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Tempo é o maior aliado de Rosalba

_FOTO ROSALBA OURO NEGRO

Mais conhecida, beneficiada pela memória seletiva da maioria do eleitor mossoroense que separa a “pior governadora” e a “melhor prefeita” e dona de um carisma insofismável, Rosalba Ciarlini (PP) faz uma campanha em rítmo de quem apenas espera o dia da eleição para descer o Alto de São Manoel comemorando a vitória.

Simples de explicar? Não. Mas essa é a sensação que se passa na política mossoroense. O tempo é o maior parceiro da “Rosa”. Por enquanto ela vai empurrando com a barriga para evitar temas espinhosos. A lei eleitoral a beneficia. Primeiro, o período de caça ao voto diminuiu. Em vez de 90 dias, são 45 dias. Menos tempo para os adversários mudarem o quadro. O horário eleitoral diminuiu de 30 minutos para dez. Menos tempo para que os adversários falem mal dela. Tempo… tempo… tempo…

Mesmo as entrevistas em programas sérios que poderiam lhe questionar os espinhos deixados pela “Rosa” nesse período ficam esvaziadas. Afinal de contas, a lei exige isonomia extrema dos jornalistas em tempos de campanha e ela evitou ao máximo entrevistas em que poderia se deparar com perguntas sobre o bloqueio dos bens, Hospital da Mulher, as atitudes dela que levaram Cláudia Regina a sofrer 12 cassações nas eleições de 2012, Arena das Dunas e assuntos que lhe obrigasse a esclarecer falhas nas gestões dela. Como abordar isso e numa outra entrevista com Josué Moreira (PSDC), por exemplo, cujo histórico não tem qualquer mácula? Certamente ela acionaria a Justiça Eleitoral e multaria o veículo de rádio ou TV. O judiciário é positivista, não consegue relativizar o jornalismo e compreender que cada candidato tem um perfil diferente. Resta “engessar” as entrevistas que ficam mornas.

Até aqui, Rosalba não foi forçada a se explicar sobre nada. Ela, por exemplo, não teve a oportunidade de firmar o compromisso com o eleitor mossoroense de que não vai renunciar ao cargo, caso seja eleita, para disputar o Senado. A ex-governadora transita pelas ruas aos beijos e abraços com o eleitor sem se comprometer. O assunto é tratado como tabu na mídia.

Tempo… tempo… tudo favorece ela. Talvez só seja forçada a se explicar nos debates e com as regras draconianas dos ela estará blindada pelos limites impostos pelo… tempo. Os confrontos só acontecerão poucos dias antes das eleições, quem sabe com o quadro já definido.

Mérito para a assessoria dela que soube protegê-la de assuntos espinhosos, restaram as pétalas da rosa. Feio? Diria que sim. Mas se eu fosse assessor dela a protegeria do mesmo jeito. É trabalho do assessor poupar seu assessorado de situações constrangedoras. Como é meu trabalho, como jornalista, questionar. Cada um no seu papel.

Quem perde é o eleitor que não tem a oportunidade de ver esclarecidos assuntos importantes. À Rosalba interessa o desencontro de informações que confunde um eleitorado em grande parte passional e desinformado. No dito pelo não dito, ela deita e rola no melhor papel que sabe encenar no teatro político: o de vítima.

Os adversários correm contra o tempo (sempre ele) para tentar desconstruí-la. Até aqui os resultados não são os esperados. É como se as críticas entrassem num ouvido e saíssem no outro.

E por que afirmo isso? A falta de pesquisas registradas explica. Nenhuma candidatura registrou sondagens. Isso não significa que elas não estejam sendo feitas. Estão e em escala industrial para consumo interno.

O que isso indica? Que Rosalba não cresceu, mas também não está sendo ameaçada. Portanto, não interessa a ela publicar nada. O favoritismo dela está no imaginário popular.

Por outro lado, os adversários não cresceram o esparado. Por isso não interessa lançar números ao vento que não atraem o “voto útil”. Melhor animar a militância com relatos sobre as pesquisas de consumo interno.

Falta exatamente um mês para a eleição. Só um fato novo muda o quadro.

Foto: assessoria