Por Jorge Mota*
Caminhávamos pelo dia ou pela noite
Pela cidade quase deserta
Tendo o vento como açoite
E umas passadas incertas
Caminhávamos sem rota e sem direção
Qualquer lugar era qualquer lugar
Pois éramos andarilhos da solidão
Sem um porto para atracar
E caminhávamos cheios de sofrimentos
Na via cruxis da agonia
Embotando os pensamentos
Na sarjeta da misantropia
E caminhávamos em círculos
E também em linha reta
Mal escutávamos os gritos
Em virtude dos nossos passos e das alucinações incertas
Caminhávamos por lugares enfadonhos
Que mais parecia uma guerra, uma trincheira
O cenário era feio e tristonho
De um lugar cercado pelo caos da miséria pioneira
É caminhávamos e caminhávamos
Com fome; as vezes calor, as vezes frio,
Quase esqueletos humanos, estávamos
Em um mundo podre, fétido e doentio.
*É Funcionário Público Estadual