Categorias
Artigo

Carlos Augusto Rosado: o roteirista que está perdendo o controle da própria história

Carlos Augusto Rosado não escreve mais os roteiros políticos de outrora (Foto: autor não identificado)

A capacidade de articulação política do líder do rosalbismo Carlos Augusto Rosado é inegável. Da redemocratização para cá ele foi o artífice de sete vitórias em oito eleições para Prefeitura de Mossoró, isso sem contar o pleito suplementar de 2014 quando ele fez um recuo estratégico que garantiu a vitória de Francisco José Junior.

Durante as últimas décadas, foi ele quem escreveu o roteiro da política mossoroense. No dia mundial do teatro a comparação é inevitável.

Na lenda que mistura realidade e ficção na política mossoroense, Carlos Augusto é capaz de eleger e deseleger vereadores e deputados ou decidir o presente e o futuro dos atores políticos nos tribunais, mas também fazer recuos em reta final de eleições cujo pleito já dava como ganho.

Não por acaso, ele ganhou o apelido de “Ravengar”, bruxo da novela “Que Rei Sou Eu”, interpretado pelo ator e, vejam a coincidência, diretor de teatro Antonio Abujamra.

A protagonista de todas as peças de Carlos Augusto Rosado é a esposa dele, a prefeita Rosalba Ciarlini. Nas histórias ravengarianas, ela é a heroína do povo que sempre recupera Mossoró de gestões catastróficas. Assim, Sandra Rosado – hoje aliada fiel- conseguiu a proeza de atrasar seis meses de salários em 70 dias (muita gente até hoje acredita nessa balela que desafia a matemática) enquanto Rosalba operou milagres orçamentários que puseram os salários em dia.

Em tempos de redes sociais, o povo deixou de seguir bovinamente o roteiro traçado por Carlos Augusto Rosado porque passou a fazer seus próprios roteiros como a sátira da cratera que todo ano se abre na Avenida João da Escóssia ou nas cobranças bem-humoradas nas redes sociais.

Como roteirista da política mossoroense, parece que Ravengar “perdeu a mão”.

Os únicos lugares onde o roteiro traçado por Carlos Augusto é seguido à risca é no Palácio da Resistência e na Câmara Municipal cujas histórias seguem a lógica de um teatro de mamulengos.

Fora desses dois ambientes, roteirista/bruxo, vai cada vez mais se tornando espectador de uma história que vai saindo de suas mãos e ganhando título de “A Impopularidade da Rosa”.

Talvez seja preciso atualizar as técnicas teatrais para retomar o controle da própria história.