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A síntese. A posição dos moderados

Por Francisco Carlos*

A tentativa de formar dois rígidos polos ideológicos no Brasil está ficando ridícula e perigosa. Perceba, a título de exemplo, que quem não entra na lógica alucinada do “nós contra eles” é tachado, no mínimo, de “isentão”.

Na verdade, dividindo ou pretendendo dividir as massas, pelo patrulhamento político das opinões sobre temas nacionais, os indutores da polarização estão querendo tolher a capacidade das pessoas de construírem senso crítico, com o único objetivo de fortalecer suas bases políticas. Quem não concorda é “empurrado” para o “outro lado”. Vai para o grupo “do eles”. O objetivo dessa estratégia não é forma seres pensantes, mas alienados seguidores.

Eu não quero ser contra Bolsonaro, porque “nada que vem dele pode ser bom”. Também não quero achar que, seguindo-o, estou me afastando de qualquer ideologia, negando que, na verdade, estou abraçando outra. Eu quero perceber que há questões que devo apoiar e outras que não devo apoiar. Aliás, que devo rechaçar completamente.

Por outro lado, acredito que há coisas ruins dos governos petistas que não quero mais para o Brasil e há coisas que precisam permanecer e até serem aperfeiçoadas e ampliadas.

Vamos ler os conteúdos de forma atenciosa, refletir e tirar conclusões provisórias.

Se não concordarmos com algo do “nosso lado”, não vamos apoiar, vamos combater. Podemos fazer isso sem trocar de lado. Pelo menos até enquanto os prós (a nosso ver), sejam mais fortes que os contras.

O fundamento do que estou falando (ou tentando falar) é antigo. Tese, antítese e síntese. Quem desejar, escolha uma tese ou fique com sua anti tese. Eu estou procurando a síntese. Um olho no gato e outro no peixe.

Vamos lembrar que a síntese não é uma posição de neutralidade. É outra opção, construída a partir das tensões entre as duas posições anteriores.

Não existe neutralidade. Existe tentativa de ser neutro e objetivo. Esse esforço configura a formação de uma terceira opção, e não algo que fica no meio das duas primeiras.

Pode ser que alguém pretenda a neutralidade se distanciando e não assumindo posições. Não é o caso de quem busca uma síntese.

Quem busca a síntese não está defendendo a isenção. Está querendo algo melhor, uma terceira (e provisória) alternativa. Quem desejar, pode permanecer alienado, no conforto dos polos, conversando com os seus iguais.

A formação de grupos e o sentimento de pertencimento é bom e necessário. A capivara fora do grupo é presa fácil. Mas, não precisamos estar em tudo e o tempo todo subjugados aos limites determinados pelo grupo. Evolução está fora dos limites estabelecidos, seja ele qual for.

Um grande abraço.

*É professor da Faculdade de Economia da UERN e Vereador