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Allyson busca recursos do Governo Lula ao lado do antipetista José Agripino

O prefeito Allyson Bezerra (SD) está em Brasília buscando recursos do Governo Federal ao lado do ex-senador José Agripino, presidente estadual do União Brasil.

Agripino é um adversário histórico do presidente Lula (PT) e por muitos anos foi uma referência do antipetismo não só no Rio Grande do Norte como no país, sendo uma das principais lideranças de oposição nas décadas de 2000 e 2010. Mesmo com um discurso pró-democracia, Agripino apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições do ano passado.

O ex-senador fez questão de registrar que acompanhou Allyson em reunião com o ministro da integração nacional Waldez Góes. Com eles estavam os deputados federais do União Brasil/RN Benes Leocádio e Paulinho Freire.

Agripino têm aberto as portas do partido para Allyson, que está dividido entre a legenda e o PSD da senadora Zenaide Maia, aliada de primeira hora do PT.

O prefeito agradeceu em suas redes sociais a Agripino por ter aberto as portas para ele em Brasília.

Mineiro

No final do ano passado o deputado federal Fernando Mineiro (PT) procurou Allyson para colocar o mandato dele à disposição para ajudar o prefeito a trazer recursos para Mossoró. A cidade está sem representação na Câmara dos Deputados depois de 60 anos.

Nota do Blog: por mais que Agripino tenha influência no União Brasil não é a referência mais adequada para buscar parcerias em tempos de Governo do PT.

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Pesquisa mostra oposição perdendo em Natal, cidade símbolo do antipetismo no RN. Mas sinal amarelo está ligado para Fátima

A governadora Fátima Bezerra (PT) sempre teve dificuldades em Natal. A capital do Rio Grande do Norte está para ela como São Paulo está para o ex-presidente Lula (PT).

Assim como o líder petista, Fátima vai mal no seu próprio berço político. Não que Fátima só colecione derrotas na capital. Todas as vezes que foi eleita deputada federal teve grandes votações em Natal como em 2006 quando foi a segunda mais votada com 44.757 sufrágios (atrás de Rogério Marinho com 45.728) ou 2010 quando foi com folga a campeã de votos com 85.558. Ainda temos 2014, quando bateu Wilma de Faria (PSB), por quase dez mil votos de maioria na capital recebendo 155.127 votos para o Senado.

Ainda assim há a lembrança de uma política quatro vezes derrotadas em disputas pela Prefeitura do Natal.

Ainda assim, Natal segue sendo um calo para Fátima. É lá onde perdeu para Carlos Eduardo Alves (PDT) e onde sofre forte oposição do aparato midiático alinhado ao bolsonarismo.

Ainda assim na pesquisa AgoraSei divulgada ontem trazendo o cenário eleitoral apenas em Natal, Fátima segue na dianteira com 31,2% contra 14,5% do senador Styvenson Valentim (Podemos) e 6,8% do ex-vice-governador Fábio Dantas (SD).

O quadro parece bom, mas há ao menos dois sinais amarelos para Fátima na paisagem urbana natalense: 1) a popularidade. A governadora tem 40% de aprovação e 48% de desaprovação, um quadro pior que em nível estadual; 2) as simulações de segundo em Natal trazem cenários mais apertados com Fátima vencendo Styvenson por 38,7% a 32,7%, apenas seis pontos de vantagem. Com Fábio Dantas ela vence por 38,8% a 25,3%, 13,5 pontos acima do ex-vice de Robinson.

A governadora está em vantagem em Natal, numa proporção menor que no restante o Rio Grande do Norte. Natal tem um quarto do eleitorado do Estado, sozinha não decide o pleito, mas exerce influência cultural é um foco importante de resistência ao PT.

Senado

A oposição vai também sendo derrotada em Natal. O ex-prefeito do Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) tem 28,5% contra 16,7% do ex-ministro Rogério Marinho (PL) e 3,7% do deputado federal Rafael Motta (PSB).

O pedetista é ex-prefeito de Natal por quatro vezes, venceu com folga Fátima na capital em 2018, mas agora amarga uma vantagem baixa no seu principal reduto.

Lula/Bolsonaro

Outro ponto ruim para a oposição é a vantagem de Lula sobre Jair Bolsonaro na capital. O petista tem 40,7% contra o atual presidente que soma 26,8% seguido de longe por Ciro Gomes (PDT) com 8%. A última vitória para presidente do PT em Natal foi 2014 quando Dilma Rousseff teve 222.585 (58,08%) contra 160.678 (41,92%) de Aécio Neves (PSDB).

Os números não são por acaso. Bolsonaro tem 57,2% de desaprovação na capital e aprovação de 32,6%.

Isso é uma péssima notícia para a oposição bolsonarista em Natal, mas não necessariamente algo bom para Fátima ou Carlos Eduardo.

Conclusão

Hoje o quadro é ruim para oposição, mas há incertezas para Fátima Bezerra e seus aliados.

A pesquisa AgoraSei ouviu 800 eleitores em Natal entre os dias 23 e 25 de julho. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para mais ou para menos. O registro na Justiça Eleitoral é o RN-06521/2022.

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CPI só vale se for contra o governo do PT?

Por Isolda Dantas*

Há fatos que deveriam fazer corar até o mais cínico dos mortais. O que aconteceu na Assembleia Legislativa com a CPI da Arena das Dunas é um desses. Nos últimos dias, após conhecerem o conteúdo do relatório que produzimos, alguns deputados apelaram para um entendimento acerca do prazo da comissão que culminou em o relatório não ser lido nem votado.

Apenas isso já representaria um prejuízo incalculável ao Estado do Rio Grande do Norte uma vez que tivemos cinco deputados dedicados ao longo de 120 dias, além das assessorias técnicas, para realizar um trabalho que seria posto em uma gaveta. Mas, é mais grave. A CPI da Arena fez uma investigação séria que apontou os responsáveis pelas ilegalidades do contrato e indicou o que precisa ser corrigido e renegociado.

O argumento de que a CPI já teria esgotado seu prazo é esdrúxulo. 1º porque o responsável pelos prazos da CPI é o presidente. Todo o trabalho foi realizado dentro do prazo aprovado pela comissão e estipulado pelo Dep. Azevedo que a presidiu. 2º porque várias reuniões públicas ocorreram, coordenadas pelo presidente e com a participação de todos os membros da CPI, após o prazo que agora eles levantam.

Ora! Se a CPI acabou em 07 de outubro, como hoje eles alegam, essas reuniões foram o quê? Um teatro? Colhemos depoimentos, ouvimos representantes de órgãos públicos e da Arena das Dunas… O Dep. Azevedo estava presidindo uma farsa? Os deputados estavam lá por má fé ou completo desconhecimento do regimento da Casa? Isso é realmente constrangedor e nos indigna, mas não vai nos paralisar.

A tropa de choque do Rosalbismo, encabeçada pelo Dep. Getúlio Rêgo (DEM), claramente não quer que os achados da CPI se tornem públicos. O lamentável é que esse desejo político tenha encontrado respaldo na procuradoria da Assembleia. Isso macula a imagem de uma instituição que deve zelar e ser a representante legítima dos interesses do povo.

Se a CPI funcionou pelo dobro do tempo a que teria direito, alguém prevaricou. Como relatora desta Comissão que produziu uma peça com mais de 300 páginas e 15 mil anexos, dentro do prazo que foi estipulado, não permitirei que esse trabalho fique perdido e que o prejuízo decorrente do funcionamento em vão da CPI se some a outro ainda maior: os resultados apontados no relatório não terem consequência.

Vou pessoalmente entregar o relatório aos órgãos competentes para que a justiça seja feita nesse contrato e os agentes que operaram os malfeitos sejam responsabilizados. Também vou acionar os meios legais cabíveis para garantir que o relatório seja apresentado e posto em votação. Lutarei até o fim porque CPI é um instrumento sério que não pode estar ao sabor da politicagem, do compadrio e do fisiologismo de alguns.

É necessário denunciar essa farsa que aconteceu na Assembleia Legislativa e refletir sobre a demagogia e a politização que resultam em dois pesos e duas medidas com a CPI da Covid e a CPI da Arena das Dunas. Os paladinos da moral que adoram falar de corrupção, que tentam criminalizar os partidos de esquerda, precisam responder: A CPI só interessa quando é para tentar desgastar o governo liderado pelo PT?

Líder do PT na Assembleia Legislativa e relatora da CPI da Arena das Dunas.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.com e bruno.269@gmail.com.

 

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Por que Ciro Gomes aposta no antipetismo?

Ciro aposta no antipetismo (FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

Por Glenn Greenwald*

Ao longo dos últimos seis meses, uma questão tem confundido a esquerda: o que Ciro Gomes está fazendo? Isso não significa necessariamente que discordem de suas declarações, apesar de frequentemente discordarem, mas que não entendem a lógica de sua estratégia. Não é necessário concordar com a estratégia de Ciro para entendê-la.

Para se falar das ações de Ciro devemos começar pela questão principal: Ciro Gomes quer ser presidente do Brasil. Não duvido que ele creia sinceramente ser a opção mais qualificada para superar tanto as crises estruturais de longa data quanto as novas patologias herdadas do bolsonarismo. Ele acredita que governaria o Brasil melhor do que Lula, Bolsonaro ou qualquer outro.

Ciro foi um prefeito e um governador popular e de prestígio, além de ter ocupado uma cadeira no Congresso. Foi ministro, advogado constitucionalista, professor universitário, pesquisador visitante em Harvard e autor de três livros sobre política, e comandou uma empresa no setor privado.

Parece claro que ele ainda alimenta uma última ambição: ser presidente. Não é uma ambição surpreendente para alguém que foi eleito deputado estadual aos 26 anos de idade, prefeito de uma capital aos 32 e governador aos 33. E que respira política desde então. Para alguém com essa trajetória, a Presidência é apenas o próximo destino, e todo o esforço dos últimos anos é nesse sentido.

Mas existe um obstáculo no caminho de Ciro rumo à Presidência: Lula. E, para Ciro, Lula não é apenas o maior obstáculo para o sucesso em 2022, mas é também quem o impediu de realizar essa ambição até hoje.

Na primeira candidatura de Ciro à Presidência, em 1998, ele disputou o voto anti-FHC com Lula e acabou em terceiro. Em 2002, viu Lula aglutinar a esquerda e ficou em quarto. Em 2010, depois de servir ao governo Lula em vários cargos importantes, acreditava, com bons motivos, que teria o apoio do então presidente, mas foi preterido por Dilma Rousseff. Em 2018, mesmo preso, Lula bloqueou mais uma vez o caminho de Ciro ao apoiar não o seu nome, mas o de Fernando Haddad, amargando mais uma vez o terceiro lugar.

Quando se ouvem as entrevistas de Ciro ao longo dos anos, não é difícil entender a sua visão dos últimos 20 anos: apesar de ter apoiado Lula e até mesmo o PT e criticado ferozmente o impeachment de Dilma em um momento em que essa não era uma posição popular, ele viu suas aspirações presidenciais repetidamente sabotadas. E tanto em 2010 quanto em 2018 foi preterido por candidatos que, na sua visão, eram bem menos experientes e capazes do que ele e, no caso de 2018, com menos chances de vitória.

É, portanto, perfeitamente racional que Ciro conclua que, se quer realmente ser presidente, não pode contar com o PT. Na verdade, é o oposto: ele tem de encontrar uma maneira de superar, ultrapassar ou derrotar o PT. Ele aprendeu a lição de que o Partido dos Trabalhadores não será o veículo que vai levá-lo à Presidência. Ao contrário, é um obstáculo.

Em outras palavras, Ciro não chegará à Presidência apoiando ou apoiado pelo PT ou Lula. Especialmente agora que a candidatura de Lula em 2022 está cada vez mais certa. Assim, quanto mais próximo Ciro estiver do PT, mais distante estará a sua vitória.

A esquerda ainda se surpreende com a retórica anti-PT de Ciro, cada vez mais intensa. Mas que outra escolha ele tem, se quer vencer? Por que Ciro se convenceria de que ele não deve alienar petistas? Por definição, eles não votarão nele, mesmo que gostem dele. Os petistas não votarão em Ciro. Ponto final.

As pesquisas, e o senso comum, sugerem que será muito difícil evitar um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Isso se torna ainda menos provável se houver mais de um candidato se apresentando como terceira via. Essa alternativa só será viável se ela unir o antibolsonarismo de centro-direita e o antipetismo de centro-esquerda. Chave nessa equação são os chamados “centristas pró-democracia” que assinaram um manifesto recentemente, entre eles João Doria, Luiz Henrique Mandetta, Luciano Huck e Eduardo Leite.

Ciro tem um argumento convincente de que é o melhor nome para unir esse campo: todos os outros estão por demais à direita (tendo, inclusive, votado em Bolsonaro) para ser capazes de aglutinar votos da centro-esquerda, ao passo que Ciro pode alcançar esse eleitorado. Mas, se quer alcançar o eleitorado de centro-direita, Ciro precisa se distanciar de Lula e do PT, mesmo que para isso precise se recusar a reconhecer o fato de que Lula seria melhor do que Bolsonaro.

Independentemente de todo o resto, com Lula no páreo, Ciro não tem nenhuma chance de atrair o voto do PT e de seus aliados, não importa o que diga ou faça. É muito difícil imaginar um cenário em que a estratégia de se colocar como o nome de unidade do “Centrão” funcione e lhe dê a vitória, mas, diante da conjuntura, esta é a sua única opção.

*É jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer. Texto extraído da Revista Carta Capital.

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Atos pelo impeachment indicam que divisão entre petistas e não petistas permanece

Angela Alonso*

A contar pelo primeiro mês, a rua de 2021 promete. Nem os 16 graus negativos da beira do Ártico, nem a chuva de verão paulistana, nem mesmo a pandemia arrepiou manifestantes. Teve protesto nas democracias ditas sólidas como nas tidas por capengas, em todos os lados do espectro político, a pé, de carro, trator ou caminhão, com bandeiras e com armas.

Desde que o coronavírus começou a dar as cartas, a rua encheu em, ao menos, 23 países. Na pauta, a bola da vez, políticas que enfrentam a doença e as que a negligenciam, e a jogada de costume no século, a contestação ao governante ou às regras do jogo. Daí a ser tudo a mesma coisa vai um precipício.

Carreata de partidos e movimentos de esquerda pelo impeachment de Bolsonaro teve concentração na Alesp e depois seguiu fazendo retorno no Monumento às Bandeiras, seguindo pela avenida Brigadeiro Luiz Antônio, avenida Paulista e Consolação e terminando na Praça Roosevelt Bruno Santos/ Folhapress

Putin comparou os atos na sua Rússia à invasão do Congresso dos Estados Unidos. Sempre acusado de autoritário, posou de guardião das instituições. Mas os casos distam as léguas que separam direita e esquerda. Os russos protestam por acharem demais prisão de dissidente antes envenenado, tudo indica, a mando do governo. Demandam um Estado de Direito basiquinho, mais perto de democracia que de regime autocrático. Manifestaram-se aos milhões, foram presos aos milhares.

Do outro lado do Atlântico, ignição oposta. O amálgama de movimentos supremacistas, terraplanistas, armamentistas, anticiência e antivacina, que a internet uniu e Trump não separou, contestou o resultado eleitoral e as instituições democráticas. Isso no país que se vende, desde que nasceu escravista, como a pátria da liberdade.

A tragédia política norte-americana gerou protestos contra o protesto, inclusive de Turquia e Venezuela, que devolveram o “República de bananas”. Muitos caricaturaram os ativistas armados e associaram a violência política ao autoritarismo de direita. Mas não custa lembrar que esta faca corta dos dois lados, como o demonstra a história ocidental recente, povoada por ETA, IRA, Farcs e parentes.

Manifestante invadem prédio do Congresso americano em Washington WIN MCNAMEE/Win McNamee – 6.jan.2021/AFP

Também vale para qualquer oposição o manejo da rua contra o governo. Desde que o século começou, a senhora das marchas foi pega no contrapé. Movimentos liberais, conservadores e autoritários se tornaram useiros e vezeiros das técnicas de convocar, organizar e conduzir protestos que a esquerda julgava suas por usucapião.

Mas emular é diferente de aproximar. Os protestos antigoverno do fim de semana, em vez de se encavalar, se intercalaram. Duas frentes de movimentos repetiram os estilos de ativismo, as simbologias e os líderes que os separaram em dois cercados na votação do impeachment em 2016. Mesmo uníssonos no “Fora, Bolsonaro”, os atos duplicados esclareceram que a divisão do país em uma coalizão com e outra sem petistas continua valendo. Há tanto apartados em tudo, nem o inimigo comum de agora os agrega.

Menos ainda o sistema político. Simone Tebet esclareceu: falta base parlamentar para desempacar um dos cerca de 60 pedidos para “impichar” o presidente. Para a senadora, um processo só desembestaria com pressão da sociedade. Mas cadê?

A rua está desunida e o presidente segue firme onde mais conta: 58% dos empresários o veem, atesta o último Datafolha, como apto a liderar o país, e 71% se opõem a apeá-lo do governo. Os impeachments de Collor e Dilma se consolidaram quando a nata das elites social e econômica aderiu. E se viabilizou graças a coalizões nas ruas, nas instituições e, sobretudo, entre ambas. Nada disso assoma.

Mas, se despontar, é improvável que Bolsonaro repita a descida pacífica da rampa de Collor e Dilma. O presidente, que já mandou o país à “puta que pariu”, pode bem seguir Putin e mandar bala.

*É professora de sociologia da USP e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.

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Rosalba aposta no antipetismo para se blindar

Rosalba tem no antipetismo um trunfo na guerra de narrativas (Foto: autor não identificado)

A situação da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) em relação aos problemas com a covid-19 é muito cômoda. Se acontecer algo de positivo ela tenta capitalizar como na última quinta-feira quando deu entrevista ao Bom Dia RN dizendo que graças a ela saíram os leitos do Hospital São Luiz.

A declaração foi prontamente desmentida pelo promotor da saúde Rodrigo Pessoa em entrevista ao Blog do Barreto, diga-se de passagem.

Se tudo der errado a prefeita jogará a culpa na governadora Fátima Bezerra (PT). Rosalba sabe que tem um bom espantalho a seu favor: o antipetismo predominante na classe média local.

As últimas declarações e movimentos da mídia rosalbista indicam isso. A ideia é mostrar que a prefeita tem feito de tudo para proteger os mossoroenses e a governadora tem sido negligente e virado as costas para Mossoró.

A realidade mostra que nem uma coisa nem outra. As medidas tomadas por ambas gestoras são bem semelhantes, mas aposta será no antipetismo visceral.

O colapso do sistema de saúde provocado pela covid-19 é uma realidade. A prefeita sabe disso e duas movimentações dela indicam a estratégia: 1) dizer na Intertv que a cidade só terá problemas por causa dos pacientes que virão das cidades vizinhas jogando a culpa na governadora; 2) a ampliação do Cemitério Novo Tempo.

No momento em que finalizo este texto sou informado que já não existem mais vagas nos leitos do Hospital São Luiz que foi instalado graças a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo Ministério Público, Governo do Estado e Prefeitura de Mossoró. Isso mostra que o quadro de crescimento da covid-19 aqui é preocupante.

A prefeita joga com o antipetismo na manga. Sabe que qualquer versão que for espalhada contra a governadora cola e é abraçada integralmente pela classe média conservadora e barulhenta das redes sociais de Mossoró.

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Governo do RN sem voz: como o antipetismo radical conseguiu deixar o Estado sem comunicação com a sociedade diante de uma pandemia

Resultado de imagem para silêncio

Por Daniel Menezes*

Ao contrário do que o senso comum pode imaginar, informação é elemento central no combate a qualquer epidemia. Conforme pesquisa publicada pela BBC, 80% dos italianos acharam que a mídia exagerava sobre a situação do coronavírus que já se avizinhava e as correntes de whatsapp minimizadoras do problema estavam corretas. O resultado foi o empilhamento de corpos. É neste sentido que campanhas pesadas foram e continuarão a ser empreendidas contra o retorno do sarampo, da sifilis, entre outras doenças já com remédios e vacinas existentes. A possibilidade de ingressar na casa de milhões de brasileiros torna-se ainda mais relevante no momento em que o poder público enfrenta um vírus desconhecido e que precisa educar o cidadão – assustado – para inúmeras medidas.

GOVERNADORA PAUTADA PELO ANTIPETISMO RADICAL

A governadora Fátima Bezerra deixou tal obviedade de lado e foi pautada por um antipetismo radical, seletivo e com desejos políticos inconfessáveis, mas ainda assim objetivos (falarei depois a respeito deles). Uma visão extremista da disputa na arte de Maquiavel secundarizadora dos interesses da sociedade numa hora em que a união contra a pandemia do coronavírus deveria prevalecer.

Explico. O governo do RN se encontra sem a verba da publicidade licitada até o presente momento. Ou seja, nada pode gastar com propaganda. Pensando em promover campanhas de conscientização, a secretaria de comunicação abriu dispensa extraordinária de licitação para empregar 3 milhões de reais com propaganda exclusiva contra o coronavírus durante um período de seis meses. Ora, o dispêndio representa 1/3 do que normalmente o Estado canaliza para a área no mesmo prazo.

FAKE NEWS E APELO À DESINFORMAÇÃO

Após o anúncio, um movimento minoritário – mas barulhento – estabeleceu que era uma medida absurda, dando a entender que, ao invés de investir em saúde, dinheiro seria jogado pela janela.

A associação é bisonha. O governo do Estado, através de parceria com a união e em diálogo com o ministério público, já está correndo atrás dos equipamentos necessários. Uma verba não tem qualquer relação com a outra. Elas, na verdade, se complementam. O raciocínio (sic) não passou de mero jogo para a plateia. Basta acompanhar o noticiário para saber mais a respeito do que é aqui afirmado.

GOVERNO SEM VOZ E SE COMUNICANDO APENAS PELO DIÁRIO OFICIAL

Agora uma situação para lá de absurda ocorre. O governo do RN está se comunicando com a sociedade apenas através de diário oficial com a (in)consequente ausência de capilarização de seu conteúdo. Até o presente momento doze decretos com medidas de combate à epidemia foram veiculados. Porém, como o Estado não tem voz institucional, se limita a transmitir os atos em suas redes sociais e fica a mercê da boa vontade dos veículos de comunicação. A população, não informada, comete erros que depois devem ser corrigidos pela polícia militar na rua, brigando para que bares sejam fechados, para que pessoas não se aglomerem nas praias.

Vale lembrar que as ações de isolamento social estão sendo administradas pelos governadores e pelas prefeituras. Porém, o governo do RN, em especial, nada pode falar a respeito. Não tem voz própria. O custo da operação – em saúde e mortes – será muito mais elevado.

HIPOCRISIA SELETIVA

Vale observar a seletividade do ataque. Enquanto o Governo do RN é “irresponsável” por querer gastar 1/3 da verba de publicidade que normalmente executa em seis meses exclusivamente com o que vem deixando todo mundo assustado e pode colapsar o serviço de saúde, conforme declaração já dada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta. Nada é falado contra as prefeituras que, não apenas estão gastando com ações publicitárias distantes do principal problema mundial, como também aumentaram seus orçamentos para o ano eleitoral de 2020 com propaganda. Nada também é dito contra câmara municipal do Natal e assembleia, que estão veiculando outras campanhas publicitárias, inclusive nos veículos críticos da ação governamental.

Repare, caro leitor. Não há aqui qualquer crítica contra prefeituras e legislativos que fazem suas publicidades. A ação é da democracia. Mas por qual razão a do governo, que será exclusivamente feita para a necessidade do Estado liderar a sociedade contra o coronavírus, não está correta e as dos demais não têm problema?! Por qual razão articulistas e jornalistas não vêm qualquer impedimento em seus veículos, que estão recebendo publicidade de outros órgãos, apontam o dedo para o Governo do RN?

UMA GOVERNADORA SILENCIADA

O texto aqui será finalizado com um vaticínio. Na verdade, não chega a tanto. Trata-se do desenrolar evidente. Os mesmos que lutaram para que o governo não deixasse claro quais ações estão sendo hoje tomadas, amanhã irão acusar Fátima Bezerra de leniência diante da crise. A política – perversa diante da consequência deletéria da pandemia – será essa. Eles querem apenas alguns políticos com espaco de fala para amanhã exaltá-los.

*É professor da UFRN, cientista social e edital o Blog O Potiguar

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Que anti vai dar as cartas em 2022? E a falta que faz uma rua para a turma do terceiro turno

Ciro Gomes continua encarnando uma das opções eleitorais para se contrapor ao bolsonarismo. Frentes de esquerda e opções à direita e ao centro ainda não têm contorno programático definido (Foto: Sérgio Lima/Poder360)

Por Alon Feuerwerker*

Poder 360

A máxima “é a economia, estúpido”, universalizada a partir da vitória de Bill Clinton em 1992 contra George Bush Primeiro, deve enfrentar um bom teste ano que vem. Se as previsões de recessão americana não se confirmarem, Donald Trump vai às urnas surfando crescimento sólido e pleno emprego. Restará aos democratas navegar no antitrumpismo, uma convergência de rejeições variadas, com foco comportamental e ambiental. Que bicho vai dar?

E por aqui? Se a economia continuar mal, o bolsonarismo chega a 2022 capenga. E sua melhor aposta seria o antipetismo. Mas é ingênuo imaginar que o bolsonarismo vai assistir passivamente à perenização da mediocridade econômica, e caminhar mugindo para o matadouro eleitoral. Se é verdade que Paulo Guedes resta como o último dos ministros ainda com crachá de super, a esta altura o mundo já percebeu: quem acreditou em carta branca caiu no conto do vigário.

O seguro morreu de velho e, na dúvida, o bolsonarismo e o lavajatismo continuam batendo no PT. Mas o presidente parece ter um olho no peixe e outro no gato, também abre fogo regular contra um nascente antibolsonarismo antipetista que lança raízes na direita, no autodeclarado centrismo, e até numa fatia da esquerda, esta em busca da plástica que remova as rugas de quase duas décadas de governos PT, e lhe permita aparecer como novidade.

Não será fácil vertebrar esse antitudo. Em 2018 naufragou, apesar da torcida. Talvez porque sua melhor aposta fosse o PSDB, ele próprio atingido pela marcha do lavajatismo. Mas convém não subestimar. Agora são vários candidatos “contra os extremismos”, desde o ainda tucano João Doria até a franjinha do PT ansiosa por livrar-se da liderança de Lula. Passando por Luciano Huck e por um Ciro Gomes cada vez mais disposto a bater nos outrora aliados.

Diz a sabedoria política: mais que para eleger alguém, a pessoa sai de casa no dia da eleição principalmente para derrotar alguém. Principalmente num segundo turno. Daí a importância de monitorar em tempo real a temperatura dos vários anti. Dois parâmetros são úteis aqui: a taxa de rejeição de cada nome/partido e as simulações de segundo turno. É um erro achar que a distância das eleições diminui a importância dessa medição. É o contrário.

Que anti será hegemônico daqui a três anos? O vacilo na medição dessa variável costuma ser fatal. Ano passado, a campanha de Fernando Haddad parece ter acreditado por um momento que a ida de Bolsonaro ao segundo turno desencadearia a aglutinação de um amplo movimento democrático antibolsonarista. Não rolou. O antipetismo mostrou-se bem mais forte. Pelo menos, Haddad teve um final digno. Não foi o caso do massacrado centrismo antiextremista.

Registre-se que na história do Brasil frentes da esquerda com os liberais só existiram com sucesso quando os primeiros aceitaram a liderança dos segundos. #ficaadica

É corajoso, e curioso, que as mais animadas articulações políticas opositoras apostem exatamente no que deu errado na eleição. Na esquerda, a frente ampla não programática. Na direita e no autonomeado centro, a advertência contra o risco de supostos extremismos. Talvez essa coragem se pague, mas por enquanto é visível a dificuldade de os atores concordarem em qualquer coisa que não seja a vontade de chegar ao poder só surfando na rejeição alheia.

Mas, se isso deu certo para o presidente por que não daria certo contra ele? Aliás, o fato mais vistoso da conjuntura é a agitação dos que apoiaram Bolsonaro contra o PT e agora conspiram a céu aberto para tentar se livrar dele. Exibem músculos na opinião pública, mas falta-lhes rua. Quem poderia fornecer? A esquerda. Mas esta não parece especialmente motivada, ainda, a injetar o combustível político indispensável aos algozes de tão pouco tempo atrás.

Pode ser também a Lava Jato. Daí as piscadelas cada vez mais explícitas, a pretexto de não deixar morrer a luta contra a corrupção. A dificuldade? A relação íntima do bolsonarismo com o lavajatismo. E como Bolsonaro não nasceu ontem, vetou sem medo de ser feliz um monte de coisas na Lei de Abuso de Autoridade. E seu indicado à Procuradoria Geral da República já estendeu o tapete vermelho à turma de Curitiba, lato sensu.

*É jornalista e analista político e de comunicação na FSB Comunicação.

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A maior oposição a Fátima é o antipetismo

Fátima terá de lidar com o antipetismo (Foto: Wilson Moreno)

É quase uma tradição no Rio Grande do Norte o governador ou governadora de plantão não sofrer uma oposição ferrenha. Nestes primeiros meses não tem sido diferente com a governadora Fátima Bezerra (PT).

A maioria dos projetos dela passa com facilidade na Assembleia Legislativa. As críticas são pontuais na casa. Não existe algo sistemático, talvez a exceção seja apenas do bolsonarista Coronel Azevedo (sem partido).

A bancada federal aparentemente não tem criado problemas.

O grande problema para Fátima está nas redes sociais onde o antipetismo é majoritário no debate público. Cada erro, cada recuo, cada denúncia tem uma repercussão bem maior nas redes. Os antipetistas são implacáveis e estão no direito deles, diga-se de passagem.

Esse é um problema que a governadora terá de lidar independente do seu desempenho administrativo até o fim do mandato.

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Beto vira as costas para a indústria salineira, sobe no espantalho do antipetismo e desce para se abraçar com o bolsonarismo

É inegável que a indústria salineira sempre foi uma bandeira de luta tanto do deputado federal Beto Rosado (PP) como do pai dele, Betinho Rosado. Seria uma injustiça histórica afirma o inverso.

No entanto, nesta decisão do governo Jair Bolsonaro (PSL) de prorrogar a suspensão da medida antidumping que beneficia a indústria salineira, o deputado pecou pela omissão e quando abriu a boca piorou as coisas.

Beto simplesmente culpou o PT e a esquerda por todos os problemas da indústria salineira. Uma rápida passagem pelo passado recente a gente percebe que foi no governo da então presidente Dilma Rousseff que foi assinada a medida antidumping que protegia o sal potiguar que foi suspensa por Michel Temer e mantida por Bolsonaro.

Neste caso: o PT ajudou ou prejudicou a indústria salineira?

Quer outra ação fundamental do PT para proteger a nossa indústria salineira? Em 2009, havia um lobby para o Governo Federal autorizar a exploração do sal-gema do Espírito Santo.

O então presidente Lula ficou ao lado dos potiguares e manteve a proibição. Inclusive, Betinho comemorou a decisão na época.

Vale lembrar que Betinho lutou para ser de um partido da base do governo petista com duas ações na Justiça Eleitoral para poder deixar o DEM. Ele estava satisfeito com o que os presidentes petistas fizeram pela nossa economia, claro.

Beto, numa tática padrão MBL, jogou com o emocional para se blindar através do antipetismo irracional. Jogou a culpa no PT como se o partido tivesse alguma influência nas ações do Ministério Público Federal num discurso que duela com os fatos usando uma espada de madeira.

Restou subir no espantalho do antipetismo, por sinal um ótimo guarda-chuva para se esquivar com a ajuda de setores da classe média, mas após ficar em cima do boneco de palha, Beto acaba descendo para o outro lado e se abraçando ao bolsonarismo.

As declarações de Beto foram criticadas pelo diretor executivo do Sindicato de Moagem e Refino do Sal do RN (SIMORSAL), Renato Fernandes. Para ele a postura do deputado atrapalha.

Pois é, Beto declarou que a medida não prejudica a indústria salineira. Renato aponta perda de mercados no Sul do país.

Quer abraço maior com o bolsonarismo do que questionar dados de especialistas com retórica estridente e acusando o PT?