Ezequiel não pode ser subestimado, mas estão exagerando na dose

Ezequiel não pode ser subestimado, mas estão exagerando (Foto: Eduardo Maia)

A histeria em torno do nome do presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) passa a impressão de que basta anunciar o nome dele como candidato ao Governo do RN que o tucano automaticamente polariza com a governadora Fátima Bezerra (PT) e já abocanha os 40% que estão insatisfeitos com a gestão petista.

Menos desejo e mais análise, meu povo.

Ezequiel não deve ser subestimado. Em torno de si gira uma força política descomunal e uma simpatia da maioria esmagadora dos veículos de comunicação. Ele fala bem e não é bolsonarista, o que faz muita diferença num Estado onde o presidente tem alta rejeição.

Por outro lado, a mídia natalense exagera na dose em torno desse nome. Discreto, Ezequiel deve ficar constrangido com certas manifestações de desejo travestidas de análises políticas.

É preciso levar em conta que o tucano é pouco conhecido fora dos meios políticos, concede raríssimas entrevistas e tem uma imagem muito forte de aliado da governadora.

Terá num curto prazo que forjar uma imagem de opositor do governo que ajudou por quatro anos na mesma medida em que vai ficando conhecido. Esse trabalho positivo será contraditado no sentido inverso com a propaganda negativa.

É um desafio que não pode ser deixado de lado.

O fato de existir 40% de insatisfeitos com Fátima é uma esperança para a oposição, mas não é a garantia de vitória. Esse eleitor precisa ser conquistado e para isso é preciso uma marca, um discurso e uma identidade a ser forjada.

O eleitor do Rio Grande do Norte está calejado a vai estar de olho nas companhias. Ezequiel pode até conseguir se desvencilhar de Bolsonaro tendo João Doria como seu candidato a presidente, mas não conseguirá esconder o ministro Rogério Marinho (PL) e o combo de retiradas de direitos e escândalos que traz consigo. Além de estar ao lado dos responsáveis por dois governos seguidos com salários atrasados.

O argumento do exército de prefeitos tem mais efeito psicológico que prático. Rende mais manchetes que votos. As últimas eleições mostram que o voto do potiguar nas disputas majoritárias não se define usando burgomestres como intermediários.

Em política não existe nada que funcione no automático e o desejo não necessariamente casa com a realidade.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto