Era 19 de dezembro de 2022, as portas dos quartéis pelo país estavam tomadas por militantes bolsonaristas clamando por um golpe de estado que impedisse a posse do então presidente eleito Lula da Silva (PT).
Naquele dia, o deputado federal reeleito General Girão (PL) fez o famoso discurso do “Papai Noel Camuflado” na porta do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado (16 RI), em Natal.
“Eu quero dizer para vocês que essa semana é a semana que tá começando as festividades de Natal. Sim ou não? Então, todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa e aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar essa semana. Acreditem em Papai Noel. Pode até ser camuflado também”, frisou.
Essa é a fala que eternizou Girão no folclore golpista nacional e já lhe rendeu uma condenação a indenizar o Estado Brasileiro em R$ 2 milhões.
Mas há naquela manifestação, uma fala menos famosa do deputado, que só agora faz algum sentido. Ele justifica que precisou aguardar a diplomação para se integrar a manifestação.
“Eu estava proibido de vir aqui porque não tinha sido diplomado ainda”, justificou.
Agora vem a explicação: atualmente os bolsonaristas tentam blindar Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), envolvido até o pescoço na trama golpista.
A alegação é com base no § 3º do artigo 53 da Constituição Federal que estabelece a possibilidade de que a Câmara ou o Senado suspenda o andamento de uma ação penal contra deputado ou senador por crime ocorrido depois de sua diplomação.
Girão sabia que estava praticando o crime de golpe de estado quando foi inflamar os militantes bolsonaristas. Daí a necessidade de aguardar a diplomação antes de falar.