O secretário municipal de saúde de Natal George Antunes conversou com jornalistas na entrada da sede da pasta e disse ser prematura falar em superfaturamento nas investigações que resultaram na Operação Rebotalho.
“Em situação de pandemia se falar em superfaturamento… haviam preços dos mais variados possíveis. Se falar em superfaturamento é muito prematuro. Não tem como comparar preços. Você compra medicamentos de R$ 20, R$ 300, R$ 150… o mesmo medicamento. Primeiro você tem que encontrar no mercado. Não é prudente falar em superfaturamento”, declarou.
A Operação Rebotalho foi deflagrada hoje pela Polícia Federal, Controladoria-geral da União e Ministério Público Federal. A desconfiança é de que um esquema de superfaturamento na compra d respiradores para o Hospital de Campanha de Natal tenha causado um prejuízo aos cofres públicos de R$ 1,4 milhão.
Hoje pela manhã o secretário municipal de saúde do Natal Goerge Antunes mandou a real sobre a crise sanitária na capital do Estado:
“Esqueçam decreto de governadora e de prefeitos. Esqueçam pelo amor de Jesus Cristo e fiquem em casa. Isso é o maior absurdo que a gente pode ver nos dias de hoje, se falar em flexibilização. O povo deve ficar em casa. Os poderes, os governantes, têm que ter a coragem de dizer o que são serviços essenciais nas suas cidades, o que é serviço essencial dentro desse estado, e não abrir comércio da forma como está sendo aberto, chamar o povo para a rua, distribuir máscara para causar sensação de falsa segurança”*.
Nada mais realista que a fala do secretário. Causou pânico? Talvez em quem vive na realidade paralela onde está tudo indo bem.
No início da tarde, notícias davam conta de que o secretário deixaria o cargo. Alguns informaram que pedira demissão. Outros que fora demitido. A se confirmar a última informação dada pelo jornalista Gustavo Negreiros, o secretário fica.
Calado, talvez.
O fato é que o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) não gostou da fala de seu auxiliar e num arroubo bolsonarista quis censurá-lo.
O secretário falando ou não, o quadro da saúde na capital é caótico e mesmo assim setores importantes da sociedade defendem a reabertura da economia.
Há quem diga que é fácil pedir isolamento social estando em caso com dinheiro no bolso. Responderia que também é fácil pedir abertura do comércio tendo plano de saúde ou condições de pagar por um leito caso adoeça ou tendo a certeza de quem estará em risco são os seus empregados.
Deixando a retórica de lado, ontem na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Nova Esperança em Parnamirim as portas foram fechadas por não ter mais condições de receber novos pacientes. Uma mulher ficou deitada na calçada (ver imagem acima). Esse problema reflete em Natal que é a principal cidade da região metropolitana.
Foi dada a chance de se fazer o isolamento social de forma voluntária. Quem podia e tinha condições de fazer e referiu seguir a vida normalmente é tão responsável quanto a omissão dos governantes que hesitaram em tomar medidas mais duras.
O lockdown vai se tornando uma medida inevitável.
O cenário na capital do Estado mostra que já morreram 104 pessoas por covid-19. Ainda temos 3.394 casos confirmados e 6.469 suspeitos.
Enquanto o prefeito de Natal se preocupa com as entrevistas do secretário os hospitais em Natal estão com superlotação. Na região metropolitana 95% dos leitos estão ocupados.