
Uma tática tão manjada quanto velha usada por governos mal avaliados é a de procurar jornalistas para plantar notícias de que o grupo político do governante recebeu pesquisas com números positivos.
A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) está cavando espaços através de seus próceres. Alguns colegas estão embarcando na onda sem números, série histórica e sem revelar o nome do instituto.
Sei bem a metodologia de quem planta esse tipo de informação: usar a boa-fé do profissional.
Outro dia um prócer rosalbista me encontrou num bar e travamos o seguinte diálogo:
Prócer: recebemos uma pesquisa em que perguntamos qual o jornalista de maior credibilidade em Mossoró. Deu você com folga.
Qualquer profissional que ouve isso fica envaidecido, mas recebo a informação com ceticismo até porque sou um sujeito com opiniões bem definidas e claras com o público, o que gera ódios e paixões.
Na sequência ele dispara: a popularidade da prefeita não para de subir.
Veja a tática: ele me mostra uma informação positiva para mim e na sequência outra para a prefeita apostando que na minha vaidade eu legitimaria números que sequer conheço. Nem o nome do instituto que teria feito a sondagem foi revelado.
Peço o relatório da pesquisa e ele fica de me enviar. Até hoje eu espero os números.
Até 31 de dezembro as pesquisas eleitorais podem ser publicadas sem necessidade de registro na Justiça Eleitoral.
É ilógico receber pesquisas com números positivos e não divulgar ou divulgar de forma cifrada.
Se os números são tão bons porque não publicam em algum órgão de comunicação? Esta página se disponibiliza a publicar gratuitamente qualquer pesquisa eleitoral contratada pelo grupo da prefeita. Nossa única exigência é ter acesso ao relatório completo.
O que me chama a atenção é de que o rosalbismo através de seus aliados na imprensa elevou os ataques aos deputados estaduais Isolda Dantas (PT) e Allyson Bezerra (SD, o que indica que os números recebidos teriam resultado inverso ao divulgado.
A divulgação de pesquisas sem apresentação de números nem acesso aos relatórios serve apenas para tentar baixar a moral da oposição e animar a militância. Um procedimento político ultrapassado.
Para os colegas que embarcam nessas notícias plantadas um conselho: não coloquem a credibilidade de vocês em risco. Falar de pesquisas sem apresentar números é flertar com o jornalismo desejoso como diria o saudoso Nilo Santos. Falar de crescimento ou queda de popularidade de gestores sem ter um quadro histórico de desempenho usando números do mesmo instituto é um risco para a imagem do profissional.
Só os leitores bobos caem nessa.