava.

Com visão além do nosso alcance ele enxergava Mossoró melhor que os políticos e através da iniciativa privada pode fazer muito pela cidade. Também contribuiu no serviço público sendo presidente do antigo IPE (Instituto de Previdência do Estado, atual IPERN), como professor da UERN, fundador da Faculdade de Medicina e reitor por dois mandatos.

Médico psiquiatra, empresário do ramo salineiro, jornalista, advogado, professor, reitor e dono de um dos maiores complexos de comunicação do Rio Grande do Norte.

Creio que sua última grande alegria tenha sido poder anunciar que o seu xodó, a 95 FM, assumira a liderança em todos os horários no rádio local. Fica para nós, funcionários da emissora, a missão de manter essa posição como a melhor forma de homenageá-lo.

Como ser tanta coisa e ao mesmo tempo ser tão simples, tão humilde? Como ter tanta inteligência e boas ideias e ao mesmo tempo ter a disponibilidade de ouvir, ser conciliador? Só sendo Milton Marques.

Ele deixa um grande legado.

Guardarei na lembrança a imagem de um homem sábio, que aliava inteligência dentro da sua sublime simplicidade.

Foto: Luciano Léllys

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Um gesto que muda a imagem de um país

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Pare e pense: quando você pensa na Colômbia qual a primeira imagem que lhe vem a cabeça. Acredito que a resposta seja Pablo Escobar, tráfico de drogas, As FARC, terremotos… Quis o destino que a tragédia de terça-feira acontecesse na Colômbia, mais precisamente em Medellín justamente a terra que tantas notícias negativas deu ao mundo manchando a imagem de um país graças ao cartel.

Agora tudo mudou. Logo que a tragédia aconteceu o Atlético Nacional, atual campeão da Libertadores, abriu mão do título da Copa Sul americana num gesto de grandeza que me levou as lágrimas. Depois os jogadores do clube apoiaram a decisão e o mais bonito: os torcedores foram ao estádio homenagear as vítimas do acidente aéreo e dizer que a Chapecoense era a campeão do torneio. Foi de arrepiar. Fui as lágrimas.

A partir de agora o preconceito em relação a Colômbia será deixado de lado. O país será lembrado pelo seu povo solidário, pela grandeza de seus dirigentes esportivos e atletas.

Queria ter escrito antes esse texto, mas não conseguia porque chorão assumido que sou saberia que iria às lágrimas como estou indo agora.

Força Chape!!! Mas também viva Colômbia pela lição de humanidade dada esta semana.