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Reportagem

Potiguar x América será histórico para o jornalismo potiguar

Da beira do campo para a cabine: Larissa está em franca ascensão no jornalismo esportivo do RN (Foto: cedida)

Larissa Maciel é mais que uma jornalista. É uma rompedora de barreiras impostas às mulheres no futebol por causa do machismo. Dona de um excelente texto ela se tornou a primeira mulher a ter um blog exclusivamente voltado para esta área no Rio Grande do Norte.

Na sexta-feira, por volta das 20h, quando entrar na cabine para trabalhar ela estará rompendo uma nova barreira: vai comentar Potiguar x América no Nogueirão (o jogo será 20h30) no microfone da 95 FM.

Larissa vai trocar a reportagem do lado do campo para comentar o jogo. Mulher na beira do campo não é uma novidade em Mossoró, mas comentando o jogo é uma  escrita que será quebrada no Estado. Ainda assim, ela não se enxerga como alguém que está quebrando um tabu. “Não me sinto quebrando um tabu porque ele está enraizado demais no nosso meio. É preciso combatê-lo diriamente. Mas a sensação é de uma profissional pé no chão, que sonha MUITO e que se alegra com cada passo. Aos amigos homens que reconhecem isso, maravilha. Os que preferem limitar ou nos diminuir com machismo, aquele abraço”, declarou.

A própria pondera que é a primeira mulher a exercer a função de comentarista no RN de forma profissional, mas que já existem colegas cumprindo este papel de maneira mais informal.

Ela conta ao Blog do Barreto que estará realizando um sonho. “Com toda certeza! O engraçado é que comentei muito por cima com Fábio, nosso narrador, desse sonho. “Do nada” caiu no meu colo. É uma sensação de muita responsabilidade, mas da certeza de que posso chegar onde eu quiser”, avaliou.

Nota do Blog: estou muito feliz em registrar esse fato. Larissa é talentosíssima. É uma colega que quando bati o olho no primeiro texto dela que li pensei: “essa vai longe!”

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Artigo

“8 de março: um carrinho seguro em quem já tentou nos derrubar”

Por Larissa Maciel*

A nossa existência sempre é colocada entre tantas palavras clichês, tantos estigmas, tantos adjetivos que escondem uma história cheia de preconceitos, misoginia e luta, muita luta. Imagine você querer alcançar um sonho, querer simplesmente um emprego e não conseguir apenas por ser quem você é. É, no mínimo, doloroso.

Ser mulher no esporte é um desafio. É sentir medo de frequentar lugares, sentir nas costas os olhares alheios, cheios de julgamentos, dedos apontando, comentários de pé do ouvido, tudo que não seria dito se ali, no meu lugar, estivesse um homem.

É se sentir meio alienígena num espaço que nos sentimos tão bem, mas às vezes tão mal. É ter que ser meio jogadora de futebol, premeditar alguns lances pra driblar o assédio. É ver que sempre vão tentar te diminuir e questionar sua inteligência, mas sempre, sempre, sempre te colocar no pedestal da aparência, da sensualidade, quando você não deseja este posto.

É ter medo do árbitro da vida que pode te colocar pra fora do nada. É ter medo do zagueirão pesado, que vem na sua direção, doido pra te dar um carrinho por trás, apenas por ser mulher. É escutar conselho até de quem não entende, mas se acha no direito, o chamado mansplaining. É ter medo de ir ao banheiro de um estádio, de frequentar corredores cheio de faces masculinas que viram para olhar seu corpo, é ter medo do dia de amanhã, mas ainda sim, sonhar com um gol.

É saber, que mesmo em meio ao medo, em algum lugar, na arquibancada ou não, uma mulher estará se inspirando em você. E isso já tem o tamanho de um título.

Amigas mulheres, não registrarei aqui um parabéns, mas um encorajamento: sejamos as donas do jogo. Sejamos um time. Porque, se quisermos, não vai ter retranca, nem juiz tendencioso, pra tirar de nós o que é de direito: a consagração de uma camisa 10, a vitória vinda da luta pelo título do respeito.

*É jornalista com atuação na equipe de esportes da TCM.