Categorias
Matéria

Adolescente é alvo de manifestações racistas em evento esportivo em Mossoró

Um adolescente foi alvo de manifestações racistas ontem durante um jogo de basquete dos Jogos da Juventude no Ginásio Pedro Ciarlini.

No vídeo abaixo você pode ouvir imitações de macacos durante o momento em que o garoto se prepara para cobrar um arremesso.

O assunto veio à tona através de postagem do pai do menino, Jamerson Nascimento, nas redes sociais. Além de manifestar indignação ele informou que registrou um Boletim de Ocorrência denunciando injúria racial.

Confira o que Jamerson escreveu nas redes sociais:

Infelizmente meu menino hoje sofreu um ato repugnante de RACISMO @serafimstz_

Jogos escolares aqui de Mossoró RN

Vamos atrás de justiça e todas as medidas cabíveis e por dentro da lei do Brasil que é totalmente falha, vamos atrás de justiça

B.O já foi feito e quena justiça seja feita

Os sons de imitando um MACACO E A PALAVRA MACACO É MUITO NÍTIDA

@serafimstz_ na hora meu filho sentiu muito, agora tá um pouco melhor

E o preço a ser pago por se destaca em algum esporte isso infelizmente tá ficando cada vez mais normal e ninguém faz nada.

VAMOS ATRÁS DOS NOSSOS DIREITOS

A escola aonde meu filho estuda está tomando as providências cabíveis com a organizadora dos jogos, e está do nosso lado dando a poio.

O assunto foi primeiramente divulgado na mídia através do blog de Saulo Vale que ouviu o supervisor de Educação Física da 12ª Diretoria de Educação e Cultura (Direc), Pedro Neto, que informou que tomará todas as medidas cabíveis sobre o caso.

O assunto ganhou repercussão política. A deputada estadual Isolda Dantas (PT) manifestou indignação. “Racismo é crime! Um adolescente nos JERNs, em Mossoró, toca na bola e na arquibancada gritam “macaco” e imitam som de bicho. Isso é grave. Injúria Racial não pode ficar impune. Toda nossa solidariedade a Serafim. Nos encontramos na luta antirracista!”, escreveu no Twitter.

O vereador Pablo Aires (PSB) abordou o assunto no plenário da Câmara e propôs uma moção de solidariedade ao garoto vítima de racismo. “Ainda há reflexos do racismo no nosso país e infelizmente foi o que vimos acontecer aqui em nossa cidade, contra um adolescente que terá impacto ao longo de sua vida. Essa casa tem o papel de deixar claro que o racismo não será permitido em nossa sociedade e nem que um adolescente seja constrangido sendo associado a um macaco por sua cor de pele. Isso é um absurdo”, complementou.

Nota do Blog: a manifestação de racismo no Ginásio Pedro Ciarlini foi nojenta.

Categorias
Matéria

Deputados aprovam projeto que veda nomeação de condenados por crime de racismo

Projeto de Francisco do PT ganhou adesão de colegas (Imagem: AL/RN)

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (AL/RN) aprovou nesta terça-feira (10), o Projeto de Lei que veda a nomeação para cargos em comissão de pessoas que tenham sido condenadas por crime de racismo. De autoria do deputado Francisco do PT, o projeto ainda prevê a exoneração de pessoas que tenham sido condenadas com base na Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

“Essa lei objetiva que todas as pessoas que sejam condenadas por crimes de racismo, fiquem vedadas a ocupação de cargos em comissão no estado do RN”, comentou Francisco do PT.

Os deputados Ubaldo Fernandes (PL), Vivaldo Costa (PSD), Coronel Azevedo (PSC) e Getúlio Rêgo (DEM) se manifestaram favoravelmente ao PL. Os dois últimos defenderam que pessoas condenadas a qualquer tipo de crime, com sentença condenatória transitada e julgada, sejam impedidos de ocupar cargos comissionados.

Categorias
Artigo

Bolsonaro nunca chamará alguém de capitão do mato

cms-image-000540507

Na polêmica que marcou a semana, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) foi acusado de injúria racial por setores da direita por comparar o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM) a um capitão mato (para saber mais sobre o contexto histórico do termo leia AQUI).

Deixando de lado a imprudência da verborragia de Ciro Gomes, a pergunta levantada por setores da direita nas redes sociais foi: “e se fosse Bolsonaro?”.

A pergunta, creio eu, é apenas uma mera provocação militante. Afinal de contas Bolsonaro é tão capitão do mato quanto Holiday e isso vale para o contexto histórico. Sim, brancos também faziam o trabalho de recaptura de escravos que fugiam. Mas esse é outro debate.

O capitão do mato “moderno” cumpre o papel de estabelecer como “vitimismo” qualquer argumento que justifiquem ações afirmativas em favor dos negros no Brasil.

Bolsonaro nunca vai considerar Holiday como um capitão do mato. Ambos estão do mesmo lado por reproduzirem o discurso opressor que finge que termos apenas 13% de negros nas universidades não tem nada a ver com a herança histórica da escravidão. Para eles, basta que um negro ou pobre se esforce para chegar ao ensino superior como se os caminhos fossem exatamente os mesmo de um branco de classe média.

O tal do “vitimismo” é uma muleta retórica que é usada para dizer que o Estado não tem nenhum compromisso em evitar que 71% dos homicídios no Brasil sejam praticados contra jovens negros. Temos em nosso país um verdadeiro genocídio de negros pobres e esse realmente é o assunto que deveria importar nos debates sobre política. Não vai ser com o esforço individual das raríssimas exceções que vamos acabar com esse problema. É com intervenção do Estado. Os EUA, berço do liberalismo de verdade, fez isso no Século XX. Mas parece que tem gente querendo copiar a parte ruim da questão racial estadunidense.

Bolsonaro já deu mostras do que é capaz de dizer quando o assunto envolve a inclusão e o respeito aos negros. Abaixo um vídeo do programa CQC da Band exibido em 2011.

Vejam, não vou nem entrar na mensagem subliminar que aborda a primeira resposta. Mas veja a segunda onde ele deixa claro que se um filho dele casasse com uma negra seria “promiscuidade” e que eles foram “bem-educados” para evitar que isso aconteça.

Uma das justificativas usadas para escravizar negros era de que eles não possuíam “alma” e a comparação deles com animais. Veja abaixo a comparação tosca que Bolsonaro faz entre quilombolas a animais medindo peso deles por arroubas. Ele reproduz o discurso do “negro preguiçoso” que foi usado lá atrás para justificar a substituir a mão-de-obra escrava pela do imigrante europeu logo após a abolição. Se o negro fosse incluído no mercado de trabalho após a assinatura da lei áurea teríamos hoje um país muito menos desigual. Mas os ex-escravos foram marginalizados e os seus postos ocupados por italianos e alemães. Isso matou uma classe média insipiente que estava sendo formada nos centros urbanos mesmo na época da escravidão pelos alforriados que ocupavam postos importantes na administração pública. Não por acaso, 20 anos após a o fim da escravidão tivemos nosso primeiro e único presidente negro, Nilo Peçanha.

Abaixo o vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=jdhUGgkdKFY

Não. Realmente Bolsonaro nunca vai chamar alguém de capitão do mato porque, repito, ele personifica a imagem de um dos nossos vilões históricos ao reproduzir o discurso que desqualifica a luta por igualdade racial no Brasil. Capitão do mato é um termo usado para enquadrar negros que lutam contra a própria causa, mas também serve para brancos que reproduzem o tal do argumento do “vitimismo”.

Um negro tem direito de não concordar com as pautas do movimento negro, mas causa estranheza quando ele adota o discurso do opressor. Logo um racista dirá “veja ele é negro e concorda comigo”. Isso vira argumento de autoridade para essa gente abjeta (os racistas). É a mesma coisa no sentido inverso, quando um branco se solidariza com a causa negra no Brasil e se irmana no combate ao preconceito racial ele dá mais força simbólica a uma causa justa.

Categorias
Enquetes do Blog Matéria

Blog do Barreto pergunta: ao chamar o vereador paulistano Fernando Holiday de capitãozinho do mato, o presidenciável Ciro Gomes praticou injúria racial?

O tema é polêmico. Mas é o assunto político da semana e o Blog do Barreto chama os leitores a opinar sobre a polêmica envolvendo o presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM).

Então no grupo desta página a enquete da semana é: ao chamar o vereador paulistano Fernando Holiday de capitãozinho do mato, o presidenciável Ciro Gomes praticou injúria racial?

Entre no grupo e opine AQUI.

Veja AQUI a nossa opinião sobre o assunto.

Veja AQUI uma opinião divergente da nossa.

Assista AQUI a declaração de Ciro sobre Holiday.