Psicólogo fala dos impactos emocionais da pandemia e de atitudes que podem ajudar a vivenciar quarentena

Junto com a necessidade de intensificar os cuidados com a saúde do corpo e de adotar medidas de proteção, até pouco tempo difíceis de imaginar, para evitar o coronavírus, está também a necessidade de intensificar os cuidados com o psicológico e o emocional.

Como lembra o psicólogo e professor universitário Evangelista Lima, esse é um momento novo e inédito do ponto de vista da saúde. Ele comenta que a pandemia chegou em um momento em que as pessoas não podiam parar para viver, mas hoje “Agora tem que parar para viver”, diz, acrescentando que elas estão tendo que reorganizar suas vidas, suas casas e seus filhos.

“Esse isolamento social que nós não estávamos acostumados também mexe com o emocional”, comenta. Além disso, ele afirma que é importante perceber que nas pessoas que já tinham problemas psicológicos, fobias e manias, as questões eclodem com toda força.

Outro ponto mencionado pelo psicólogo é a avalanche de notícias que vão desde os relatos mais impactantes consequentes da pandemia às notícias sobre o próprio vírus e os fatos científicos.

“Nós estamos vivendo essa pandemia não só virótica, mas emocional”, diz Evangelista, citando outros fatores ocorridos com a pandemia.

Lima acredita que isso vai levar a uma ressignificação da vida. “Eu falo como Paulo Freire diz, nós vamos nos reinventar”, afirma.

Com relação às atitudes que podem ser tomadas para vivenciar esse momento, o psicólogo oferece algumas orientações. Para ele, em primeiro lugar é preciso otimizar o tempo durante a quarentena. Pensar nas coisas que se deseja fazer e organizar as prioridades.

Em seguida é preciso diminuir o acesso às redes de forma geral. A orientação é escolher um ou dois canais que transmitam informações verdadeira. Isso porque, como explica Lima, o imaginário incorpora tudo o que absorve e fica difícil administrar o excesso de informações.

O cuidado pessoal também é importante. “Cuidar do eu. Faça o encontro com você mesmo”, indica Evangelista Lima, comentando que quem é religioso pode participar de grupos de orações. Fazer meditação também é opção.

Outra prática indicada por ele é o desapego. Observar aquilo que já não serve mais para si mesmo, mas que pode ser necessário para alguém e exercitar a solidariedade para uma pessoa em situação de rua, por exemplo, que já necessitava antes e que necessita ainda mais agora.

O psicólogo indica ainda boa leitura e uma seleção de filmes para ocupar a mente, lembrando que agora não se trata mais de uma programação individual, mas de uma programação em família.

Como professor, ele conta que ele mesmo aproveita para reorganizar a programação de trabalho, analisar o que pode ser incorporado nas atividades futuras. “Nosso mundo mental está aberto e precisa ser povoado com coisas boas”, aconselha.

Evangelista também chama a atenção para a necessidade de trocar alguns termos que vêm sendo usados. Para ele, as pessoas precisam parar de dizer que estão ‘presas’. Elas estão em suas casas, se protegendo.

Outra prática que o psicólogo considera interessante é fazer a experiência da escrita do que está sendo vivido nesses dias. Evangelista Lima comenta que quando isso passar e as pessoas reencontrarem cada uma terá sua própria história para contar.

O psicólogo orienta as pessoas a terem calma, no sentido de olhar para a realidade e entender que esse isolamento deve ser algo bom não só para a pessoa, mas para os demais. Aos pais ele aconselha curtir os momentos de jogos. É, segundo ele, a hora dos pais voltarem um pouco a ser crianças.

“Vamos nos manter firmes, acreditando em Deus acima de tudo, que eu acredito, e na ciência, que ela vai nos trazer uma resposta”, diz Evangelista, mencionando que é necessário ter otimismo.

Praticar a leitura é uma das atividades recomendadas pelo psicólogo (Foto – Reprodução/ Web)

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto