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UERN prorroga aulas remotas até o dia 28

A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) prorrogou para até o dia 28 a manutenção das aulas remotas enquanto medida de segurança por causa da onde de ataques terroristas iniciada em 14 de março.

A decisão foi tomada em reunião neste sábado com representantes do Fórum de Diretoras e Diretores, do Fórum de Chefes de Departamento, do Diretório Central dos e das Estudantes (DCE), além do Gabinete da Reitoria, da Pró-reitoria de Ensino de Graduação (Proeg), da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e da Pró-reitoria de Administração (Proad).

“A decisão foi tomada durante reunião realizada na manhã deste sábado (25), tendo como base a limitação do transporte urbano e intermunicipal, que não está operando de forma integral”, diz a UERN por meio de nota.

A UERN já está retomando as atividade presenciais de forma gradual desde a quinta-feira, 23 de março.

Na terça-feira será feira uma nova avaliação.

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A Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) decidiu só retomar as atividades presenciais no dia 31 de março. Já a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) volta na segunda-feira, 27.

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Tempo de emergências sim, mas com respeito à vida sempre

Por Jean Paul Prates*

Estamos vivendo um tempo de emergências. Um tempo de sucumbir à pressa em acertar. Mas devemos evitar sempre a tentação de resolver desafios no ritmo da angústia e da pressão por respostas fáceis.
É o caso da pressa pelo retorno às aulas presenciais, uma medida que exige todo o tipo de cuidado e preparação.
Na última sexta-feira, a partir de um requerimento de minha autoria, o Senado realizou uma sessão de debates sobre três proposições que tratam da Educação. São elas o PL 5.595/2020, que pode tornar obrigatório o retorno das aulas presenciais, ao torná-las atividade essencial, o PL 2.256/2019, que trata das normas gerais de segurança escolar e o PL 2.949/2020, que propõe uma estratégia para a reabertura das escolas na pandemia.
É muito importante que o Senado tenha se dado o necessário tempo de reflexão, analisando com atenção essas proposições.
Ainda que estejamos vivendo um tempo de emergências, o Parlamento não é uma linha de montagem. Na elaboração das regras que regem a vida da população, não nos cabe apenas apertar botões. Faz parte do dever de deputados e senadores o debate e a análise.
A educação é primordial na construção deste País — do bem-estar dos brasileiros e brasileiras e de nosso futuro como nação. Mas esse papel fundamental não deve ser diluído na decretação de um caráter essencial das aulas presenciais.
Pessoalmente, sou um entusiasta da escola, onde crianças e jovens aprendem muito mais do que os conteúdos dos seus cursos.
É na escola que se aprende a socialização e a convivência com as diferenças. Que se aprende o viver e o fazer coletivos. Onde se aprende, portanto, o que é ser cidadão e cidadã.
É na escola que se aprende diversidade, que há outras formas de ver o mundo do que aquela que predomina nas nossas famílias. Porque todas as famílias são diferentes, mesmo as famílias felizes, pedindo licença para discordar do grande escritor russo Tolstói.
Mas é forçoso reconhecer que educação — essa atividade fundamental do processo civilizatório — não se confunde com a aula presencial.
Aulas presenciais são uma parte muito desejável e relevante do processo educacional. Mas não podem ser colocadas na condição de essenciais em todas as circunstâncias — como esta pandemia está nos ensinando há mais de um ano.
A Educação é uma das bases da vida. Não vamos colocar a prestação do serviço educacional na contramão da vida, da saúde e do bem-estar das nossas crianças e jovens, de suas famílias ou dos abnegados profissionais da educação.
Precisamos, sim, das escolas abertas. Para que as crianças possam brincar e aprender, para que seus pais possam trabalhar com o coração tranquilo, sabendo que elas estão bem assistidas. Para que milhões de alunos possam contar com a única refeição certa do dia — porque, infelizmente, a merenda escolar tem esse caráter, ainda mais quando o governo arbitra um auxílio emergencial de apenas cento e cinquenta reais e limita de todos os jeitos o universo de quem recebe esse auxílio.
Antes da volta às aulas presenciais, é preciso definir com muito cuidado as medidas e condições necessárias para a reabertura das escolas.
Vamos assegurar a vacinação de todos os profissionais da educação — que também têm o direito de trabalhar sem medo. Vamos garantir a testagem regular para toda a comunidade escolar e universitária.
Vamos tratar da adequação da infraestrutura das escolas — ninguém ignora que há escolas no Brasil que não têm água para que as crianças possam lavar as mãos e que muitas salas de aula não têm sequer ventilação adequada.
É sempre bom lembrar que mais de 80% das matrículas na educação básica do país estão na rede pública. O censo escolar de 2020 mostrou que 4.300 escolas públicas brasileiras não tinham nem banheiro e quase 9 mil não tinham água potável. Como vamos garantir a segurança de nossas crianças em condições como essas?
Vamos também tratar de inclusão digital, com internet e equipamentos para os estudantes e professores poderem contar com aulas remotas com um mínimo de qualidade técnica.
Porque um fato é inegável: os professores não pararam de trabalhar durante a pandemia.
Em todas as pontas da educação, esses profissionais têm se dedicado de modo árduo a novas rotinas. Têm aprendido a ser youtubers, animadores remotos, motivadores incansáveis para manter a atenção de seus alunos.
E tudo isso sem o apoio do governo federal, que vetou o projeto para fornecer acesso a internet e tablets para alunos e professores poderem ter acesso às aulas de forma segura. Esse veto, aliás, será analisado pelo Congresso na próxima semana e tenho confiança de que vamos derrubá-lo.
Em respeito à natureza fundamental da educação, à abnegação dos professores e demais profissionais da área, ao direito de nossas crianças e jovens, não transformemos a questão em cabo-de-guerra.
Escolas abertas, sim. Esse é o farol rumo ao qual navegaremos com cautela. Educação essencial, sempre. Mas com vacinação, protocolos de segurança e respeito à vida.

*É senador pelo PT/RN.

Este texto não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema. Envie para o barreto269@hotmail.combruno.269@gmail.com.

 

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Ensino remoto: entre alunos, professores e a responsabilidade e negligência dos entes da Federação

Por Tales Augusto*

A Educação e o acesso à Escola são garantidos por Lei, a instituição de ensino deve ser democrática, docentes proporcionarem os mesmos conteúdos e informações aos alunos, o ensino/aprendizagem exercido com equidade, materiais escolares como livros didáticos auxiliando no aprendizado, buscando oportunizar o aprendizado para todos de forma igualitária. Mas da saída de casa até a escola e o retorno (incluo também a permanência do discente na instituição), muito é invisível, não falado, silenciado.

Se pegarmos a faixa onde se encontra o grupo de maior vulnerabilidade socioeconômica, antes da pandemia tínhamos de acordo com a OCDE o Brasil figurando como

“um dos países em que há menos estudantes resilientes, aqueles que apesar da condição de pobreza conseguem ter bom desempenho escolar. Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra só 2,1% dos alunos brasileiros com esse perfil. A pesquisa analisou resultados da última edição do Pisa, maior avaliação internacional de educação, feita por jovens de 15 anos. A média de resiliência entre países membros da OCDE é de 25,2%.” ( https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,apenas-2-1-dos-alunos-pobres-do-pais-tem-bom-desempenho-escolar,70002213621)

Imagine a seguinte situação. Um país onde o acesso à internet de qualidade é um artigo de luxo, inclua além do acesso, possuir equipamentos compatíveis para receber materiais diversos, realizar pesquisas e atividades propostas por professores. Imaginou? Ok!

Então, peço agora que inclua em meio a tudo isso, uma pandemia que até neste momento, inviabiliza o ensino presencial de forma segura, visto que não temos vacinação em massa, imaginou? Seja bem-vindo ao Brasil 2020/2021.

O quadro descrito acima não é novidade, o que também não é novidade é o ensino remoto, por incrível que nos pareça. Só que para a maioria da população brasileira é algo que além de novo, possui uma série de situações que dificultam a eficácia duma Educação que seja inclusiva. O Ensino Remoto nunca fora usado de forma tão disseminada como agora, a pandemia o tornou no principal modo de lecionar. E neste momento, chega a ser a única forma de termos aulas com o aumento da Covid-19.

Essa modalidade de ensino, escancarou o que há décadas existe, um verdadeiro fosso entre os que possuem condições econômicas privilegiadas, podendo transformar em êxito ou êxitos, tanto educacional, quanto socioeconômico. Por outro lado, a maioria esmagadora dos alunos da Educação Básica ao Ensino Superior nas instituições públicas continua excluída, saliento que não pense as escolas privadas e seu público de forma homogênea, muitas sofrem neste momento e seus alunos idem, nem toda escola privada é escola de rico e nem todo aluno dela é rico, muitos de classe média, fazem sacrifícios para que os filhos tenham o que não tiveram, acesso a Educação. No Brasil, ter acesso de qualidade a internet é um artigo de luxo. vale ainda citar que não basta ter internet. Sem equipamentos compatíveis para receber os materiais e realizar as atividades propostas, estamos negligenciando o futuro do país.

Mesmo que na nossa Carta Magna tenhamos no 6º artigo a garantia de vários direitos sociais, e o direito a Educação está inserido, a teoria e a prática no cumprimento das leis não se unem, vivemos em meio a promessas que estão postas em leis, compilações jurídicas e que nos deixa numa dualidade, não acreditar nas leis ou exigir dos órgãos competentes que as cumpra. Vejamos o artigo

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

E para podermos melhor entender como neste momento o Ensino Remoto colocou os alunos numa situação difícil e não temos por parte do entes da federação, especialmente do que mais poderia/deveria agir, o governo federal, ações efetivas neste momento. Corroborando que citei, temos no artigo 23 da Constituição de 1988 o seguinte texto

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;

Todos, repito, todos os entes da federação deveriam agir na responsabilidade em relação na Educação. Mas antes de adentrar nesta questão, o bolo orçamentário do Brasil fica nas mãos do governo federal, estados e municípios possuem dificuldades de se manter e os repasses dos FPE e FPM diminuem, não temos uma reforma que torne mais justo a situação de sobrevivência destes entes.

Não surpreso, li a notícia que “o presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente o projeto de lei da Câmara dos Deputados que previa ajuda financeira de R$ 3,5 bilhões da União para estados, Distrito Federal e municípios garantirem acesso à internet para alunos e professores das redes públicas de ensino em decorrência da pandemia. (https://www.camara.leg.br/noticias/737836-bolsonaro-veta-ajuda-financeira-para-internet-de-alunos-e-professores-das-escolas-publicas/). Quando lermos os artigos 6º e 23º da CF 1988, não temos um descumprimento da nossa maior Lei?

Até aqui, apenas falei sobre questões gerais, vamos aos fatos, aos alunos, a triste e real realidade quem vivem. Antes no ensino presencial, muitos alunos tinham na escola sua refeição diária, um acolhimento e por mais que houvesse limitações, era ali, naquele espaço que podia haver mudanças. Agora, em casa muitos não possuem celulares capazes de suportar certos aplicativos para as aulas, muitos alunos até tem que dividir com irmãos o aparelho. Espaço para estudar, um cômodo na casa próprio para estudar, é algo raro, praticamente inexistente.

E o presidente Bolsonaro ainda nega um direito garantido por Lei ao povo brasileiro, as crianças, jovens e adolescentes do Brasil, o chamam de patriota, impossível, vocês que leem isso, saibam que se o apoiam ainda, contribuem para nosso pais negar, cercear o futuro de gerações que com ações do tipo com o veto, provavelmente jamais irão conseguir reaver o tempo que perderão.

“E os professores, ah, os professores, esses que não trabalham, só enrolam na internet, não lecionam, se negam a ir para sala de aula”… Claro que tratei isto de forma irônica e dói saber que muitas pessoas pensam assim, nunca estiveram numa sala de aula, muitos inclusive falam em Educação, mal sabe que há Educações, as Educações Formal, Não-Formal e Informal. Todos parecem Doutores em Educação, mas nunca tiveram a coragem de lecionar.

Os professores em sua maioria, assim como os alunos, não estavam/estão preparados para essa nova realidade do ensino remoto. Culpa das universidades na sua formação? Não, um dos principais motivos, é que assim como os alunos, a maior parte dos professores no Brasil ainda são párias. Mal remunerados, tidos por vagabundos e perseguidos nas suas falas e opiniões.

Acham mesmo que todo professor já tinha equipamentos para as aulas? Que possuem internet de qualidade? Que nas suas casas não tem filhos netos, vizinhos com barulho e mais, que tiveram por parte dos municípios, estados, distrito federal e governo federal ajuda? Cheguei a citar que não tivemos acesso pelos entes da federação para equipamentos para ministrar aulas e falaram que já ganhamos salários, acreditam?

Falo com orgulho que no IFRN tivemos ações, mas partiram do Campus que trabalho, a época do início da pandemia, tínhamos um interventor, um pró-tempore que não fez, aliás, comprou computadores de ponta para uso dele e seu staff. Que bom que ele não mais lá está e espero que tudo isso passe, que eu e todos os professores do Brasil sejam prioridade na vacinação e voltemos a sala de aula física, onde nos sentimos bem.

Tem mais, ainda sobre ensino remoto. Você que está lendo, que tem filho entre seus cinco a oito anos de idade, já imaginaram como é lecionar para alunos nessa faixa etária? Nenhum professor é Galinha Pintadinha, Peppa Pig ou qualquer outro personagem que consegue manter as crianças quase que hipnotizadas.

Não sejam injustos com aqueles que mesmo diante de tudo e todos (inclusive do aniversariante de hoje 21/03, que não merece meus parabéns, mas cobranças e críticas, o Bolsonaro), tentam contribuir com suas limitações, desafios e raramente reconhecidos, os professores. Estes que têm a origem da palavra que os designa semelhante aos profetas, pois professam o que acreditam, defendem, acreditam.

Sem Educação, dificilmente teremos futuro, sem a Educação, temos a certeza que não haverá!

*É Historiador, Professor e mestrando em Ciências Sociais e Humanas na UERN.

Este artigo não representa necessariamente a mesma opinião do blog. Se não concorda faça um rebatendo que publicaremos como uma segunda opinião sobre o tema.