“Em uma democracia, alternância de poder se resolve nas urnas”, diz Fátima

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) usou a tribuna do Plenário para demonstrar sua indignação contra a tentativa de golpe em andamento no Congresso Nacional, deflagrada ontem pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao autorizar o processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Fátima disse que os setores da oposição que estão ao lado do presidente da Câmara “nessa empreitada antidemocrática” também são golpistas e apoiam uma pessoa que foi colocado na presidência da Casa para impor pautas conservadoras que ferem de morte a democracia. Ela citou nominalmente os senadores Aécio Neves, José Agripino e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“É muita cara-de-pau do senhor Eduardo Cunha, ao anunciar o processo de impeachment, justificar que estava fazendo isso movido pelo sentimento de nacionalismo e patriotismo. É muito cinismo! O Brasil inteiro sabe que ele agiu movido pelo sentimento de vingança: ao tomar conhecimento de que o PT não ficaria ao seu lado no Conselho de Ética, resolveu lançar mãos da arma mais covarde de defesa: a retaliação!”, destacou a parlamentar.
Fátima afirmou que Cunha não tem legitimidade para julgar quem quer que seja, e que, envolvido até o pescoço em graves denúncias de corrupção, ocultação de bens, lavagem de dinheiro e desvio de recursos para o exterior, optou por cair atirando contra uma presidente democraticamente eleita por quase 55 milhões de brasileiros e brasileiras.

A senadora petista criticou duramente os setores da oposição que, ainda sem aceitar a derrota nas urnas há 13 meses, apoiam, sem base jurídica alguma, um pedido de impedimento de uma presidenta da República democraticamente eleita. “Será que eles não se dão conta de que se esse pedido infundado prosperasse iria abrir neste país um grave precedente para que pessoas democraticamente eleitas sejam usurpadas do poder pelas artimanhas políticas de quem perdeu nas urnas?”, argumentou a senadora.

Para Fátima, alguns parlamentares do PSDB, do DEM, do Solidariedade e do PPS, já denunciados pela prática de vários crimes, pela Procuradoria Geral da República, tentam lançar agora uma cortina de fumaça sobre os verdadeiros criminosos, mudando o foco da atenção.

Ao falar sobre o mérito do pedido de impeachment, a senadora citou juristas como o advogado Dalmo Dallari, para quem as pedaladas não caracterizam o crime de responsabilidade fiscal porque não houve qualquer prejuízo para o erário. Além disso, fez questão de ressaltar que, ao aprovarem na quarta-feira (2) o PLN 5/2015, que altera a meta de resultado primário deste ano e autoriza o governo a fechar 2015 com déficit primário de até R$ 119,9 bilhões, a grande maioria dos deputados e senadores esvaziou de vez o argumento das pedaladas fiscais.

“Esse processo, portanto, tem que ser arquivado, em primeiro lugar, pelo fato de se tratar de um absurdo ato de retaliação por parte de um presidente que não tem sequer legitimidade para ocupar o cargo que ocupa e que dirá de dar início a uma ação dessa importância. E, em segundo lugar, porque essa denúncia já nasce inepta, em razão da aprovação da revisão da meta fiscal”, reiterou.

A senadora comemorou, por outro lado, a sensatez de movimentos sociais e sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores, de vários partidos de esquerda, como PSOL, PCdoB e Rede, e dos governadores do Nordeste, que já se posicionaram enfaticamente contra a tentativa de golpe.

“Vamos adiante! O coração valente não tem medo! Em uma democracia, alternância de poder se resolve nas urnas. E é assim que acontecerá. Passados 13 meses das eleições, que a oposição finalmente admita que perdeu e olhe para a frente como nós estamos fazendo. Queremos governar e continuar honrando os mais de 50 milhões de brasileiros que, ao nos darem seus votos, ratificaram sua posição de que não vão abrir mão das conquistas sociais dos últimos anos!”, enfatizou a senadora.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto