Construir novas histórias para uma Mossoró da Liberdade

Por Isolda Dantas* 

No dia 30 deste mês de setembro de 2019 celebramos 136 anos de Abolição da escravatura em Mossoró, a primeira cidade do RN a libertar seus escravos, 5 anos antes da Lei Áurea. Também nesta data recordamos outras ações pioneiras como a primeira eleitora da América Latina, o motim das mulheres contra o alistamento dos homens para o serviço militar em 1876 e a resistência ao bando de Lampião da cidade. Todas estas histórias são contadas e recontadas povoando a identidade de nossa gente.

Pensando em que outras histórias se pode contar, nosso mandato solicitou a instalação do governo do Estado em Mossoró na semana da liberdade e a governadora Fátima Bezerra prontamente atendeu. Unindo a relevância desta data e o que ela celebra, resgatando a tradição que vinha desde 2011, a transferência da sede do governo possibilita aproximação das políticas estaduais às demandas específicas e ao povo mossoroense.

Em um momento em que o Estado do RN tem, pela primeira vez, uma governadora de origem popular, temos a oportunidade de ver alguém fazer uma nova história e governar para e com o povo, sendo assim um compromisso que abraça os valores e a história de Mossoró.

Dentre as histórias, um dos feitos que precisam compor o imaginário da Mossoró resistente ocorreu entre 1931 e 1946, quando a nossa cidade foi palco da luta dos trabalhadores das salinas organizados na Associação dos Operários do Sal, conhecida como “Sindicato do Garrancho”. A iniciativa foi uma reação contra as condições sub-humanas de trabalho as quais eram submetidos. Trabalhadores precisaram pegar em armas e viver na clandestinidade para ter sua entidade reconhecida após 15 anos de luta.

Temos também a resistência de Cezário Clementino, deputado estadual com base política em Mossoró, que foi cassado pela Ditadura Militar, assim como Anatália de Melo Alves, militante morta sob tortura por este mesmo regime autoritário.

Como não lembrar também que Mossoró sempre elegeu Lula presidente e, desta vez, também foi crucial para a vitória de Fátima governadora?

Estas e muitas outras histórias contadas e não contadas nos apontam muitas Mossorós. A Mossoró que já foi dos grandes royaltes de petróleo e já teve tanta riqueza. A Mossoró que é hoje tão castigada por uma oligarquia. E uma Mossoró que pode vir a ser uma cidade com mais oportunidades e garantias de direitos.

Nesta conjuntura em que a prisão injusta de Lula é ferida aberta da nossa democracia, que o atual presidente retira tantos direitos conquistados e, na contramão, nosso Estado do RN tenta se reerguer, é necessário construir novas histórias. Queremos construí-las com Lula livre como também queremos uma Mossoró livre para que povo possa desfrutar e ser verdadeiramente protagonista do pioneirismo, a resistência e a liberdade que Mossoró precisa e merece.

Como diz no trecho do ofício enviado à Câmara Municipal, em 29 de setembro, pelo presidente da Sociedade Libertadora, Joaquim Bezerra da Costa Mendes: “A libertação está feita e ninguém apagará da história a notícia do nosso nome. Os mossoroenses são dignos de serem olhados com admiração e respeito hoje e daqui a muito tempo, por cima dos séculos”.

*É deputada estadual e presidente do PT de Mossoró

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto