A manchete é dura. Mas trata-se de um fato objetivo. Rosalba Ciarlini (PP) é apontada por parte considerável da sociedade mossoroense como a melhor prefeita que esta cidade já teve.
No imaginário popular só Dix-huit Rosado faz frente a atual mandatária do Palácio da Resistência.
Mas atual gestão deixa desejar. As duas pesquisas realizadas pelo Instituto Seta (em abril para o Blog do Barreto e agosto para o Blog do BG) mostraram que a chefe do executivo municipal é desaprovada pelo eleitorado local.
Não é por acaso. Ela vem mês a mês atrasando salários e sendo desmentida nas redes sociais quando vende a ideia do “salário rigorosamente em dia”. Outro ponto negativo são as dívidas que se acumulam com terceirizadas e fornecedores.
A saúde é um dos principais problemas da gestão que é atacada pela falta de medicamentos nas unidades básicas de saúde.
Na campanha de 2016 Rosalba vendeu a ideia de que Mossoró só daria certo com ela poder, mas a realidade mostra-se dura num cenário em que o dinheiro é escasso.
Não há avanços na atual gestão. Repetem-se os problemas da gestão de Francisco José Junior e a diferença é muito mais pela menor mobilização da sociedade e silêncio de boa parte da mídia local. Além de uma oposição desorganizada na maior parte do tempo.
A prefeita não tem muito que apresentar. Durante boa parte da atual quadra histórica tentou pegar carona em obras alheias como a retomada dos voos comerciais no Aeroporto Dix-sept Rosado, cuja ligação para “Betinha” entrou para o folclore político local.
Agora corre contra o tempo para ter alguma coisa para mostrar no próximo ano. Tudo na base do improviso.
Rosalba e seus apoiadores orgulham-se de dizer que o município recuperou a capacidade de se endividar quando o foco deveria ser a retomada dos investimentos com receitas próprias. Como a segundo alternativa não foi possível contenta-se com o paliativo.
Não há uma política municipal de geração de empregos num cenário que exige ousadia e políticas anticíclicas. A prefeita prefere comprar uma briga contra o Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial (PROEDI) ao invés de buscar alguma indústria que se instale em Mossoró.
Sob este aspecto ficou o mico da promessa de retomada dos investimentos da Porcellanati que ficou na memória coletiva como um engodo eleitoral no pleito do ano passado.
A gestão caminha para o quarto ano sem conseguir realizar uma grande obra e a imagem da prefeita sofre corrosão a ponto de 60% dos mossoroenses não confiarem na palavra dela como apontou o Instituto Seta em abril.
O quadro era bem diferente nas outras gestões. A primeira passagem (1989/92) de Rosalba pelo Palácio da Resistência foi marcada por obras de melhoria na infraestrutura urbana, construção de praças e calçamentos.
Na segunda e terceira gestões (1997/2000 e 2000/2004) ela surfou em cima da estabilidade econômica e início da era dos royalties do petróleo (a partir de agosto de 1997) quando ganhou um recurso extra no orçamento todos os meses para aplicar em obras. Assim surgiu um calendário cultural preservado até os dias atuais, umas série de obras e o pioneirismo da primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Rio Grande do Norte, instalada no Alto de São Manoel.
Hoje temos uma carência tamanha de investimentos que nos bairros os moradores se organizam para fazer obras por conta própria, gerando um constrangimento sem tamanho para a prefeita.
Rosalba deixou a Prefeitura de Mossoró saneada e com dinheiro sobrando. Ainda que sacrificando os servidores a folha de pagamento consumia 36% do orçamento.
Ao retornar ao poder após 12 anos, com a experiência de ter passado pelo Senado e Governo do Estado, Rosalba culpa seus sucessores /antecessores, mas tem culpa no cartório.
A segunda e terceira gestões tiveram a grande oportunidade de fomentar novas cadeias produtivas preparando Mossoró para a previsível saída da Petrobras. Qualquer criança no ensino fundamental aprende que o petróleo é um recurso natural finito. Faltou uma política de estado, sobrou política de governo. Deu certo para fomentar o mito político, deu errado para os dias atuais.
A prefeita apostou tudo em festas como o Mossoró Cidade Junina que nasceu com o objetivo de fazer frente aos festejos de Campina Grande e Caruaru e hoje é evento importante, mas reduzido e regional.
Mossoró preparada poderia sobreviver ao baque da redução dos investimentos da Petrobras. Rosalba sabe que foi omissa no passado e sofre por isso no presente. O futuro lhe reserva novas cobranças.
Se hoje Rosalba tem a pior de suas quatro passagens pelo Palácio da Resistência não pode somente culpar Fafá Rosado (2005/2012) por ter ampliado as políticas públicas que a própria se esquivou de fazer, Cláudia Regina (2013) que sequer teve tempo de imprimir sua própria marca ou Francisco José Junior (2013/2016) que pegou um orçamento estrangulado e cometeu lá suas trapalhadas. A prefeita atual também é parte da culpa como mostramos neste texto.
Nas eleições de 2016 ela prometeu fazer Mossoró dar certo. Não está dando.