Gestão municipal de Mossoró e a cooptação midiática

Por Thadeu Brandão

A associação entre mídia e política sempre foi um elemento crucial das democracias ocidentais (ou “burguesas”). A divulgação das ideias e a venda de certos perfis e elementos simbólicos sempre fizeram parte da construção das lideranças políticas e dos partidos. Com o advento da internet e da popularização do acesso à informação, isso se torna cada vez mais forte e definidor do contexto político.

Mossoró não fica fora desse quadro, com a decadência acentuada de sua mídia impressa e sua paulatina substituição por espaços virtuais, principalmente por portais e blogs noticiosos. Hoje, três jornais impressos teimam em sobreviver: o histórico “O Mossoroense”, a “Gazeta do Oeste” e o “Jornal DeFato”.

A relação entre a política e a mídia, supracitada, tem seu campo de luta bastante definido quando se trata dos veículos impressos. Para se ter ideia, no cenário político municipal, os jornais “O Mossoroense” e o Jornal “DeFato” fazem clara oposição à gestão do Prefeiro Francisco José Jr. O Jornal “Gazeta do Oeste” parece ser o único veículo tradicional a apoiar positivamente em suas matérias, a conturbada e insípida gestão citada.

Para contrabalançar o que pode ser considerado como um revés simbólico e propagandístico, o grupo ligado à atual gestão do Palácio da Resistência aposta na cooptação de blogs, portais e colunistas, de forma a construir o necessário capital simbólico tão fundamental. Afinal, com uma gestão considerada negativa por mais de dois terços da população, a construção de fatos positivos é sine qua non para uma seara de realizações “feijão com arroz”, que pouco animam a população.

Essa cooptação resolverá o problema grave de imagem da gestão atual? Acho pouco provável. Sem o surgimento de fatos políticos e administrativos efetivos, nada mudará na imagem atual do prefeito. Em uma cidade do porte de Mossoró, mais do que imagens artificialmente construídas, o que importa mesmo é como as redes de sociabilidade que transmitem a informação (que aqui, é ainda o “boca a boca”) racionalizam a gestão. E essas redes ainda vêm essa gestão como algo que não decolou e que dificilmente decolará.

Mais do que aposta em mídia, a gestão deveria apostar em uma realização efetiva. Esta porém, está longe de aparecer. Restam então as construções simbólicas via portais e blogs, tão aéreas quanto bonecos de vento, tão em moda em nossa época.

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