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Jornalista assume direção do Detran em Mossoró

O jornalista Emerson Linhares é o novo diretor da unidade de Mossoró do Detran. Ele substitui Wilson Fernandes, um nome indicado pelo PSB.

Emerson é um jornalista com mais de 20 anos de atuação que já foi editor chefe do Jornal O Mossoroense e diretor da Rádio Difusora.

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Olavo de Carvalho e a “ausência que preenche”

Olavo Carvalho é o enfadonho astrólogo autoproclamado filósofo (Foto: reprodução/Youtube)

Por Emerson Linhares*

“Para agir corretamente no governo de um Estado, é preciso ouvir muito e falar pouco.”

CARDEAL DE RICHELIEU

Abrir o computador para escrever sobre o “guru” e filósofo Olavo de Carvalho dá até preguiça. Primeiro porque a gente pensa logo na sombra proporcionada pela árvore de grande porte, de uma longevidade magnífica (pode atingir mais de mil anos de existência) e, de acordo com botânicos e geólogos, é utilizada como um medidor de catástrofes naturais do ambiente. Daí para armar uma redinha no carvalho, sobrenome do brasileiro que mora nos Estados Unidos e se balançar como um bom nordestino, seria um bom começo.

Segundo porque Olavo está se tornando enfadonho, metendo o bedelho onde não é chamado e querendo colocar chifres em cabeça de cavalo.

Mesmo assim o notebook foi acionado porque jornalista quer só um mote para fazer a glosa. Eu achei genial a resposta a uma pergunta feita em entrevista ao senador veterano Álvaro Dias (PODEMOS), ex-candidato a presidente da República ano passado. Álvaro foi indagado sobre como ele avaliava a influência de Olavo de Carvalho no governo e ele foi certeiro, cirúrgico: “Se ele se ausentasse, a ausência dele preencheria uma grande lacuna no governo.”

A frase do político paranaense soou poética, mas entra como um uppercut desferido pelo pugilista Rocky Balboa, personagem antológico de Sylvester Stallone. E não é somente isso: muitas pessoas, perto ou longe do presidente Bolsonaro, sabem que a influência é negativa (e enquanto eu escrevia esse artigo, o governo soltava nota asseverando que as críticas do escritor a militares não contribuem com o governo, apesar de mais adiante afagá-lo ao afirmar que ele tem “espírito patriótico”). Bom, isso eu também tenho!

E enquanto não sai de minha cabeça a frase melódica de Álvaro e que me inspirou a escrever não só este artigo, mas que daria para iniciar uma bela letra de música – a ausência que preenche -, a preguiça vai se esvaindo. E só sei que nessa briga verbal de Olavo com os militares, em especial com o vice-presidente da República Hamilton Mourão, não tem como o “guru” mandar um cabo e um soldado para apear o general do poder, como sugeriu um dos filhos de Bolsonaro em relação ao STF.

Inclusive Mourão, que tem se movimentando muito bem nesse xadrez político em Brasília, um terreno sempre movediço e traiçoeiro em várias circunstâncias, não economiza munição para passar recado: “Olavo deve se limitar à função de astrólogo”. Ou de tarólogo né Mourão? Porque ele quer dar as cartas. Não é isso?

Por fim, parece que vai por água abaixo essa ideia de Olavo de influir de forma incisiva nas decisões, posições e pensamentos do governo Bolsonaro. Se queria ser a reencarnação de Armand Jean du Plessis, o Cardeal de Richelieu, a iminência parda do reinado de Luiz XIII, na França do século 17, ao que tudo indica nem se vivesse mil anos como os frondosos carvalhos ele conseguiria. Já para relinchar é só dobrar a esquina do continente, armar uma rede e aproveitar a sombra de sua inutilidade.

*é bacharel em Direito, pós-graduando em Direito Previdenciário e diretor de Jornalismo e Programação da Rádio Difusora de Mossoró