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MPF ajuíza ação civil pública para forçar Governo Federal e União a finalizar demarcação de terra indígena no RN

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública para que a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) finalizem o processo de demarcação de terras indígenas reivindicadas pelo povo Tapuia, no Rio Grande do Norte. A reserva indígena Lagoa do Tapará está localizada entre os municípios de Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Conforme informações fornecidas pela Funai, os indígenas do Tapará se manifestaram publicamente pela demarcação de seu território em 2013. Apesar disso, mais de uma década depois o processo permanece parado.

De acordo com o MPF, a demora no processo de demarcação ocorre pela falta de recursos pessoais e financeiros cedidos à Funai. “Tal lentidão viola o caráter fundamental do direito dos indígenas, o princípio da duração razoável do processo e também o da boa-fé objetiva”, aponta o MPF. Ainda segundo ela, ao deixar a Funai carente de recursos, a União “inviabiliza a efetivação dos direitos territoriais desse povo, viola princípios como o da legalidade e o da dignidade da pessoa humana e gera insegurança jurídica aos povos originários em relação a suas terras”.

Diante da situação, o MPF pede a concessão de tutela de urgência (liminar) para que a União e a Funai apresentem, no prazo de 30 dias, um plano emergencial de contingência, com duração de 12 meses ou até que a situação seja definitivamente resolvida. O plano deve redirecionar recursos em valores suficientes para viabilizar a realização de trabalhos de campo, a contratação de serviços de terceiros e outras atividades que demandem recursos específicos, além do deslocamento de servidores para o caso. Tais medidas devem viabilizar o andamento regular do procedimento de reconhecimento da Comunidade Indígena do Tapará até a sua conclusão.

A procuradora da República explica que a urgência se impõe diante da morosidade que permeia o processo de reivindicação territorial da comunidade residente da Aldeia do Tapará. Ela destaca que o processo teve início em 2013 e o Relatório de Qualificação de Reivindicação enviado para a Funai em 2017, sendo analisado apenas em 2022. Desde então o caso permanece sem a formação de Grupo Técnico.

De acordo com a ação, nesse período, os indígenas do Tapará começaram a sofrer com a falta de água e com condomínios privados realizando a escavação de poços na área por eles reivindicada. Além disso, o MPF aponta que os indígenas do Tapará foram expulsos de suas terras originárias para fixar nova residência no entorno da Lagoa do Tapará. “Portanto, é urgente que se haja a finalização do processo de reivindicação fundiária para que tal erro não ocorra novamente”, conclui o MPF.

 

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Da bancada do RN, só Natália e Mineiro votam contra urgência para projeto que restringe demarcação de terras indígenas

Dois oito deputados federais do Rio Grande do Norte somente os petistas Natália Bonavides e Fernando Mineiro votaram contra a urgência da proposta de novo marco temporal da demarcação de terras indígenas proposta pelo deputado Arthur Maia (União/BA).

A proposta passou por 324 x 131 com a colaboração dos potiguares Robinson Faria (PL), João Maia (PL), Paulinho Freire (União), Benes Leocádio (União), General Girão (PL) e Sargento Gonçalves (PL).

O projeto estabelece como marco temporal as terras já ocupadas pelos indígenas antes da promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988.

Pela proposta, para preservarem os direitos os indígenas precisam comprovar objetivamente que estavam habitando as terras antes da atual constituição realizando atividades produtivas necessárias à preservação do meio ambiente.

Os críticos da proposta lembram que a proposta ignora o histórico de violação dos direitos dos indígenas por meio de violência e expulsão deles pelo poder econômico do agronegócio.

A ministra dos povos originários Sônia Guajajara classificou o projeto como um “genocídio legislado”. “O Marco Temporal é um genocídio legislado. Uma teoria que inverte toda história do Brasil. Um projeto de lei que atenta contra constituição brasileira. Um atentado ao direito dos povos Indígenas. Um ataque a nossa maior possibilidade de enfrentamento da crise climática, as TI’s”, escreveu nas redes sociais.

Quem defende a proposta garante que ela vai trazer “pacificação” no campo.

O projeto deve ir a votação na próxima terça-feira, dia 30 de maio.