A violência política no Brasil não tem dois lados

Jorge da Rocha Guaranho é Bolsonaro até debaixo d' água (Foto: reprodução)

Não. A violência política no Brasil não começou com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao longo da história da violência política no Brasil se manifestou em vários contornos como o genocídio indígena; a escravidão; a morte de Líbero Badaró; o assassinato do senador Pinheiro Machado e as mortes de Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga que provocaram a Revolução Constitucionalista de 1932.

Ainda tivemos o atentado da Rua Toneleiros que resultou na crise política que terminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Já tivemos o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor, matando um colega dentro do Senado, José Kairala, quando errou o alvo tentando matar Silvestre Péricles de Góes Monteiro, um desafeto político.

Após citar alguns eventos históricos voltamos a nossa realidade atual para dizer que se Bolsonaro não inventou a violência política no Brasil foi ele quem a reinaugurou no contexto da Nova República. Sim, já tivemos assassinatos com finalidade política, mas foi o atual mandatário nacional que adotou a truculência como método para conquista de corações e mentes e inacreditavelmente foi bem-sucedido nisso.

Bolsonaro foi avançando silenciosamente. Em 1999 disse ser favorável a tortura, defendeu o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso e lamentou que a ditadura não tenha matado uns 30 mil. Dali em diante ele foi avançando até que na autorização do impeachment de Dilma Rousseff em 2016 dedicou o voto ao mais conhecido torturador da ditadura militar: Carlos Alberto Brilhante Ustra a quem chamou de “o pavor de Dilma Rousseff”, uma mulher que no passado foi barbaramente torturada.

Bolsonaro sugeriu fuzilar a petralhada do Acre; tem o gesto da arminha como símbolo político e tem um bordão, “povo armado jamais será escravizado”, que tem ares de convocação a uma guerra civil.

Poderia ficar horas escrevendo todos os atos extremistas e estímulo a violência política praticados por Bolsonaro.

Mas não precisa. Quem lê este blog acompanha política e sabe de tudo isso.

Um leitor mais “Poliana” pode alegar que o outro lado também pratica violência política. Reconheço a existência de manifestações de intolerância e ocorrências em sentido de reação como o caso do vereador Diadema que bateu em um empresário bolsonarista que foi a porta do Instituto Lula fazer provocações. Há uma diferença entre ataque e defesa e se você não percebe isso o problema é com você.

Não há dois lados nesta história.

É Bolsonaro quem estimula a violência política. Só ele faz discursos incentivando isso. Se não fosse ele um empresário não teria ido ao Instituto Lula caçar confusão. Se não fosse ele um policial penal federal fanatizado não iria a festa de um petista para assassiná-lo.

Tentar multiplicar responsabilidades para posar de imparcial por pura vaidade contribui para o retrocesso. É pura covardia.

Nenhum outro líder político tem a solução das diferenças políticas através do uso de armas como método político.

“Ah, mas Lula agradeceu o vereador que bateu no empresário”, diria a nossa “Poliana”. Isso não é argumento. A fala foi equivocada, mas não indica um método de ação política.

Não há equiparação.

Outro erro é culpar a “polarização”. Eu fico impressionando como jornalistas que cobrem política não conhecem o significado das palavras dessa área. Polarização é da natureza da política.

Hoje não temos polarização.

Temos um homem de extrema-direita pregando a violência e clamando por um golpe de estado e o resto que é a favor da democracia.

A violência como prática política só existe no discurso de Bolsonaro. Não entender isso é contribuir para que as coisas piorem ainda mais.

A eleição nem começou oficialmente e já temos um cadáver: Marcelo Aloizio de Arruda. O assassino se chama Jorge da Rocha Guaranho. A motivação foi política e o incentivador para isso se chama Jair Messias Bolsonaro.

O resto é isentismo e falsa simetria.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto