Desde ontem uma parte da mídia mossoroense está indignada com a atitude de uma assessora da governadora Fátima Bezerra (PT), que na abertura do Mossoró Oil & Gas Expo disse que o assunto da entrevista deveria ser limitado ao evento.
A fala foi justo em um momento em que a excelente repórter Elizângela Moura (95 FM) perguntava pela situação vergonhosa da Rodoviária Diran Ramos do Amaral, cujo teto está desabando na área de embarque.
A governadora estava visivelmente despreparada para abordar o assunto.
Antes de tudo minha solidariedade à colega.
A atitude da assessora é amadora e desrespeitosa com toda a imprensa de Mossoró. Ela deveria ter prevenido a governadora da existência do problema, ter levantado informações sobre a situação e deixado a chefe do executivo estadual prevenida para a pergunta. Isso é básico em gerenciamento de crises. Além disso, uma assessoria de imprensa tem um limite e não pode tolher o direito do repórter de perguntar. A abordagem além de amadora foi atabalhoada. As palavras escolhidas foram as piores possíveis.
Agora, em 20 anos de jornalismo cobrindo agendas de governadores e ministros sei muito bem que esse tipo de comportamento não é inédito. Passei por isso diversas vezes com Wilma de Faria, Rosalba Ciarlini, Fafá Rosado, Francisco José Junior e Robinson Faria. Nunca vi essa repercussão. Até ameaça de retaliação já recebi em público.
O que é novidade é a gritaria em torno deste assunto. Talvez pelo fato desta vez a interferência ter sido flagrada pelas câmeras? Talvez. Talvez pela governadora ser do PT? Talvez. Pelo relacionamento do governo com a mídia local não ser lá essas coisas? Talvez. Há muitas hipóteses a especular.
Duas coisas são certas nesta história: a assessoria de Fátima foi amadora e a imprensa que grita com essa história tem uma pontinha de hipocrisia.
Aqui o prefeito Allyson Bezerra (União) está processando veículos que noticiaram os gastos com aluguéis de veículos com base em dados do Portal da Transparência. Os prints foram apresentados por esta página a assessoria de imprensa do prefeito que ignorou os questionamentos. Em vez de esclarecer, Allyson escolheu judicializar num claro caso de comportamento de assédio judicial.
Processar é um direito, mas a depender do caso é também uma estratégia de intimidação como a de quem se julga no direito de escolher o que um repórter pode ou não perguntar.
Diga-se de passagem, não é a todo mundo que Allyson se permite deixar perguntar numa entrevista. Eu que o diga!
Indignação seletiva é hipocrisia. Isso vale para mim também. Aqui registro minha autocrítica.