Categorias
Artigo

Tudo, menos a cidadania

da257706d4d787d140a967b4225ab753_XL

Primeiramente, vou deixar bem claro que sou a favor da prisão em segunda instância seja de quem for. Considero um absurdo o Supremo Tribunal Federal (STF) rever uma decisão recente do mesmo jeito que mudou o entendimento sobre afastamento de parlamentares para livrar a cara do senador mineiro Aécio Neves. Fazer o mesmo por Lula será um desastre para a imagem da corte.

Não é para bancar o “isentão”. Quem me conhece sabe passo longe de subir em muros, mas acima dos lados assumidos estou fechado com a coerência. Fui tão contra o impeachment de Dilma Rousseff como fui contra os dois pedidos feitos contra a então governadora Rosalba Ciarlini. Por um movimento simples: impeachment não é remédio para governo ruim.

Deixando as delongas de lado, vamos ao assunto deste artigo. Hoje um grupelho fascista chamado Movimento Brasil Livre (MBL) e outros similares vão juntar um punhado de pessoas nas ruas para pedir a prisão do ex-presidente Lula. Não se trata de movimento contra a impunidade, mas de uma ação contra Lula e o PT. Não há cidadania, há foco num personagem da política e o seu partido.

É um direito democrático deles tomar essa decisão. É um dever seu (e meu) desconfiar das verdadeiras intenções. Esses mesmos “agitadores” fizeram o maior escarcéu para derrubar Dilma prometendo seguir em frente para fazer a mesma coisa com todos os políticos.

Era o bom, velho e despolitizado “fora todos”.

Tudo da boca para fora. Esses grupos se calaram depois que Temer chegou ao poder. Tivemos duas graves denúncias contra o “Vampirão” com direito a mala de dinheiro e tudo. Não teve movimento na rua. Quando fizeram o arrumado para manter Aécio Neves no Senado não teve mobilização.

O MBL e similares sabia que tinha “que manter isso aí, viu?”.

Calou-se.

Não teve protesto, não teve mobilização nem slogan bonitinho em memes. A desculpa cínica e com ares de confissão era de que qualquer ação nesse sentido favoreceria o PT.

Ué? Eles não eram contra a impunidade e defensores do combate aos corruptos?

Sou contra movimentos que se arvoram de serem “apartidários”, “apolíticos”, etc… Mas que no fundo só servem para atender a interesses dos ricaços. O MBL é apenas um movimento cada vez mais fascista que busca se promover em cima de indignação do povo com a corrupção do PT e de todos os partidos. Querem enfiar na sua cabeça que a culpa é de um único partido.

Se eles quisessem realmente acabar com a corrupção poderiam usar a capacidade de mobilização que possuem para pressionar pelo fim do foro privilegiado. Mas a pauta é contra o político e partidos que eles não gostam.

Os fascistinhas são apenas isso, fascistinhas.

Hoje teremos de tudo, menos a cidadania.

Categorias
Comentário do dia

O impeachment de Dilma

https://www.youtube.com/watch?v=Xa8TDgX7N_o&feature=youtu.be

Categorias
Artigo

Queda de Dilma é um manual de como um governante não deve fazer para seguir no poder

Dilma-mão-na-cabeça1-400x260

Dilma Rousseff não é mais presidente do Brasil. A primeira mulher a chegar ao mais alto posto da nossa república não resistiu ao sexto ano de mandato por pura inabilidade política.

Ela se preocupou no segundo mandato em fazer a agenda da mídia e dos mercados. Adotou medidas impopulares, trouxe um ministro da fazenda (Joaquim levy) e rasgou o prometido nos palanques. Abandonou as medidas desenvolvimentistas do ex-presidente Lula e partiu para uma agenda que não é petista.

Dilma se iludiu que por ser honesta ela sobriveria aos corruptos e conseguiria ter apoio popular. Ela errou. Errou ao não entender que a política é complexa e que os discursos são meros adereços para enconbrir as reais intenções. Quem queria vê-la pelas costas não estava preocupado com a moralidade na política. A turma que foi as ruas patrocinada pelas aves da FIESP tinha um outro plano de voo.
A agora ex-presidente perdeu a mão. Errou na política, errou na economia e não soube ter a paciência necessária aos estadistas para lidar com Eduardo Cunha, um psicopata político capaz de qualquer coisa para se dar bem. O PT deveria ter tido a habilidade política para livrar Cunha no Conselho de Ética e barrar o impeachment.

Mas o governo quis medir forças com um cidadão que financiou quase dois terços dos mandatos da Câmara dos Deputados. Não seria fácil derrubá-lo pela via política. Mas o PT embarcou na aventura. Resultado: o processo de cassação de Cunha, mesmo com todas as provas, é o mais longo da história.

A queda de Cunha era questão de tempo. Talvez se Dilma tivesse conhecido a minha avô, a sábia Dona Darquinha, teria entendido que os maus por si se destroem. O jogo para salvar Cunha renderia algumas manchetes negativas, não seria colocando ele na berlinda que o governo Dilma ia se safar. De fato, foi a derrocada. No mesmo dia que o Conselho de Ética acatou a cassação de Cunha ele aceitou o pedido de impeachment que terminou hoje. Isso foi em 2 de dezembro.

Só Cunha tinha esse poder. Ele já tinha recusado inúmeros pedidos. Tendo o PT ao seu lado não seria dessa vez que iria aceitar.

O PT colhia os frutos de ter se acomodado numa política fisiológica em que é um amador diante dos tubarões do PMDB e suas cópias falsificadas como PP, PR, PSD e tantos outros partidos fisilógicos do chamado “centrão”.

O resultado de hoje é fruto de um trabalho não feito pelo PT para que a esquerda crescesse nesses 13 anos de poder. Na hora do aperto apenas o partidos realmente de esquerda ficaram com Dilma e a direita/“centrão” trucidou na Câmara dos Deputados e Senado.

Dilma não soube fazer o jogo político e quando acordou já estava derrotada e ao entrar no “topa tudo” o quadro era irreversível. Ela não tinha mais condições de governar o país.

Como Vargas, Jânio Quadros e Collor ela perdeu o Congresso e sem os políticos ninguém governa numa democracia pluripartidária como a brasileira.

Bastou arranjar um pretexto qualquer para derrubá-la e assim foi. Dilma foi injustiçada? Sim. Mas ela errou por não fazer o jogo da governabilidade num Congresso de novatos e extremamente conservador.

Agora assume um presidente que tem compromisso com os mercados financeiros e forte capacidade de articulação política. Um homem culto e obscuro. Um sujeito tão distante das causas sociais que não tomou posse na Câmara dos Deputados, a casa que simboliza o povo. Assumiu o posto mais importante da nação no Senado, que representa os Estados e onde se encontra a ELITE política do país.

Categorias
Matéria

Tudo dentro do esperado: Fátima e Agripino em pólos opostos e Garibaldi omisso

A senadora Fátima BezerrFátima_impeachmenta (PT) subiu à Tribuna do Senado para defender a presidente afastada Dilma Rousseff e a tese do golpe jurídico/parlamentar.

Para a petista, Dilma está sendo injustiçada. “Por fim, espero sinceramente que a marcha dos derrotados nas urnas não prospere, porque não há neste Plenário biografia mais limpa e de luta do que a da senhora. Nós não compactuaremos com este golpe, com esta infâmia. Na minha modesta biografia de professora, nascida no sertão nordestino, eu me nego a colocar a minha assinatura nesta farsa. Tenho a convicção de sua inocência, e seguiremos em luta ao seu lado, em defesa da democracia”, analisou.

Na outra frente o senador José Agripino, presidente nacional do DEM, seguiu defendendo ferrenhamente a queda da primeira mulher eleita presidente da república no Brasil.

O parlamentar questionou os motivos para Dilma não atender aos alertas do Tribunal de Contas da União (TCU) e Tesouro Nacional. “Vossa Excelência usou das pedaladas fiscais como alternativa por causa da escassez de recursos, mesmo diante dos avisos do que estaria por vir”, criticou.

Agripino_impeachment
Para ele a falta de réplica prejudicou o debate. “Se o formato deste questionamento envolvesse a réplica, a presidente Dilma ia sair muito complicada desta audiência. Porque, quando se pergunta uma coisa, ela responde outra e não responde as questões fundamentais. Se você, na réplica, questiona o ponto direto e Dilma não tem resposta para dar, ela, ao invés de convencer, iria desconvencer”, avaliou.

Já Garibaldi Filho (PMDB), que votará pelo impeachment, preferiu não se expor. Preferiu não se envolver no debate.