Câmara Municipal assina contrato em que gasta R$ 12 mil com gerenciamento de redes sociais

A Câmara Municipal de Mossoró assinou em 5 de agosto um contrato de R$ 12 mil com Glebson Dantas da Silva (o primeiro nome dele tem um erro de digitação) que foi contratado por meio item “outros serviços de terceiros – pessoa jurídica”.

Glebson representa a empresa que leva o mesmo nome dele para “criação e montagens de conteúdo não comercial, marketing direto, publicações comerciais e ativação de redes sociais”.


Em conversa por escrito com a reportagem, Glebson explicou que presta serviço à Câmara e ao presidente. No extrato do contrato afirma que o objetivo é fazer um trabalho de gerenciamento de redes sociais, criação de fotos e montagens, publicações em mídias, como qualquer outra empresa.
Ele esclareceu que os R$ 12 mil são o total de um serviço que será prestado em seis meses. Pela explicação de Glebson, ele receberia R$ 2 mil mensais, no caso. “Inclusive, 12 em 6 meses ainda é pouco, se comparado com a Fuá, que era pago 6 mil por mês, quando Francisco Carlos era presidente”, alfinetou.
A reportagem analisou os perfis da Câmara Municipal de Mossoró nas redes sociais. De fato, as ações do Legislativo são atualizadas com frequência. Mas com uma objeção: tudo é sempre focalizado no presidente Jório Nogueira (PSD) e na vereadora Izabel Montenegro (PMDB) com quem ele tem ligações. Mas questionado se teria um clipping com a prestação de contas dos dois meses de contrato, Glebson disse não ter esse material. “Tenho, estou há apenas 2 meses. Há muito ainda para ser feito”, justificou.
O profissional explica ainda que mantém o presidente Jório informado a respeito de tudo que é dito sobre ele nas redes sociais. “Sim, sou responsável, e vejo com o presidente o que deve ser respondido ou não, mas tudo que é dito nas redes ele tem conhecimento”, acrescentou.
Um detalhe chamou a atenção nesse caso. Jório em recente debate na Câmara Municipal disse taxativamente que “é preciso agradar ao cliente” ao reclamar de críticas que recebe na mídia partindo de empresas de comunicação que recebem cota publicitária do Legislativo municipal.

Por coincidência, Glebson é um defensor contumaz de Jório no Facebook e Twitter. Em postagem no Facebook do vídeo em que Jório lamenta as críticas sofridas, o prestador de serviços da Câmara em meio a tantas reclamações contra o comportamento do vereador saiu em defesa dele. “Jório fez em 6 meses o que nenhum outro Presidente da Câmara de Mossoró teve coragem de fazer, criou a TV Câmara, lutou pela fundação Aldenor Nogueira, fez a rampa de acessibilidade, está reformando o elevador, implantou o ponto eletrônico, cortou gastos com publicidade, sinceramente não entendo a revolta de alguns. Parabéns Presidente, pelas idas a Natal a frente da FECAM, pelas conquistas alcançadas a frente do Legislativo de Mossoró, e por ter pulso firme para manter a ordem na Casa”, escreveu em defesa do cliente. Por coincidência, 23 dias após a assinatura do contrato.


Questionado pelo uso frequente dos perfis pessoais em defesa de Jório Nogueira, Glebson garante que publica ações de outros vereadores, mas faz uma filtragem quando se trata de outros parlamentares. Mais uma vez indagado pelo fato de só postar sobre o cliente e Izabel ele respondeu: “Então, no meu perfil pessoal eu posso postar o que quiser, e ter minhas preferências”.
Após ser perguntado se essa preferência política e pessoal pelo presidente influenciou nesse contrato e quantas empresas concorreram na licitação, o empresário desconversou. “Amigo, o setor de licitação está aberto de segunda a sexta aqui na Câmara. Eles informam direitinho, agora tenho que trabalhar. Abraço!”, concluiu.
A reportagem insistiu explicando se tratar de uma entrevista e que faz parte do trabalho de quem presta serviço ao setor público prestar esclarecimentos. Foi solicitada ao menos uma resposta se a questão da proximidade política com o presidente influenciou nessa licitação. Ele silenciou.
Ele também não informou se tem formação na área de comunicação social e se a empresa que leva o nome dele presta serviços a outros clientes. Nem se a empresa tem sede.
Quem também foi procurado pela reportagem foi o jornalista Carlos Scarlack, que nem atendeu ligações nem respondeu a contato feito por WhatsApp.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto