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Mesmo líder nas pesquisas, Fátima Bezerra tem candidatura fragilizada

Historicamente Fátima sempre colou imagem em Lula
Historicamente Fátima sempre colou imagem em Lula

Fala-se que a senadora Fátima Bezerra (PT) lidera porque tem os votos históricos do PT no Rio Grande do Norte. Oscilando entre 20 e 25% nas pesquisas, a parlamentar na verdade bate com folga a média histórica do partido em eleições para Governo do Estado, mas isso não significa que ela seja favorita consolidada a essa altura do campeonato como era Rosalba Ciarlini em 2010, por exemplo.

O PT do Rio Grande do Norte não disputa o Governo do Estado desde 2002 quando Ruy Pereira obteve 147.380 (11.24%) votos.  Esse foi com folga o melhor desempenho de um candidato petista ao Governo. Como não tivemos petistas disputando o executivo estadual nos pleitos de 2006, 2010 e 2014 não há parâmetro que indique que Fátima esteja limitada a um suposto patamar histórico do partido ao oscilar entre 20 e 25% nas intenções de votos.

A favor dela pesa o fato de ter disputado as quatro últimas eleições em nível de Estado sendo vitoriosa em todas. Dos três pelitos para deputada federal foi duas vezes a mais votada (2002 e 2010) e venceu a ex-governadora Wilma de Faria com folga para o Senado em 2014.

No entanto, há muitos pontos que tornam a liderança eleitoral de Fátima frágil. O primeiro deles é até óbvio: a alta rejeição ao PT. Todas as mazelas da legenda vão respingar na senadora que terá dificuldades para se defender num cenário de antipatia generalizada a uma agremiação cuja a imagem dela é impossível de dissociar.

Outro ponto de fragilização para a postulação de Fátima Bezerra é a questão da segurança pública. Com a sociedade cada vez mais preocupada com o tema, o assunto será foco significativo nos debates. A esquerda historicamente tem dificuldades em apresentar soluções para o problema. O discurso da inclusão social como instrumento de diminuição da violência está em crise. Nunca tantos brasileiros foram incluídos no mercado consumidor. Nunca a violência cresceu tanto como nos governos petistas. Esse é um problema que ela terá de lidar.

A crise com o funcionalismo público é outro nó para a senadora Fátima Bezerra. Com histórico de envolvimento na luta sindical ela terá que apresentar soluções para os atrasos salariais fora da cartilha neoliberal. Até aqui não se sabe qual a solução da petista para acabar com os atrasos salariais. Conhece-se apenas as críticas da parlamentar.

Outro aspecto que atrapalha Fátima é o hábito que o PT potiguar sempre teve de nacionalizar os debates em nível estadual e municipal. A parlamentar tem a imagem muito colada em Lula e dependeria de uma candidatura dele a presidente para alavancar o potencial de votos e crescer de forma consistente. O ex-presidente está mais próximo de se tornar um presidiário do que voltar a governar o país.

A liderança de Fátima Bezerra nas pesquisas lembra muito a de outro Bezerra, o Fernando, que liderava até com mais consistência que ela em 2002 (chegou a se especular que ele venceria no primeiro turno) e terminou nem indo ao segundo turno graças a uma alta rejeição.

Rejeição é um dos problemas de Fátima como já escrevi no começo desse texto.

Na política vitórias e derrotas não são determinadas por um único fator por mais que algum seja pinçado e sobressaia a ponto de ser considerado decisivo pelo senso comum. Para minimizar essa fragilidade, Fátima Bezerra precisará fazer uma campanha cirúrgica no discurso e profissional nas ações de campanha para não ser surpreendida.