Domingo dia de futebol: “A marreta germânica”

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Por Gustavo Azevedo

O primeiro artilheiro a causar sensação no futebol brasileiro foi o jovem alemão George Paul Hermann Friese, que chegou a São Paulo em 1903, vindo de Hamburgo com apenas 21 anos de idade e logo se afiliou ao Sport Club Germânia, tradicional equipe da colônia alemã. Alto e forte, jogava em qualquer posição e “valia um time inteiro”, como diziam os jornais da época, inclusive numa dessas, a crônica esportiva do Jornal o Estado de São Paulo estampou: “O jogador mais sensacional de todos os tempos”.

Na verdade o alemão era literalmente um atleta de ponta, na Europa, já havia se sagrado campeão nas corridas de curta (100m e 200m) e média distâncias (1500m e 3000m). Em maio de 1907, ele foi o único atleta representando o Brasil em uma competição internacional, realizada no Uruguai. Venceu em uma única noite as corridas de 1500m e 800m, ficando em segundo na prova dos 400m.

Mas o que mais o destacava era sua capacidade de marcar gols. Foi artilheiro por três temporadas em São Paulo, pelo Germânia, marcando quatorze gols em 1905 e seis tentos em 1906 e 1907 cada. Deve-se ainda a ele a introdução da jogada de corpo, chamada então de marreta (hoje, ombro a ombro), muito protestado pelos adversários na época.

Friese também foi treinador do Germânia em 1909, onde surgiu Arthur Friedenreich, o primeiro gênio reconhecido do futebol brasileiro, que de início, foi proibido de fazer parte do clube, por possuir nítidos traços negroides, apesar dos olhos verdes, era filho de um imigrante alemão com uma negra brasileira, mas por intervenção de Hermann Friese, o clube revogou tais proibições.

Frieser foi também o primeiro grande árbitro do futebol brasileiro, chegando a apitar as finais dos campeonatos paulistas de 1903, 1904, 1910 e 1920 e a final do troféu interestadual de 1910, vencido pelo Botafogo do Rio, que goleou por 7×2 a Associação Atlética das Palmeiras, no Velódromo de São Paulo, (na época era comum jogadores atuarem como árbitros), ele também dirigiu o jogo em que o Palestra Itália (Palmeiras) derrotou o Paulistano por 2×1, em dezembro de 1920, conquistando pela primeira vez o campeonato paulista. Também apitou o jogo inaugural da Vila Belmiro, em 22 de outubro de 1916, onde o Santos venceu o Ypiranga por 2×1. Morreu em 1945 e tornou-se um dos 10 patronos da Academia Paulista de Árbitros de Futebol Charles Muller, como também empresta seu nome para uma competição disputada por escolas alemãs de São Paulo, a “Taça Friese”.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto