Aumenta pressão por leitos em hospitais públicos do RN

Secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, atualiza números sobre o coronavírus no RN (Imagem: Reprodução)

Com 1.935 casos confirmados do novo coronavírus e 90 óbitos com confirmação da doença, o Rio Grande do Norte tinha, até a manhã desta segunda, 11, 32 solicitações de internações em leitos específicos para tratamento de pacientes com sintomas de Covid, provenientes de hospitais do interior ou de Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), segundo informou o secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, durante coletiva de imprensa realizada em Natal.

“Eu quero começar falando da ocupação, a partir da demanda que está vindo para a regulação de pacientes que estão em UPAs ou em hospitais municipais. Isso é que é o sinalizador mais importante para ver a gravidade hoje dos casos que estão precisando de hospital.  Nós temos, no momento, nada mais nada menos do que 32 solicitações de internações de hospitais, vindo de hospitais do interior e das UPAS”, informou o secretário.

Segundo ele, do total de solicitações, duas se enquadram como ‘prioridade 1’ e oito são consideradas como ‘prioridade 2’.

Antes de informar a demanda, Spinelli explicou que ao chegar aos prontos-socorros, as pessoas são avaliadas e, caso haja necessidade de internação, é feita uma classificação. Os pacientes que precisam de imediato de UTI são considerados ‘prioridade 1’; ‘prioridade 2’ é para os pacientes graves que precisam de UTI e ‘prioridade 3’ é indicada aos pacientes que precisam de enfermaria, sob risco de terem o caso agravado.

“Significa que esses dez casos precisavam estar em hospitais, em UTIs ou em semi-crítico. Isso não quer dizer, e a gente já vai explicar isso, que nós estamos em colapso. Significa que nós estamos superlotados. Qual é a diferença? A diferença é que gente considera colapso quando chegam pacientes em hospitais, em pronto-socorro ou melhor, e não tem mais respirador. Aí é colapso, porque a mortalidade nessa hora vai aumentar demais. Então, esse é que é o nosso problema e esse é o nosso risco”, afirmou o secretário adjunto de Saúde.

“Como já foi explicado, os pacientes que são internados em UTI, eles ficam, geralmente, pelo menos 14 dias. Significa que amanhã quase todos que estão entubados hoje vão continuar e depois de manhã também e vão chegar novos e ainda é onde começa a aproximar de se passar da superlotação para o colapso”, disse Spinelli.

O secretário lembrou que os hospitais para tratamento de pacientes com sintomas graves de Covid se localizam em quatro regiões e abordou a situação de cada uma, conforme dados da manhã desta segunda.

No que se refere a Mossoró. Segundo ele, dos 20 leitos de UTI abertos no Hospital São Luiz, 18 estão ocupados. Já no Hospital Regional Tarcísio Maia, a ocupação dos leitos críticos é de 100%. “Em Mossoró, neste momento, nós só temos duas vagas de UTI ou, pelo menos, pensamos que temos, porque eu não sei se nesse momento já foi ocupado”, afirmou.

O blog entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital São Luiz e até as 13h havia ocupação em 16 dos 20 leitos de UTI e de 14 dos 15 leitos de UCI.

Com relação à situação de Pau dos Ferros, Petrônio Spinelli informou que dos oito leitos existentes, há três pessoas internadas e elas não estão entubadas. “Essa é a situação melhor de todas”, afirmou.

Em Caicó, a taxa de ocupação subiu. Dos 20 leitos para tratamento de pacientes do Covid, 15 estão ocupados. “Uma taxa de ocupação de 75% em Caicó”, informou o secretário.

“No caso de Natal, nós temos uma ocupação dos hospitais do Estado considerada 100%. Nós temos uma vaga do Giselda, que talvez receba uma alta agora, mas são números que variam muito”, acrescentou Spinelli, reforçando que há 32 solicitações de vagas por parte de UPAs e hospitais municipais.

“Fica muito claro, que se a gente não abrir leitos urgente nós vamos entrar mais do que em superlotação, nós vamos entrar em colapso”, destacou.

Confirmações de óbitos

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, os três últimos dos 90 óbitos confirmados são referentes a duas pacientes de Areia Branca, sendo uma senhora com 65 anos de idade e outra com 61 anos, com comorbidades, e uma paciente de 91 anos de Natal, que tinha comorbidades.

Outros 36 óbitos estão em investigação. “O número concreto que induz que esse número é muito subestimado ainda é o número de casos em investigação. Nós temos no momento 36 casos em investigação, o que mostra que realmente, como a gente vinha falando antes, realmente, o número de confirmação dos óbitos em investigação é cada vez maior. Então, aquele número de 100 tenha certeza que já passou”, afirmou.

Outros números

O secretário informou ainda há 7.605 casos suspeitos, 5.440 casos descartados e 662 recuperados. Segundo Petrônio Spinelli, o número de casos confirmados e descartados ficou menos fidedigno ainda, dada a baixa quantidade de testagens realizadas no final de semana.

Projeção de novos leitos

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, em Mossoró, para esta semana está prevista a abertura de dez leitos de UTI no Hospital Regional Tarcísio Maia, cinco leitos no Hospital Rafael Fernandes e em breve mais dez a 15 leitos no Hospital São Luiz, o que, segundo ele, parece não ser possível acontecer ainda esta semana.

De acordo com Spinelli, em Natal a previsão para esta semana é abrir 15 leitos com respiradores no Hospital da Polícia e 12 no Hospital Giselda Trigueiro.

Ele informou ainda que a Sesap está credenciando leitos privados e deve acrescentar pelo menos mais dez leitos privados destinados para o  SUS neste final de semana. Segundo o secretário, também deve haver abertura de mais dez leitos em Caicó e mais oito leitos em Pau dos Ferros.

“Lembramos que essa é uma variável controlada, que é a variável do número de leitos que nós conseguimos abrir. A outra variável, que é a explosão dos casos, o controle está a nível da população, com o isolamento social”, afirmou.

A preocupação externada pelo secretário é de que o número de pacientes graves continue crescendo ao ponto de não haver respiradores para montagem de novos leitos. “Ainda temos uma margem estrutural para abrir leitos de UTI com respiradores, mas se nada acontecer daqui para a próxima semana, nós podemos chegar a uma situação de não ter mais respiradores para abrir leitos”, revelou.

“É muito importante, mas muito importante mesmo, que a população entenda que a situação é grave, que a situação precisa de isolamento social de verdade”, acrescentou.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto