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Câmara Municipal: um poder de costas para o povo de Mossoró

Parlamento de costas para o interesse público (Foto: reprodução/Youtube)

Nos últimos meses os assuntos de maior repercussão envolvendo a Câmara de Mossoró foram a briga fratricida pelo retorno da verba de gabinete e desde ontem a regulamentação do uso da cota de combustível para os gabinetes.

A verba de gabinete é de R$ 4,5 mil e a cota de gasolina R$ 2 mil.

O problema não é ter verba de gabinete nem cota de combustível.

Não sou da turma hipócrita que critica algo necessário para o exercício da atividade parlamentar como a verba de gabinete, mas considero a cota de R$ 2 mil para combustível um valor alto.

O problema é a improdutividade do legislativo.

Não falo de volume de proposições, até porque muitas são mesmo para “encher linguiça”, mas de ações práticas promovidas pela Câmara Municipal em defesa dos interesses de Mossoró.

O que a Câmara tem feito diante do que realmente importa? Confesso que não consigo visualizar resultados práticos. Atual legislatura não é a “pior de todos os tempos” como sempre classificam e a formação do momento.

Mas é preciso um giro para que a casa vire de frente aos interesses do povo. A Câmara não tem sido a caixa de ressonância da sociedade, não se comporta como “casa do povo”. Pelo contrário, os assuntos mais relevantes são brigas internas.

A casa não tem chamado a responsabilidade para a crise da indústria salineira, saída Petrobras, decadência da economia mossoroense, saúde periclitante e a violência que bate a nossa porta diariamente.

Não basta fazer uma audiência pública. É preciso muito mais. Os mandatos são via de regra amadores, mesquinhos e pouco produtivos.

A Câmara Municipal está de recesso desde 21 de dezembro e ninguém deu falta. No dia 20, quando retomar as atividades, teremos 59 dias sem sessões. A paralização é longa e a revolta aumenta quando lembramos que no meio do ano serão mais 30 dias sem atividades em plenário.

O nosso legislativo é historicamente submisso ao Palácio da Resistência, omisso com os interesses da sociedade e preocupado mais com as questões internas do que com o bem coletivo.

É como se tivesse um compromisso com a irrelevância.

A Câmara Municipal de Mossoró está de costas para o povo.

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Penduricalhos da magistratura: juízes até calados estão errados

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A semana no Rio Grande do Norte foi marcada pela vergonhosa proposta de converter em pecúnia as licenças-prêmio não gozadas pelos magistrados (ver AQUI). A medida beneficiaria aposentados e parentes de falecidos.

O judiciário vive uma crise moral sem precedentes no Brasil. Aos poucos seus penduricalhos, como acintoso auxílio moradia, vão sendo expostos e o desgaste parece estar apenas começando.

A reação do presidente da Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte (AMARN), Herval Sampaio Junior, em defesa da proposta assinada pelo presidente do Tribunal de Justiça Expedito Ferreira, gerou revolta em toda a sociedade potiguar. Escassos setores da imprensa potiguar (esse blog incluso) se manifestaram de forma crítica com destaque para a jornalista Emily Virgílio, da Intertv Cabugi.

O assunto poderia ter se encerrado no recuo (ver AQUI) feito por Expedito Ferreira logo após as críticas da presidente do Supremo Tribunal Carmem Lúcia e do Conselho Nacional de Justiça.

Mas aí o juiz Herval Sampaio achou por bem fazer uma nota (ver AQUI) que, terminou sendo motivo de piadas nas redes sociais, afirmando ter sido vítima de uma “armadilha”. Soou patético e um indicativo de que o outrora admirado magistrado vai perdendo adeptos em Mossoró onde se destacou nas eleições de 2012 atuando na esfera eleitoral.

É inadmissível tanta insensibilidade por parte de juízes que deveria preservar o zelo pela coisa pública, mas acham justo receberem gordos salários e soma-los aos penduricalhos da vida num Estado onde pobres morrem com segurança e saúde precárias e a educação é uma lástima. Sem contar os servidores do executivo que sofrem há dois anos com salários atrasados.

Essa indiferença e falta de empatia com os outros só revelam a distância entre os magistrados e o povo.

Expedito Ferreira preferiu o silêncio, mas está tão errado quanto Herval Sampaio.

No Rio Grande do Norte até calado um juiz (que defende os penduricalhos) está errado.