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Ausência de Tony em evento do PT é sinal de alinhamento com o rosalbismo e sinal dos novos tempos na política mossoroense

O PT fez um grande evento no sábado. Reuniu praticamente toda a oposição ao prefeito Allyson Bezerra (União). De principal o lançamento do nome da deputada estadual Isolda Dantas (PT) para uma segunda candidatura a Prefeitura de Mossoró.

De secundário a ausência do vereador Tony Fernandes (SD), líder da oposição na Câmara Municipal. Como pano de fundo nesta falta anotada os sinais de que o parlamentar, por mais que negue, está em processo de alinhamento com o rosalbismo.

Esse processo em si é um sinal dos novos tempos da política mossoroense numa era de enfraquecimento dos Rosados.

A ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) levou falta no evento do próprio partido que marcou a filiação do deputado federal João Maia, não foi candidata no ano passado e foi irrelevante no processo eleitoral de 2022.

Seu grupo político está ausente do debate público na atual quadra histórica e o alinhamento com Tony, um quadro promissor da nova geração, é o que restou ao rosalbismo.

Tony, por outro lado, busca um suporte político, e pode ter isso no rosalbismo e com o empresário Jorge do Rosado, presidente estadual do Avante, como recentemente revelou a jornalista Carol Ribeiro.

A importância dada a ausência de Tony ao evento do PT  com maior proporção à Rosalba é um sinal dos novos tempos de uma política local em que os Rosados são coadjuvantes.

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Rosados voltam ao patamar de 112 anos atrás

Jerônimo Rosado foi vereador em 1908

O ano é 1908. O farmacêutico paraibano Jerônimo Rosado após 18 anos morando em Mossoró decide entrar na política local e se elege intendente, cargo equivalente ao de vereador nos dias atuais.

Na década seguinte, mais precisamente em 1917, ele assume o posto de chefe da intendência, o equivalente ao cargo de prefeito na época.

Após a sua morte em 1930 seus filhos aos poucos vão ocupando espaço na política e a partir de 1948 assumem o controle da cidade por 70 anos, salvo duas curtas interrupções com Antonio Rodrigues de Carvalho (1969/73) e Francisco José Junior (2014/16), sendo que este último foi eleito com o apoio de parte da família tradicional.

Os Rosados conquistaram o Governo do Estado, elegeram senadores, chegaram a ter três deputados estaduais e dois federais simultaneamente e dominaram a política local mesmo quando se dividiram politicamente.

Nos anos 2000, quando o empresário Marcelo Rosado ensaiava entrar na política, o jornalista Nilo Santos (in memoriam) chegou a cunhar a frase “os Rosados são governo, oposição e alternativa”.

Depois do auge entre a segunda metade da década de 2000 e o início dos anos 2010, os Rosados entraram em decadência. Não elegem representantes na Assembleia Legislativa desde 2010 (Larissa retornou na legislatura passada graças a um arranjo político) e agora perderam a última cadeira de deputado federal que vinha sendo mantida por Beto Rosado (PP) graças a uma controversa decisão judicial.

Em 2020, a então “imbatível” Rosalba Ciarlini (PP) foi derrotada por Allyson Bezerra (SD). Foi a primeira vez em 52 anos que alguém chegava a Prefeitura de Mossoró sem o apoio de nenhum Rosado.

Como em 1908, a oligarquia está resumida a um mandato de vereadora conquistada a duras penas por Larissa (PSDB), bisneta do “Velho Rosado”.

Ironicamente a família, que foi tão poderosa separada, vive o ocaso reunida politicamente. Nas eleições os ramos de Sandra, Fafá e Rosalba/Carlos Augusto estiveram no mesmo palanque.

Os Rosados voltaram ao patamar de 1908.

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Os Rosados derrotados

Principais lideranças da família Rosado terão anos de dificuldade pela frente (Foto: reprodução/Web)

Em 52 anos esta é a primeira derrota de fato dos Rosados numa eleição para prefeito de Mossoró. Em 2014, Francisco José Junior contou com o apoio velado da então governadora Rosalba Ciarlini e o explícito da ex-prefeita Fafá Rosado.

Isso mostra que nos últimos 72 anos, a contar do mandato conquistado por Dix-sept Rosado em 1948, a Prefeitura de Mossoró quando não esteve nas mãos de um Rosado esteve com um indicado deles.

O prefeito eleito Allyson Bezerra (SD) repete Antônio Rodrigues de Carvalho, mas com um detalhe que se diferencia: não tinha uma liderança estadual da envergadura de um Aluízio Alves lhe dando suporte.

Os Rosados perdem uma eleição para Prefeitura de Mossoró pela segunda vez em 72 anos. Isso acontece num momento em que eles estão totalmente unificados como ocorria até meados dos anos 1980.

A reunificação se deu pela hegemonia de uma ala sobre outra. Quando se enfrentavam entre si, a ala roalbista teve predominância sobre a sandrista. Em sete eleições só perderam uma, em 1992, num contexto em que Dix-huit ainda era o maior eleitor da cidade.

A força do rosalbismo aniquilou o sandrismo de tal forma que a união se consolidou em 2016. Em 2020, a ex-prefeita Fafá Rosado que estava escanteada da política também apoiou Rosalba.

Os Rosados caíram juntos dez anos após o seu apogeu.

Separados tiveram dois deputados federais, chegaram a ocupar três cadeiras na Assembleia Legislativa e chegaram ao Governo do Estado e Senado.

Juntos foram derrotados e viram sua influência política e eleitoral decair.

A partir de 2021 não terão mais o controle do Palácio da Resistência e seus mandatos estarão reduzidos ao de Larissa Rosado (PSDB), na Câmara Municipal, e o de Beto Rosado (PP), no Congresso Nacional. Este último tem caráter provisório, diga-se de passagem.

A família Rosado pode está trilhando um caminho irreversível.

A união das duas principais alas permitiu o surgimento de novas lideranças. Em 2016 foi Tião Couto que não se consolidou. Em 2018 as novidades foram Allyson Bezerra e Isolda Dantas (PT), eleitos deputados estaduais.

Um será prefeito. A outra pode se reposicionar politicamente como principal liderança de oposição nos próximos quatro anos, apesar da votação abaixo do esperado e prejudicada pela migração de eleitores em nome do voto útil.

A decadência política dos Rosados está em curso e seguirá com a renovação do eleitorado. Mas há meios para a reversão ainda que dependam bastante de um mau desempenho do futuro prefeito.

Os Rosados foram derrotados, estão politicamente na UTI e os aparelhos em que respiram politicamente estão sustentados em dois mandatos.

As duas próximas eleições (2022 e 2024) podem selar o fim da hegemonia rosadista na politica mossoroense.

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Sandra no rumo para a atuação política limitada aos bastidores

Sandra está sendo empurrada para os bastidores (Foto: Jornal O Mossoroense)

Há dois anos Sandra Rosado (PSDB) seria candidata natural a deputada federal. Teve que recuar por força das circunstâncias. Em 2020 sua reeleição para vereadora estava comprometida e foi obrigada a retirar a postulação para abrir espaço para a filha Larissa Rosado (PSDB).

A popularidade de Sandra Rosado sempre esteve aquém da qualidade de sua atividade parlamentar. Ela acabou prejudicada pela desconstrução eficiente da máquina de destruir reputações de rosalbismo, mas algumas atitudes suas e a personalidade também contribuíram para isso.

O destino político sempre reservou a Sandra a atuação nos bastidores onde seu talento político sempre se sobrepôs. Ela poderia ser na ala da família Rosado que comanda o equivalente ao que Carlos Augusto é no rosalbismo.

Mas diferente do primo que aceitou o destino político de se limitar aos bastidores em meados dos anos 1990, Sandra sempre relutou em deixar os holofotes.

Agora o destino impõe esta condição de atuação limitada aos bastidores num momento em que seu grupo político perdeu autonomia dentro do cenário político mossoroense (tema para um outro artigo). Talvez um recomeço do sandrismo passe pela conversão do agrupamento em larissismo e ela saindo dos holofotes.

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Para Sandra, só Rosados podem representar Mossoró

Entrevistada pelo jornalista Saulo Vale no programa Enfoque Político da Super TV a vereadora Sandra Rosado (PSDB) se referiu aos deputados estaduais Isolda Dantas (PT) e Allyson Bezerra (SD) como os “deputados que dizem representar Mossoró”.

Sandra é política de longa data e sabe que a questão da representação não necessariamente passa pela naturalidade da figura pública. Mas no seu peculiar recorte analítico a questão aí nada tem a ver com local de nascimento, mas de sobrenome.

É o mito de que só os Rosados são capazes de representar Mossoró na política. São os seres iluminados que trazem o progresso à terra abençoada por santa Luzia.

Sandra ainda não entendeu que os tempos mudaram e que nas eleições de 2018 as oligarquias sofreram um duro golpe nas urnas. Outro ponto que ela não compreendeu é que ela não é mais líder, mas liderada de Carlos Augusto Rosado e isso abriu espaço para que novas lideranças surgissem na cidade.

Num ponto ela tem razão: Larissa Rosado (PSDB) foi a estadual mais votada em 2018. Faltou ela lembrar que em 2014 a “Guerrerinha” teve 24 mil votos sem apoio de Governo e Prefeitura de Mossoró e quatro anos depois, com apoio de Rosalba Ciarlini (PP), com caneta na mão e tudo, a votação reduziu 7 mil votos.

A adesão ao rosalbismo diminuiu o capital político do sandrismo. A objetividade dos números é insofismável.

Sandra duela com os fatos e a ausência de um legítimo Rosado na Assembleia Legislativa ainda lhe rende uma dor de cotovelo politica.

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Rosalba precisa ter um 2019 sem erros sob pena de voltar a ser punida nas urnas

Rosalba precisa reconstruir a imagem (Foto: autor não identificado)

O recado do eleitor mossoroense a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) em 2018 foi duro. Apesar de todo o esforço dela nas ruas, as urnas avisaram que o povo de Mossoró está insatisfeito com a gestão de quem prometeu devolver os serviços básicos e não cumpriu.

A prefeita é um trator em campanhas e sempre fez seus candidatos serem os mais votados em Mossoró. Seus senadores tiveram desempenhos pífios e mesmo com o filho de vice ela foi derrotada por Fátima Bezerra (PT) nos dois turnos. O consolo para o rosalbismo foi Larissa Rosado (PSDB) e Beto Rosado (PP) serem os mais votados na cidade muito mais pelo peso da máquina e o bairrismo mossoroense. Ainda assim, a tucana teve uma vitória de pirro na capital do Oeste vendo seu capital eleitoral reduzir em 7 mil votos em relação à 2014 enquanto que Beto praticamente não tinha concorrentes fortes no plano municipal.

Saiba mais lendo (Números mostram capital eleitoral de Rosalba em corrosão)

O ano de 2019 será crucial para o futuro político da prefeita de Mossoró e por tabela isso se estende a família Rosado como um todo. Rosalba terá que dar um freio de arrumação no seu governo nos primeiros meses para conseguir emplacar alguma obra.

O ano de 2018 em que se esperava algo de concreto para o desenvolvimento de Mossoró foi de derrotas e silêncio da prefeita. O avanço foi na arrecadação que subiu 17% sem que isso se convertesse em melhorias para a população. As multas de trânsito também foram crescentes sem que isso trouxesse avanços educativos dos motoristas da cidade.

A folha de pagamento é paga a duras penas e objeto de propaganda falaciosa. Os terceirizados continuaram sendo massacrados e a operação tapa buraco tratada, uma medida paliativa é tratada como a solução do problema da malha viária, não resolveu a questão.

A sorte da prefeita é que quem tem uma oposição igual à feita contra ela na Câmara Municipal não precisa de amigos. Isso a poupa de um desgaste ainda maior. Sem contar que a mídia amiga sempre está de mãos dadas.

A prefeita precisa minimizar os problemas que saltam aos olhos com mais medidas de contenção de despesas, se livrar dos problemas que ela não resolveu como a quitação da folha de dezembro de 2016 cuja culpa ela se tornou sócia quando teve dois anos para resolver a situação e não o fez.

Se a prefeita insistir com suas estratégias analógicas que deram certo há 20 anos, mas hoje não atendem as demandas do século XXI, ela estará fadada a viver o ocaso em 2020.

Não vai adiantar deixar para corrigir o rumo ano que vem. Essa foi uma tática usada por Francisco José Junior (PSD) em 2016 e se revelou desastrosa.

A hora é agora.

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Reportagem

Relatório confidencial da Ditadura Militar revela espanto com postura de líderes de Mossoró e do RN

Relatório mostra quadro preocupante

Um relatório a época confidencial mostra que na reta final da Ditadura Militar os políticos de Mossoró, leia-se família Rosado, causavam incomodo pelas ações sempre em prol dos interesses pessoais.

O documento elaborado pelo Ministério do Exército data de 30 de novembro de 1983 e se refere as eleições de 1982 e todo o processo eleitoral.

O material foi levantado pelo grupo de alunos de comunicação social que sob orientação do professor Esdras Marchezan estão pesquisando sobre a vida do jornalista Dorian Jorge Freire.

Logo no início do texto há uma avaliação da política do Rio Grande do Norte como algo próximo ao fanatismo:

“A política potiguar conserva características próprias, adaptadas aos tradicionais costumes políticos da região, destacando-se as acirradas lutas partidárias com participação intensa do povo, habilmente envolvido na época das campanhas eleitorais, atingindo por vezes, os limites do desvario”.

O relatório mostra que o PDS foi alvo de cisões motivadas por posições pessoais “desligados dos interesses partidários” por parte dos líderes locais.

O quadro político do Rio Grande do Norte é classificado como preocupante e corrupto.

“De um lado, o PDS experimentou sérias dissensões internas a defecção de algumas lideranças significativas (Vice-Governador CERALDO JOSÉ DA ÇÃMARA PERREIRA_DE MELO.; família ROSADO, do Oeste potiguar; Senador JOSÉ DE SOUZA MARTINS FILHO) decorrentes da forma discriminatõria e impositiva com que foi decidida, pela família MAIA, a sucessão do Governo do Estado, privilegiando o Sr JOSÉ AGRDMIO ex-Prefeito de NATAL. Viveu o RIO GRANDE DO NORTE um clima de corrupção em que seus dirigentes empregaram todos os meios (recurso públicos, poder de intimidação, empreguismo, etc) para concretizar seu objetivo de eleger seu candidato;

De outro, as oposições, lideradas pelo PMDB, com a defecção do PT, aliaram todas as correntes ideológicas disponíveis com o apoio do clero progressista para separar a opinião pública do Governo, denunciando e criticando sua atuação no campo social e econômico. O candidato mais forte das oposições foi o Sr ALUÍZIO ALVES, político cassado •ela Revolução e homem de principios duvidosos.”

Relatório apresenta uma avaliação do Jornal O Mossoroense como sendo de oposição ao Governo do Estado e dirigido por Dorian Jorge Freire classificado como “como elemento de esquerda”.

“”O MOSSOROENSE”, é um jornal local, de pequena tiragem e pouca popularidade fora de MOSSOR6/RN”, crava o relatório.

Em outro trecho os militares lembram que o jornalista Jaime Hipólito teria escrito no extinto Diário de Mossoró um Editorial sob orientação da família Rosado contra a “revolução”.

“O jornal “Diário de Mossoró”, após a Revolução de 1964, publicou editorial contra a REVOLUÇÃO e o EXÉRCITO e o autor do editorial teria sido o Dr JAIME HIPÕLITODANTAS, por ordem do “grupo” DIX-HUIT

ROSADO, VINGT ROSADO e VINGT – UM ROSADO. Quando rompeu a Revolução, DIX-HUIT ROSADO estava na CHINA COMUNISTA”.

Na sequência o relatório ainda registra que os Rosados se ausentaram do comício realizado nas eleições de 1982 com a presença do então presidente João Figueredo.

“. Na visita política realizada pelo PRESIDENTE DA REPÚBLICA ao RIO GRANDE DO NORTE, em Out 82, VINGT ROSADO, DIX-HUIT ROSADO e CAR LOS AUGUSTO DE SOUZA ROSADO (na época Presidente da Assembléia Estadual), não se fizeram presentes a nenhum evento relativo a viagem pre sidencial, devido ao desacordo na indicação de JOSÉ AGRIPINO MAIA como candidato ao Governo do Estado.

Durante a campanha eleitoral, a família ROSADO apoiou ostensivamente a oposição, a partir da imposição da candidatura de JOSÉ AGRIPINO MAIA ao Governo estadual, em flagrante contestação política a liderança exercida pelo Sr TARCISIO MAIA e pelo PDS”.

Ao final o relatório afirma que a família Rosado coloca os interesses pessoais acima dos interesses partidários:

“A situação política de MOSSORÓ caracteriza-se pela supremacia dos interesses pessoais sobre os partidários. O Deputado Federal VINGT ROSADO atua de forma a que seu grupo seja beneficiado, mesmo que •-, a tal tenha que realizar negociações e conchavos políticos”.

A análise do documento não leva em consideração interesses da população. A prioridade são as questões do PDS, partido que substituiu a Arena como legenda da Ditadura Militar.

Nota do Blog: várias das observações do relatório constam no livro Os Rosados Divididos que retrata exatamente este período quando estava em curso o processo de racha político no principal clã político de Mossoró.