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Acesso ao pronto-socorro adulto do Hospital José Pedro Bezerra, em Natal, passa a ser regulado

Diretor do Hospital José Pedro Bezerra, Jacques Fiuza Campos, falou sobre a regulação – Foto: Sandro Menezes

Desde ontem, 8, o acesso ao pronto-socorro adulto do Hospital José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina, em Natal, passou a ser regulado, segundo informou o diretor da unidade hospitalar, Jacques Fiuza Campos, durante sua participação em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 9, em Natal.

De acordo com o diretor, ontem a unidade conseguiu que a Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte, junto com a Coordenação de Operações de Hospitais e Unidades de Referência (COHUR), assinasse um documento que regulou a porta de acesso ao pronto-socorro adulto.

Ele afirma que o hospital tem uma particularidade, que é hospital geral e maternidade, e possui três portas de acesso – urgência clínica, urgência obstétrica e urgência cirúrgica.

“Nosso hospital não pode ser encarado como uma Unidade de Pronto Atendimento”, disse o diretor, acrescentando que a unidade serve como retaguarda para internação de pacientes cardiológicos, com urgências gastroentereológicas, que precisam de endoscopia digestiva, pacientes de homodiálise e pacientes com sepse grave.

“Nas nossas negociações junto à Secretaria de Saúde, nós tivemos o entendimento de que a nossa porta, aos moldes do que já existe no Hospital Walfredo Gurgel, do que já existe no Hospital Giselda Trigueiro, do que já existe no Hospital Maria Alice Fernandes, no Hospital Pedro Germano, que e o Hospital da Polícia, nós entendemos que o nosso perfil de hospital é muito mais parecido com esses hospitais do que parecido com uma unidade de pronto atendimento. E, portando, desde ontem foi decidido que o nosso hospital, na verdade foi efetivado, que o nosso hospital teria uma porta regulada”, acrescentou.

Segundo ele, a discussão sobre o assunto vem desde o início de 2019 e em agosto de 20019 um documento que já regulamentava regulação da porta.

Jacques Fiuza Campos afirmou ainda que, embora o Hospital José Pedro Bezerra não tenha perfil de referência para pacientes com suspeita ou confirmação do novo coronavírus, tem vários internamentos pelo novo coronavírus. Segundo ele, mesmo com a regulação da porta, esses internamentos vão continuar acontecendo.

De acordo com o diretor, na manhã de hoje a unidade materna do Hospital José Pedro Bezerra tinha contava com seis pacientes internadas, sendo três gestantes estáveis, com casos confirmados de Covid-19, aguardando tratamento ou resolução da gestação, e três puérperas com suspeita de Covid-19.

No centro cirúrgico havia uma paciente com suspeita do novo coronavírus, no pronto-socorro adulto três pacientes confirmadas e três suspeitos e na UTI um paciente confirmado.

Na UTI Neonatal quatro recém-nascidos suspeitos com quadro de saúdes estáveis estavam internados na manhã de hoje.

“O nosso serviço é um serviço de referência para as pacientes Covid de obstetrícia”, destacou.

Segundo ele, a dificuldade agora é a separação do fluxo e a retaguarda para os pacientes. O diretor afirmou que durante a pandemia vem tentando fazer readequações na estrutura do hospital.

“Nós somos referência para cirurgia, nós somos referências para os traumas abdominais, para os ferimentos por arma de fogo, para os ferimentos por arma branca e esses pacientes ao chegarem no nosso serviço não vão precisar de regulação, obviamente.”, acrescentou.

“Eu queria ressaltar, aqui que qualquer paciente que chegue sem condições de ser transferido ele vai ser atendido. O que não quer dizer que todo paciente que busque o hospital por meios próprios vai ser atendido”, disse.

“Então, a importância dessa regulação é garantir eficiência do serviço, garantir um serviço melhor para quem precisa do nosso serviço e quem nós somos obrigados, por lei e por uma negociação dentro dos entes do SUS, a receber”, concluiu o diretor.

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Tempo médio de regulação de pacientes com sintomas de Covid-19 ultrapassa 30 horas e média de transferência chega a 11 horas no RN

Gráficos mostram tempo de transferências de pacientes (Fonte: RegulaRN – SESAP – LAIS )

O tempo médio de regulação de pacientes para leitos críticos destinados ao tratamento das pessoas com sintomas de Covid-19 no Rio Grande do Norte era de 32 horas e 9 minutos. Já o tempo médio de transferência era de 11 horas, segundo dados do RegulaRN observados na noite de ontem, 5.

A partir da observação da Rota das Regulações, disponível no site do RegulaRN e que mostra os dados referentes a município de origem, região de destino do paciente e o tempo médio de transferência relacionados a regulações dos últimos sete dias, é possível observar o tempo de cada transferência.

Há casos em que ela pode levar 1 hora e 8 minutos, como é o caso do tempo médio de transferência de uma solicitação regulada de Jucurutu para Caicó (distantes cerca de 53,9 Km), passando por 2 horas e 18 minutos, conforme uma transferência de Porto do Mangue para Mossoró (cerca de 90,7 Km de distância), até 19 horas e 56 minutos, como ocorrido em uma transferência de Carnaubais para Mossoró (de 74,4 Km a 100 Km de distância, dependendo do trajeto seguido).

Há casos em que a demora é ainda maior, como observado na transferência de paciente de São Paulo do Potengi para Natal (distantes cerca de 89,4 Km), cujo tempo médio, segundo o RegulaRN, foi de 1 dia e 3 horas, e de São José de Mipibu para Natal (aproximadamente 37,8 Km de distância), que demorou 1 dia e 21 horas.

Boa parte dessas transferências ocorre devido a superlotação nas unidades hospitalares da região mais próxima ao local de origem do paciente.

Gráfico mostra que uma das regulações chegou a demorar quase dois dias para ser concluída (Fonte: RegulaRN – SESAP – LAIS)

Segundo um dos pesquisadores responsáveis pelo site, a contagem do tempo de transferência começa no momento que a aceitação do paciente é confirmada pela unidade de saúde. “O tempo de transferência ele é calculado no momento que o prestador do leito aceita receber o paciente até a data de check-in dentro do leito”, afirma. “Entre estabilizar ele na UPA, colocar dentro do carro e levar para o prestador”, acrescenta.

O secretário adjunto de Saúde do Estado, Petrônio Spinelli, falou sobre o assunto. “Tem o tempo de diagnóstico e de solicitar a regulação. Depois tem o tempo da Regulação conseguir o leito, que esse é o tempo maior e depois, conseguido o leito, da regulação propriamente dita”, disse.

Hoje, a transferência dos pacientes entre municípios do RN é feita, principalmente, pelas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

“Geralmente, os pacientes que são transferidos eles estão sendo de prioridade 1 e 2, que precisam de ambulância especializada. Então, muito raramente vai ter município ou hospital que tenha essas ambulâncias. Pode acontecer entre ambulâncias de hospitais, hospitais que tenham ambulância UTI, mas isso é muito pontual. Então, pode-se dizer que é essencialmente, realmente, os Samus”, afirmou Petrônio Spinelli.

De acordo com o diretor do Samu de Mossoró, o médico Dixon Fradik, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência continua trabalhando normalmente, com todas as ambulâncias à disposição da população e sempre trabalha com viatura UTI para transporte de pacientes para outros municípios. Seguindo a orientação do Ministério da Saúde, seis viaturas estão em funcionamento. Havia cinco, mas foi disponibilizada uma a mais, segundo o diretor.

Desse total de ambulâncias, quatro são de suporte básico, que atuam com um técnico de Enfermagem e um socorrista, e duas são de suporte avançado (UTI), que funcionam com um médico, um enfermeiro e um socorrista. Dixon Fradik informa que cerca de 120 profissionais já atuavam no Samu antes da pandemia.

O diretor explica que quando a transferência do paciente ocorre para outro município, o Samu disponibiliza a viatura de suporte avançado. Por causa da pandemia, no entanto, às vezes é necessário enviar uma ambulância de suporte básico. Ele conta que na quinta-feira passada, 4, por exemplo, o Samu precisou realizar a transferência de dois pacientes de Mossoró para Caicó, para isso, duas ambulâncias – uma de suporte básico e outra de suporte avançado – seguiram juntas para que, caso fosse necessário, o médico presente na viatura tipo UTI pudesse dar suporte ao paciente da outra viatura.

Dixon Fradik afirma que o Samu Mossoró chega a fazer até três transferências entre municípios, e que isso requer grande logística. Além disso, segundo ele, de uma transferência para outra é necessário mudar de equipe, para tentar evitar que o cansaço ocasione algum erro que coloque os profissionais em risco.

Já o número de transferências entre unidades hospitalares de Mossoró é bem maior. “Aqui em Mossoró a gente faz, em média, entre 12 e 15 transferência por dia, só de Mossoró, entre UPA, São Luiz. Já teve dia de fazer 23”, conta o médico.

De acordo com o diretor, em relação aos atendimentos de Mossoró, não há grande problemas porque as equipes já estão acostumadas com a logística, mas ele afirma que, infelizmente, há realmente demora na transferência para outros municípios.

Segundo Dixon Fradik, quando o nome do paciente é lançado no sistema, é realizada a busca por vaga e essa vaga é encontrada, a Central de Regulação informa onde foi localizada a vaga e médico tem tempo para ver se o paciente está estável e liga para o Samu. O Samu contata o município de destino para saber se ele tem condições de receber se houver condições, a equipe vai se paramentar, procedimento que demora cerca de 30 minutos.

O diretor afirma que há ocorrências que entram no sistema por volta das 2h. Nesses casos, ele diz que não vê necessidade de colocar em risco a vida da equipe e do paciente somente para estar na unidade de destino às 5h, caso o paciente esteja assistido.

A reportagem tentou entrar em contato com a coordenação do Samu Metropolitano, mas até a noite de ontem não teve retorno.

O secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, disse que o Estado está em processo licitatório, em caráter de emergência, para contratação de empresas que disponham de ambulância de alta complexidade. “Nós estamos fazendo contrato com empresas que tenham ambulância de alta complexidade, ou seja, ambulância-UTI, que é para apressar essa parte aí da transferência”, afirmou.

“Objetivamente, o que nós precisamos é aumentar a capacidade de transporte sanitário, isso nós só vamos fazer agora com a contratação de ambulâncias para isso”, acrescentou. “Nós estamos em processo licitatório, nós estamos fazendo com caráter de emergência, para ver se a gente consegue em, no máximo dez dias, estar com isso resolvido”, complementou Spinelli.

 

Total de atendimentos diários do Samu de Mossoró varia entre 80 e 90

Além dos atendimentos de pacientes com sintomas de Covid-19, o Samu continua atendendo às outras ocorrências. De acordo com o diretor do órgão, Dixon Fradik, por dia são realizados cerca de 80 a 90 atendimentos, dos quais, em média 50 são relacionados ao Covid-19.

Com a suspensão de algumas atividades e redução do trânsito, ele afirma que as ocorrências relacionadas a acidentes de trânsito diminuíram, porém infelizmente, as ocorrências relacionadas à violência, envolvendo armas de fogo e armas brancas permanecem.

Com relação aos profissionais do Samu, de acordo com o diretor, em média 15 profissionais já entraram em contato com o vírus. Alguns, inclusive, já retornaram ao trabalho. “Graças a Deus, está tendo uma rotatividade desses pacientes para o trabalho”, afirmou.

Segundo Dixon, assim como ocorre em outras instituições, no Samu todos estão assustados, com medo e sobrecarregados. “Mas o que não falta é vontade de ajudar”, finalizou o diretor.