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Quando a gratidão se choca com o profissionalismo

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O jornalismo é o exercício diário da democracia e do dever com o interesse público doa a quem doer, inclusive o próprio jornalista. Ao contrário do que pensam alguns, não há glamour na profissão.

Os jornalistas são seres humanos e a gratidão é um sentimento forte entre pessoas normais. A profissão em algum momento pode jogar nossos sentimentos pessoais contra os deveres profissionais.

Ontem tive uma sensação estranha ao ter que noticiar a prisão do ex-deputado federal Laíre Rosado. Não se trata de um político qualquer para mim. Durante 12 anos ele foi como uma pessoa de minha família a quem sempre terei gratidão.

Com ele aprendi muitas coisas e ouvi conselhos importantes não só para o jornalismo como para a vida. Foi no jornal dele onde dei meus primeiros passos na profissão que tanto amo. Foi na TV e rádio dele que assumi funções que me escancararam portas para o crescimento profissional. Não tenho como negar meu sentimento de gratidão como também não posso me furtar ao dever de informar.

Para mim é difícil acreditar que Laíre tenha se envolvido em esquema de desvio de mais de R$ 100 milhões na saúde. Ironia do destino: ele, médico, estava atendendo pacientes quando foi preso.

Quem conhece Laíre de perto sabe o quanto ele é educado, culto e respeitoso. Crime e a personalidade de Laíre não deveriam caber em uma mesma frase. É duro vê-lo preso como seria com qualquer outro amigo e parente meu.

Ontem cumpri meu dever de noticiar os fatos, mas não poderia também abrir mão de demostrar minha gratidão a Laíre em um momento tão difícil para ele e sua família. Separar sentimentos é uma tarefa muito complicada, mas ser injusto com a própria consciência não é honesto.

Mesmo com o dever de noticiar os fatos é preciso registrar a gratidão.