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Grupo negocia compra de controladora da UnP

O Grupo Ser Educacional, que é detentor da Uninassau, está negociando a compra Grupo Laureate no Brasil, que controla a Universidade Potiguar (UnP).

A informação foi dada em primeira mão pelo jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo.

O compra Grupo Laureate no Brasil também tem o controle das instituições de ensino superior Anhembi Morumbi e FMU/Fiam, em São Paulo, e UniRitter, no Sul.

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Reportagem

Estudantes superam o câncer para conquistar vagas no SiSU

Ezequiel mesmo com todas as dificuldades conquista a sonhada vaga no ensino superior

Vontade de vencer, fé, família e inspiração, foram alguns dos ingredientes que fizeram com que Ezequiel Mateus da Rocha, 19, natural de Assú-RN, realizasse o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2019. Incentivado pelas professoras da Classe Hospitalar que funciona na Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC), o jovem conquistou a aprovação no curso de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

“Eu nem iria fazer o ENEM ano passado, mas Hemaúse (professora) chegou no internamento e perguntou se eu não iria fazer. Respondi que não, pois estava internado no Hospital da Liga, foi quando ela me explicou da opção de fazer na Classe Hospitalar, onde eu teria a oportunidade de fazer as provas no próprio Hospital”, explica Ezequiel.

A Classe Hospitalar é um projeto da Associação de Apoio aos Pacientes com Câncer de Mossoró e Região (AAPCMR), que funciona em parceria com a Liga Mossoroense, onde os pacientes tratados na Liga e assistidos pela AAPCMR continuam suas atividades escolares, para que não atrasem os estudos por causa do tratamento. O projeto conta com uma Assistente Social da Casa de Apoio e duas professoras cedidas pelo Governo do Estado, funcionando na estrutura do Hospital da Liga (Unidade II).

“Ficamos muito felizes ao receber a notícia e saber que o projeto da Classe Hospitalar rende bons frutos. Agradeço a todos os envolvidos que dão sua contribuição, proporcionando não só acompanhamento a nossas crianças, mas também seu crescimento pessoal e profissional”, ressaltou Paulo Henrique Monte, Presidente da LMECC.

Tendo iniciado o tratamento de um câncer ósseo sarcoma em março de 2019, Ezequiel conta que sua família e a vontade de motivar os colegas que também passam pelo tratamento oncológico foram seus maiores combustíveis. “Mesmo realizando tratamento nunca me senti desmotivado. Eu estava bastante motivado pela minha família e queria fazer algo para incentivar os outros jovens do Hospital a, assim como eu, ter forças para seguir a vida e realizar seus sonhos”, frisa o jovem.

“A aprovação de Ezequiel nos traz uma sensação inexplicável. Foi a primeira vez que foi realizada uma prova de ENEM em Classe Hospitalar no Estado do Rio Grande do Norte. Ezequiel fez história e será exemplo não apenas para os jovens que estão em tratamento hoje, mas para todos que virão também. Para nós isso é algo muito significativo. É pensar esse jovem além do espaço do hospital, que apesar do tratamento existem outras possibilidades e que eles têm um futuro, a possibilidade de sonhar e realizar”, comemora Hemaúse Emanuele, professora do Estado cedida e AAPCMR, que acompanha as crianças na Classe Hospitalar.

Mais duas ex-pacientes também foram aprovadas

Liliany e Ana Beatriz se recuperam e agora são universitárias

Além de Ezequiel Rocha, mais duas ex-pacientes da Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) também foram aprovadas nesta edição do Sistema de Seleção Unificado (SISU). Liliany Alves, 21, concluiu tratamento de leucemia em agosto de 2019 e conseguiu aprovação em Medicina na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O tratamento oncológico teve papel decisivo na escolha do curso.

“Eu já queria medicina, mas digamos que queria em um nível normal. Após iniciar o tratamento de 2016 para 2017, minha vontade ficou muito maior, por conviver com meus médicos eu acabava me inspirando muito e queria ser como eles. Então, eu dizia para mim mesma que tinha que lutar pelos meus objetivos, mesmo estando no Hospital ou me tratando em casa, para que um dia eu pudesse ajudar as pessoas com eu estava sendo ajudada”, conta Liliany.

Já Ana Beatriz Nunes, 18, concluiu tratamento de um câncer de osteosarcoma no ano de 2015. Ela foi aprovada no curso de Enfermagem também na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). “Sempre quis um curso da área da saúde. Ao passar pelo tratamento fiquei muito amiga das minhas enfermeiras, e até hoje tenho contato com algumas. Então, isso ajudou a ter certeza da minha escolha”, explica Ana Beatriz.

Após o êxito no ENEM e com toda uma vida acadêmica pela frente o sentimento é de gratidão e incentivo aos colegas que ainda estão se tratando. “Sou muito grata a Deus e as pessoas que oraram por mim. Diria aos colegas que nunca percam a esperança de ficar curados. Nossa mente é um grande aliado, o pensamento positivo nos ajuda bastante e temos que crer que tudo passa”, conclui Liliany.

“Diria que não desista. Eu sei que é uma caminhada difícil, mas no final o esforço vai valer a pena e verão o quão bom será ter sua vitória reconhecida”, finaliza Ana Beatriz.

Texto e Fotos: Assessoria de Comunicação da Liga Mossoroense (LMECC) 

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O olhar de Fátima para o ensino superior estratégico

Por WILLIAM ROBSON CORDEIRO*

Há uma clara postura ultraliberal de sucateamento do ensino superior em curso no país e que tende a se acentuar no governo que está por vir. O propósito se baseia na ideia de que a nação precisa produzir trabalhadores e não intelectuais. Se não a mão de obra para o chamado mercado de trabalho, youtubers da hora ou enchedores de linguiça dentro da linha de produção escravista onde o Estado não vê o indivíduo, mas uma engrenagem que deslegitima o pensar.

A manifestação mais recente veio do futuro ministro da Educação do governo Bolsonaro, para quem o Ensino Médio (que ele ainda chama de “segundo grau”) é suficientemente capaz de formar o jovem brasileiro. Não para refletir, não para criticar ou para ser livre. Para virar óleo que vai fazer girar a máquina do tal mercado.

Para Vélez Rodrigues, em entrevista à Folha de S, Paulo desta segunda-feira (27),  “nem todo mundo quer fazer universidade. É bobagem pensar na democratização da universidade, nem todo mundo gosta”. E acrescentou: “O segundo grau teria como finalidade mostrar ao aluno que ele pode colocar em prática os conhecimentos e ganhar dinheiro com isso. Como os youtubers ganham dinheiro sem enfrentar uma universidade”.

Atitudes bizarras assim têm sido comuns na equipe de Bolsonaro, um desprezo total pelo conhecimento, pela ciência e pela intelectualidade. Neste universo de insanidade, a Academia é vista como inimiga, como antro de “comunistas”. Até o futuro presidente se acha no nível de violar o conteúdo das provas do Enem e avaliar se a prova deve ser aplicada. Para reforçar o torpor, Paulo Freire, um dos maiores intelectuais do planeta, precisa ser combatido.

Será que o pensamento paulofreiriano de fomentar uma “educação como prática de liberdade” é tão nocivo assim para a sociedade? Como afirmou o professor Jorge Ijuim, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em uma conversa a respeito, a intenção dos ultraliberais não é elevar o nível de instrução da pessoa. Porque a educação em sua profundidade pressupõe liberdade, independência, mas também autonomia para se apropriar de bens culturais, mais que somente estar apta a “ganhar dinheiro”.

Diante desta maré tortuosa, de pesadelo real, a governadora eleita do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), declarou a antítese disso tudo, de validação total ao ensino superior. Ao falar acerca da Universidade do Estado do RN, instituição tão atacada quanto às universidades federais pelo resto do país, destacou que a vê com muita importância e “que será parceira do governo na promoção do desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, com parcerias entre as instituições federais com projetos multiestratégicos”.

Ela quer a Uern unida com a UFRN, UFERSA, IFs num objetivo comum de progresso, descartando totalmente a possibilidade de privatização. Pelo contrário, tenderá a elevar seu status e sua participação efetiva no desenvolvimento. É outro olhar sobre uma estrutura de inegável potencial.

Ou seja, Fátima vê a Uern como uma aliada para o seu projeto de desenvolvimento do Estado tanto para a geração de empregos, quanto para a produção de ciência, de cidadãos críticos e de uma sociedade mais civilizada.

A Uern, presente em 17 cidades do Estado, enfrenta uma crise em sua estrutura que afeta os servidores, que estão com salários em atraso e sem perspectivas de receberem o décimo-terceiro salário. O seu sucateamento sempre foi um projeto para justificar a privatização. Para alguns, a universidade é um fardo. Outros não refletem sobre o real sentido de uma instituição que promove o conhecimento e o engrandecimento cultural. O Governo de Fátima dá sinais claros que pensa diferente.

Dois casos foram emblemáticos nos ataques sofridos pela Uern, dos quais a instituição não esquece. O primeiro, foi o do desembargador do Tribunal de Justiça do RN, Cláudio Santos, quando em 2017 afirmou em entrevista na TV que a Uern deveria ser privatizada. O segundo envolveu o ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Mossoró, Jório Nogueira, que afirmou que “muitos alunos saem da universidade sem saber fazer um ó com uma quenga”, desprezando a finalidade da institução. A reação veio nas urnas. Não conseguiu renovar o mandato.

O olhar de Fátima, uma professora que teve a maior votação da história entre os governadores do RN, é de que a universidade também significa o caminho de formação de especialistas, professores e profissionais para os diversos campos da economia e da educação do Estado. “E não estou falando do poder científico da Uern, com seus programas de mestrado e de doutorado. Enfim, não tenho nenhuma dúvida que esta é instituição de caráter estratégico e precisa ser alçada para esta condição”, concluiu, durante entrevista no final de semana à imprensa.

E estratégico é formar uma sociedade com pessoas livres, com esperança e resistente ao projeto político de invalidar o poder da educação. Só o conhecimento liberta.

*Ex-editor chefe dos jornais Gazeta do Oeste e De Fato e doutorando em jornalismo pela UFSC.