O que diz o senso comum sobre a saída de Henrique Alves (PMDB) do Ministério do Turismo? “Os ratos são os primeiros a pular do barco” (ver aqui). Claro que essa ira popular contra o outrora conhecido “deputado copa do mundo” explica um pouco das críticas.
Henrique tem uma crônica antipatia popular que se materializa nas derrotas sofridas nas tentativas de comandar o poder executivo (derrotas para Prefeitura de Natal 1988 e 1992 e Governo do Estado em 2014) quando ele tinha amplo apoio político e cenário favorável.
Mas o foco desse texto é mostrar como a história se repete como farsa. Em 1964, Aluízio Alves (pai de Henrique Alves) apoiou o golpe para depois ser cassado pelo regime autoritário que colaborou no início só voltando a disputar uma eleição em 1982.
Aluízio era do PSD que ficava no meio do caminho entre os extremos representados no PTB de João Goulart e a UDN de Carlos Lacerda. O PSD de hoje é o PMDB de Hnerique. Não se engane: muitos setores do antigo PSD (que não tem qualquer relação com o atual) apoiaram o golpe. O João Goulart de hoje é representado por Lula/Dilma e o Lacerda é a turma do DEM/PSDB.
A história apenas se repete. Só mudam os nomes não necessariamente os sobrenomes.
A política como a vida é feita escolhas e Henrique tomou decisões que destruíram a imagem dele junto aos potiguares.
Ele deixou o Governo Rosalba Ciarlini quando ela mais precisou dele. Agora faz a mesma coisa com a presidente Dilma.
Pouca gente lembra, mas o PMDB e o próprio DEM foram aliados de Collor no começo do Governo. Era menino, mas é viva na minha memória José Agripino dizendo-se amigo do presidente no horário eleitoral nas eleições de 1990.
Uma coisa em comum entre o impeachment de Collor e o processo atual: a linha sucessória. O vice-presidente Itamar Franco tinha migrado para o PMDB. O presidente da Câmara era Ibsen Pinheiro e o do Senado Mauro Benevides, ambos, adivinhe? Do PMDB, claro.
O distanciamento histórico mostra que Collor caiu muito mais por inabilidade no Congresso igual à Dilma de hoje com a diferença de que o PT tem a base social que o PRN nunca teve o que pode tornar o governo Temer bem mais tumultuada que a gestão conciliadora de Itamar Franco.
Henrique é apenas mais uma peça na engrenagem oportunista da nossa política. Um artífice da farsa que repete a história.